Gasolina e inflação global ainda vão subir em 2023, alerta BofA; entenda impacto sobre o Brasil
O Bank of America (BofA) estima que os preços do petróleo no próximo ano terão uma média de US$ 100 o barril – o que representaria uma alta de cerca 12% sobre a cotação atual do Brent, usado como referência pela Petrobras (PETR4).
A projeção do banco norte-americano está 20% acima da mediana das estimativas do mercado, segundo a Bloomberg. Se concretizado, o patamar implicaria em preços mais altos de gasolina e um consequente avanço da inflação no Estados Unidos, afirma o banco.
O comentário do BofA é feito após a Opep+ cortar a produção de petróleo em 2 milhões de barris por dia, em um momento em que os estoques globais já estão baixos.
O impacto da alta do petróleo sobre a economia brasileira ainda dependeria de, ao menos, outra variável: o dólar, lembra o diretor da mesa de renda variável da Drive Capital, Lucio Vieira. “O maior receio seria se a moeda [norte-americana] desse uma puxada para cima”.
O dólar pode ganhar mais força contra outras moedas se o Federal Reserve tiver de aumentar ainda mais a taxa básica de juros para combater a alta nos preços gerais, destaca Vieira. Neste caso, o Brasil pode sofrer com a flutuação cambial e ver o preço dos produtos importados subir.
Hoje, o mercado projeta uma nova elevação dos juros em 0,75 ponto percentual em novembro, mas ainda é incerto até qual patamar as taxas vão subir porque o avanço da inflação tem surpreendido analistas com recorrência.
Bolsa em queda
Para o analista Thomas Thornton, que assina o relatório do BofA, com o petróleo em nova alta empresas de “vários setores” registrariam maior pressão nas margens, algo que “não está precificado” na Bolsa norte-americana, diz.
Mediana das previsões para os ganhos no próximo ano do S&P 500, principal índice acionário dos EUA, está próxima de 8%. O BofA, no entanto, estima uma queda de 9%.
O banco vê ações do setor de petrolífero em vantagem nos EUA e papéis do setor de gás se sobrepondo ao de outros setores na Europa.
No Brasil, analistas no geral seguem com um cenário-base de alta do Ibovespa no próximo ano, com cada vez maior exposição ao consumo, e de arrefecimento da inflação – que levaria o BC a começar a reduzir a Selic em meados de 2023.
