Meio Ambiente

Governo barra ajuda de Médicos Sem Fronteiras indígenas contra coronavírus

20 ago 2020, 21:04 - atualizado em 20 ago 2020, 21:04
Indios
Organizações de direitos indígenas reclamaram que o governo já permitiu que missionários cristãos trabalhassem com etnias isoladas (Imagem:@m_albini/via REUTERS)

O governo brasileiro não autorizou a organização Médicos Sem Fronteiras a prover assistência para prevenir e detectar casos suspeitos de Covid-19 em sete comunidades da etnia indígena terena no sul do país, anunciou a organização não-governamental nesta quinta-feira.

A MSF apresentou um plano para prestar assistência a sete comunidades com 5 mil habitantes, acrescentando em nota que havia sido convidada a ajudar por líderes de comunidades indígenas.

Em vez disso, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) autorizou seus próprios médicos a ajudar outra vila com mil habitantes, onde os casos de Covid-19 estavam mais predominantes.

Uma nota da Sesai diz que a organização apresentou um plano expandido para ajudar comunidades terenas que não foi autorizado por não nomear as comunidades e recursos que seriam utilizados.

Organizações de direitos indígenas reclamaram que o governo já permitiu que missionários cristãos trabalhassem com etnias isoladas, apesar do risco de contágio por estrangeiros.

A pandemia de coronavírus colocou em risco comunidades indígenas sem acesso a serviços de saúde em partes remotas da Amazônia.

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) critica o governo do presidente Jair Bolsonaro por negar a gravidade da pandemia no país, segundo mais afetado no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.

De acordo com a Apib, 690 indígenas morreram da Covid-19 e 26.443 casos foram confirmados entre os 850 mil indígenas do Brasil.

Metade das 300 etnias indígenas brasileiras confirmou infecções.

A organização diz que os médicos estão completamente cientes da necessidade de prevenir a propagação do contágio em territórios indígenas.

“A MSF tem protocolos rígidos de controle e prevenção de infecções que foram aplicados com sucesso durante seu trabalho para combater à Covid-19 no mundo todo”, disse a organização em nota.

reuters@moneytimes.com.br