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Fusões e aquisições crescem apesar da gravidade da pandemia e crise política

01 abr 2021, 15:06 - atualizado em 01 abr 2021, 15:06
NotreDame
A maior transação até agora foi a compra da Notre Dame Intermédica pela Hapvida por cerca de 9 bilhões de dólares, proposta em janeiro (Imagem: NotreDame/Youtube)

O Brasil pode bater recorde em volume de fusões e aquisições neste ano, apesar dos efeitos da pandemia de Covid-19 e a crescente instabilidade política e econômica, segundo executivos de bancos e advogados.

O volume de transações quase quintuplicou no primeiro trimestre do ano, para 25,6 bilhões de dólares, segundo dados da Refinitiv.

A maior transação até agora foi a compra da NotreDame Intermédica (GNDI3) pela Hapvida (HAPV3)por cerca de 9 bilhões de dólares, proposta em janeiro.

Os mercados estão instáveis desde o mês passado, quando o presidente Jair Bolsonaro decidiu substituir o presidente da Petrobras (PETR3PETR4) e sinalizou abandonar compromissos com políticas econômicas liberais.

As más notícias econômicas ocorreram simultaneamente ao crescimento do número de mortes por Covid-19, que desencadeou novas medidas de restrição de circulação e reduziu as projeções de crescimento econômico para 2021.

Mesmo com a forte pressão sobre o real, que se desvalorizou 8% em relação ao dólar no primeiro trimestre, o impacto sobre os negócios foi pequeno. “As fusões e aquisições são tradicionalmente mais resilientes à volatilidade de curto prazo do que as ofertas de ações, ainda espero crescimento dos negócios neste ano”, diz o chefe da área de banco de investimento do Itaú BBA, Roderick Greenlees.

Ricardo Lacerda, fundador do banco de investimento BR Partners, diz que mesmo com volatilidade o ano de 2021 pode ter recorde de fusões e aquisições. “Mas é evidente que a alta volatilidade econômica e política causa enorme preocupação quanto ao cenário para o resto do ano”, afirmou.

Saúde, varejo, infraestrutura, energia e educação devem ter o maior número de negócios. Bruno Amaral, que chefia a área de fusões e aquisições do BTG Pactual, espera também mais negócios entre fintechs, com crescentes rodadas de investimento e potenciais IPOs de unicórnios, como são conhecidas as empresas que atingem um valor acima de 1 bilhão de dólares.

O Brasil também deverá ver seus primeiros negócios envolvendo SPACs, já que mais empresas norte-americanas constituídas para aquisições procuram alvos na América Latina.

Um primeiro sinal foi o início das negociações entre a Procaps, fabricante colombiana de softgel, usado como excipiente pela indústria farmacêutica, e um SPAC para tornar-se uma empresa listada na Nasdaq, reportado pela Reuters no mês passado.

Desaquecimento de IPOS?

A volatilidade dos mercados levou algumas das empresas na fila para fazer IPO a adiar os planos, como a varejista Kalunga e a incorporadora CFL.

O primeiro trimestre do ano teve 23 ofertas de ações, segundo dados da Refinitiv, mas o valor total em dólares caiu 26%, em parte por conta da desvalorização cambial, mas também porque investidores em ativos brasileiros passaram a aceitar ofertas menores.

“Hoje temos ofertas variando entre 600 milhões de reais e 10 bilhões”, afirma Fabio Nazari, chefe da área de Equity Capital Markets no BTG Pactual. Mesmo em meio à turbulência do mercado, Nazari espera até 80 ofertas neste ano, acima das 61 de 2020.

Os investidores estão um pouco mais seletivos em setores com muitas ofertas, como construtoras, mas ainda há muitas grandes empresas com bom potencial de listagem, afirma o advogado Tobias Stimberg, do escritório Milbank.

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