Market Makers

Governo Lula: O maior risco para Haddad, segundo gestor da Verde Asset

19 out 2023, 8:00 - atualizado em 19 out 2023, 8:22
haddad seguro rural
Para gestor, Haddad terá que conciliar o fiscal com o “lado gastador” do governo (Imagem: Flickr/Ministério da Fazenda/Diogo Zacarias)

O gestor Luiz Parreiras, da Verde Asset, uma das gestoras mais tradicionais do mercado, vê grande risco para Fernando Haddad e o governo do presidente Lula.

Em entrevista ao podcast Market Makers, que irá ao ar às 18h desta quinta-feira (19), Parreiras afirma que o ministro da Fazenda terá que lidar com a reeleição do presidente Lula ou até mesmo com a sua própria eleição, caso o petista fique de fora da disputa.

“O maior problema que o Haddad vai enfrentar não é agora e nem 2024. Ele vai vir quando a eleição de 2026 tiver no horizonte. […] A pressão vai ser muito, muito forte de todos os lados”, explica.

Para o gestor, Haddad terá que conciliar o fiscal com o “lado gastador” do governo.

Além disso, ele vê um aumento de polarização no período. “Acho que o ‘Fla-Flu’ vai voltar com força total e a eleição vai lembrar a disputa de 2014”, vê.

Avaliação do governo Lula

Durante o podcast, Parreiras deixou claro que não investe olhando para preferências políticas. Ele recorda que os meses de formação de governo, entre outubro e dezembro do ano passado, foram tumultuados, o que abriu oportunidades.

“Lula foi eleito em uma eleição extremamente apertada, com o país extremamente polarizado e no segundo turno precisando formar uma coalização. Depois, ele monta o governo como se tivesse ganhado uma eleição com uma margem mais ampla, só ancorada no PT“, observa.

Em sua visão, uma série de surpresas colocou prêmio de risco no mercado. “Mas quando você olhava o relativo do mundo, o Brasil estava ficando muito barato. Estávamos confortáveis para isso”, diz, citando que a Verde ampliou sua participação na bolsa nesse período, que foi reduzida em julho.

No ano, o fundo multimercado da Verde, o Verde FIC FIM, acumula alta de 8,17%, contra 9,93% do CDI.

Arcabouço e a sorte grande de Fernando Haddad

Sobre o arcabouço fiscal, que foi mandado ao Congresso em abril, Parreiras diz que o mercado não estava dando o devido valor ao texto.

“Óbvio que as metas eram difíceis; serão muito difíceis, especialmente em 2024. Lula colocou a Gleisi Hoffmann e a turma mais barulhenta de lado”, discorre.

Mas, para o gestor, a quebra do banco regional americano Silicon Valley Bank ajudou o ministro (e o texto) devido ao recuo das taxas de juros.

“Se o Haddad tivesse apresentado o arcabouço fiscal em agosto ou em julho, a narrativa ia ser completamente diferente para o mesmo texto. O contexto global ficou ‘favorável’ de março até julho”, explicou.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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