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Gestora com US$ 2 tri sob gestão recomenda cautela com Brasil; entenda

16 maio 2023, 16:56 - atualizado em 16 maio 2023, 17:13
Pimco
A Pimco, que administra US$ 1,8 trilhão em ativos, analisa tendências globais que vão desde o chamado “nearshoring” até mudanças populacionais entre os fatores para escolher os favoritos no mundo (Imagem: Pixabay/kalhh )

A Pacific Investment Management recomenda que investidores de títulos corporativos dos EUA que buscam proteção contra o possível estresse de crédito após a crise dos bancos regionais americanos aumentem a exposição a dívidas de certos países emergentes de renda média.

Gestores de ativos poderiam considerar dívidas de países como México, Índia, Vietnã e Indonésia, com “bons modelos de negócios que deveriam resistir ao teste do tempo” durante os ciclos políticos e econômicos, disse Pramol Dhawan, chefe de dívida de mercados emergentes da empresa.

Há baixo risco de default e, ao contrário de companhias nos EUA, esses países têm um conjunto mais amplo de ferramentas para lidar com o estresse financeiro, como empréstimos em moedas locais ou de reserva ou ainda do Fundo Monetário Internacional, disse Dhawan em entrevista.

“Acho que, para um grupo de países emergentes, eles propõem alternativas muito viáveis às empresas americanas”, disse. “São bons investimentos por direito próprio.”

A Pimco, que administra US$ 1,8 trilhão em ativos, analisa tendências globais que vão desde o chamado “nearshoring” até mudanças populacionais entre os fatores para escolher os favoritos no mundo em desenvolvimento.

Depois de o setor sofrer saídas de US$ 90 bilhões em 2022, fundos de mercados emergentes registraram entradas de apenas US$ 1,5 bilhão este ano, de acordo com dados do setor compilados pelo JPMorgan Chase.

“Se entrarmos nesse tipo de crise de crédito e em um subsequente ciclo de default”, disse Dhawan, “há uma pergunta lógica para investidores: estamos ‘superalocados’ em crédito corporativo dos EUA e ‘subalocados’ em outras formas de crédito com grau de investimento?”.

Quatro primeiros

Entre esses países, o México se beneficia de fortes remessas e deve ganhar muito com os planos da Tesla e de outras empresas de construir fábricas mais perto dos consumidores americanos, uma tendência conhecida como “nearshoring”. A narrativa do país é “invariavelmente” sobre a moeda local, apoiada por altas taxas de juros de 11,25% e um banco central confiável.

Enquanto isso, a Índia e o Vietnã oferecem alternativas para empresas que buscam reduzir a produção na China em meio às tensões geopolíticas com os EUA e outros governos ocidentais, disse.

A Índia também se beneficia do chamado “dividendo demográfico”, já que sua população – em contraste com a da China – deve crescer nas próximas décadas. No mês passado, a Índia ultrapassou a China como o país mais populoso do mundo, de acordo com as Nações Unidas.

A Indonésia, o país com as maiores reservas de níquel do mundo, busca se tornar um player importante para a indústria de veículos elétricos, pois exporta as matérias-primas necessárias para a transição rumo à energia renovável.

O país também possui uma forte estrutura institucional, o que o torna atraente para investidores estrangeiros, disse Dhawan.

Moeda local

Para a Pimco — uma das maiores gestoras de títulos do mundo — agora é o melhor momento para apostar em títulos de mercados emergentes denominados em moeda local, segundo Dhawan.

Autoridades de países em desenvolvimento começaram a elevar os juros mais cedo e de forma mais agressiva do que nações desenvolvidas. “Os bancos centrais dizem que precisam da valorização das moedas” para ajudar a reduzir o que é uma inflação geral muito persistente, afirmou. “Todas as estrelas se alinham para subscrever dívidas em moeda local.”

Títulos em moeda local de mercados emergentes registram retorno de 6,9% este ano, em comparação com apenas 2,6% de um índice de dívida em dólar da classe de ativos.

Moedas dos países em desenvolvimento permanecem baratas, enquanto o dólar ainda está sobrevalorizado, de acordo com os modelos da Pimco, disse Dhawan.

O rali das moedas latino-americanas, que estão entre as maiores vencedoras contra o dólar neste ano, ainda tem espaço para mais ganhos, destaca. As moedas asiáticas são negociadas mais perto do valor justo.

Ainda assim, alguns países merecem cautela. Investidores devem estar atentos a nações como o Brasil, onde o governo começou a “cutucar” o banco central, alerta.

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