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Gerdau (GGBR4): Momento é mesmo de preocupação? Entenda

29 set 2023, 18:50 - atualizado em 29 set 2023, 18:50
Gerdau
Itaú BBA reiterou a recomendação “outperform” para a Gerdau. (Imagem: Facebook/Gerdau)

Parte dos analistas do mercado fala em cautela para as ações da Gerdau (GGBR4), depois de o empresário Jorge Gerdau Johannpeter dizer que está “extremamente preocupado” com a crescente oferta de aço chinês no mercado brasileiro.

Segundo ele, caso os impostos de importação não aumentem para uma alíquota de 25% no setor, a produção brasileira de siderurgia pode cair de 10% a 30% por conta da competição com as siderúrgicas asiáticas.

A companhia ainda espera que volumes significativos de aço chinês continuem a ser importados nos próximos meses.

O que aconteceu com o setor

O analista da Levante Corp João Abdouni explica que, com alguns de seus principais clientes no mercado interno enfraquecidos, as siderúrgicas da China alteraram parte de sua produção de aços longos, que tem foco na construção civil, para aços planos, que passaram a ser utilizados na produção automotiva e que podem ser utilizados para exportação.

O movimento, diz, representa um revés maior para Usiminas (USIM5) e CSN (CSNA3), que não têm uma diversificação geográfica. A Gerdau também é impactada, mas em menor grau do que as concorrentes por conta da atuação da empresa nos Estados Unidos, país com mercado ainda forte e que conta com barreiras mais duras para entrada do aço chinês, afirma Abdouni.

  • Vale (VALE3) ainda merece espaço na sua carteira de dividendos, opina analista. Entenda os motivos:

“Seguimos vendo a Vale (VALE3) como a empresa com o maior diferencial do segmento de metal e siderurgia”, conta. Ele avalia que a empresa tem vantagens competitivas e que a companhia deve ter mais um trimestre de forte geração de caixa.

O analista da Quantzed Leonardo Piovesan comenta que a casa não tem nenhuma recomendação para o setor, mas pondera que está “pouco receoso” com o cenário de preço de aço. 

“Apesar de a gente estar vendo o preço do minério em um patamar inesperadamente elevado, a meu ver, perto dos US$ 120 por tonelada, eu diria que esse patamar carece de fundamentos mais concretos para a gente ter uma convicção de que vai continuar por mais tempo em alta”, afirma.

Para ele, o preço do minério de ferro pode “muito bem ser algo artificial”. “Fazendo uma ligação com o setor siderúrgico, hoje a notícia que a gente tem é que as empresas estão operando com margens negativas, tanto por conta dessa alta do minério de ferro, que aumenta o custo das siderúrgicas, mas também com o preço de aço no mundo todo que tem caído”, diz.

O analista sublinha que China tem exportado aço para o resto do mundo a preços baixos e que, por conta de as empresas estarem gerando uma margem de lucro negativa, existe o risco de elas serem obrigadas em algum momento a reduzir a produção de aço para o preço de equilíbrio poder se recuperar.

“E essa possível redução de volume vai representar uma redução dos volumes consumidos de minério de ferro”, explica. “Então, isso é um risco baixista para os preços de minério de ferro”.

Mais cedo, analistas do Itaú BBA comentaram que uma combinação de declínio no Ebitda em direção a margens mais normalizadas nos EUA e o forte pipeline de investimentos da empresa provavelmente se traduzirá em uma geração de caixa mais limitada até 2026.

“Projetamos um rendimento médio de FCF de 8% para o período”, diz trecho do relatório assinado por Daniel Sasson.

O Itaú BBA reiterou a recomendação “outperform” para a Gerdau e reduziu de R$ 31 para R$ 30 o preço-alvo para as ações da empresa – o que ainda representa um potencial de alta de cerca de 23%. O banco vê o papel da siderúrgica mais barato que o das concorrentes.

Para o assessor na iHUB Investimentos Thiago Dordaz, há uma perspectiva de crescimento no curto e médio prazo do setor siderúrgico. “Estamos vendo um aumento interessante na demanda pelo consumo de aço sendo projetada para os próximos anos, apesar de a alta nas taxas de juros continuarem pesando sobre a demanda.”

Editor
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.
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Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.
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