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Será o fim da corrupção no Brasil? Empresa cria ferramenta inspirada na blockchain do bitcoin para rastrear gastos públicos

21 out 2021, 16:47 - atualizado em 21 out 2021, 17:10
O GOV Token propõe o acompanhamento dos recursos liberados para uma agenda pública, tornando o processo transparente, imutável e auditável por qualquer cidadão ou organização (Imagem: Reprodução/Depositphotos)

A solução de segunda camada do blockchain do bitcoin (BTC), chamada Lightning Network, será utilizada como infraestrutura tecnológica para rastrear gastos públicos. 

Trata-se da GOV Tokens, uma solução anticorrupção baseada em tokens e criada pela Investtools, uma empresa de tecnologia para o mercado financeiro. 

Segundo a empresa, a ferramenta é a primeira do Brasil a usar a rede como base tecnológica para uma aplicação que não é focada em ativos financeiros e transações comerciais.

No entanto, o produto ainda vai ser concluído até o fim do ano, depois de o projeto receber um subsídio de R$ 1,5 milhão por parte de agências de fomento.

Como funciona

Segundo a Investtools, o GOV Token propõe o acompanhamento dos recursos liberados para uma agenda pública, tornando o processo transparente, imutável e auditável por qualquer cidadão ou organização.

A solução se baseia na emissão de tokens atrelados ao valor do real, sem fins comerciais ou de especulação, diz a empresa. 

Quando liberados por um órgão público para cumprir determinado fim, os tokens são inseridos na rede, registrando todas as movimentações financeiras em um blockchain, desde valores, origens e destinos.

Deste modo, o protocolo busca garantir que a quantia em dinheiro vai exatamente para o fim ao qual estava destinada, explica a companhia. 

Financiam o projeto a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), a Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e a Agência de Fomento do Estado do Rio de Janeiro (AgeRio).

Para David Gibbin, CEO da Investtools, o GOV Token é o primeiro de muitos a se propor a “ficar de pé nos ombros do gigante”.

“A maioria das pessoas vê o bitcoin apenas como um ativo financeiro, mas a rede abre inúmeras possibilidades de soluções tecnológicas por conta da sua robustez e consolidação no mercado”, diz Gibbin.

Por que a rede Bitcoin?

A escolha da rede do bitcoin para basear o GOV Token se deu, principalmente, por conta da sua solidez e segurança, funcionando sem interrupção ou ataques bem-sucedidos desde seu primórdio em 2009, segundo a empresa. 

Por ser o blockchain mais distribuído do mundo, o protocolo está apoiado em milhões de computadores. Isso impossibilita qualquer alteração nos dados registrados e impede o chamado “ataque de consenso”, o que assegura que cada token seja gasto apenas uma vez, diz a companhia. 

Para driblar a baixa escalabilidade e o tempo de geração de novos blocos, o GOV Token usa a Lightning Network, rede que roda na segunda camada do blockchain do bitcoin e é o principal meio de escalabilidade do protocolo.

Geralmente, a Lightning Network é usada para fins de carteira digital ou como terminal de pagamentos.

No entanto, os desenvolvedores do produto da Investtools decidiram aplicá-la como meio de comunicação entre as partes, para otimizar a velocidade de registro de dados e agilizar as transações.

Marco Jardim, diretor de tecnologia blockchain da Investtools, comenta que a Lightning Network funciona como um canal de comunicação das transações entre os membros da rede GOV Token e a blockchain do bitcoin.

Nela, é possível fazer transferências de forma instantânea, que, em seguida, são registradas no blockchain do bitcoin.

“Isso resolve o problema da lentidão de processamento de transações, enquanto mantém a segurança, a imutabilidade e todos os benefícios inerentes ao design tecnológico da rede descentralizada”, diz Jardim. 

O GOV Token é um sistema de troca de tokens em que, a cada transação, a verificação das regras do token ocorre apenas entre as partes envolvidas na troca (client-side validation).

Seguindo os protocolos da Lightning Network, a comunicação é feita como se ambas as partes estivessem em uma sala de chat privada, mas, em vez de trocar mensagens, trocam tokens.

Quando a conversa nessa sala privada termina, as informações do que foi transacionado geram um registro colateral e público no protocolo do bitcoin, assinado criptograficamente pela parte que gerou a transação.

Esse registro pode entrar em uma transação dentro de um canal da Lightning Network, quando é preciso confirmação instantânea, ou diretamente no blockchain do bitcoin, quando não há problemas em esperar o tempo de mineração do próximo bloco.

Todo este processo criptográfico será ‘traduzido’ em uma interface mais simples e compreensível a qualquer um, para facilitar a verificação e o acompanhamento dos gastos públicos pela sociedade civil e órgãos de controle.

Repórter do Crypto Times
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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