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GPA despenca mais de 20% após balanço do 1T25; é hora de vender PCAR3?

06 maio 2025, 11:24 - atualizado em 06 maio 2025, 17:35
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As ações do GPA operam em forte queda com reação aos números do balanço do 1T25; analistas consideraram o balanço misto (Imagem: Wikiacommons)

As ações do GPA (PCAR3) operam em forte queda e figuram entre as maiores perdas do Ibovespa (IBOV) nesta terça-feira (6) em reação ao balanço do primeiro trimestre de 2025 (1T25), divulgado na véspera (5). 

Por volta de 11h20 (horário de Brasília), PCAR3 teve as negociações suspensas e entraram em leilão com baixa de 13,65%, a R$ 3,65. Na retomada dos negócios, os papéis aceleraram queda e encerraram o pregão com recuo de 20,21%, a R$ 3,04. Acompanhe o Tempo Real. 



O grupo varejista reportou um prejuízo líquido consolidado de R$ 169 milhões no 1T25, 74,4% menor do que o prejuízo reportado no mesmo período em 2024. 

A cifra considera os resultados das operações continuadas e descontinuadas em 2021 e 2024. O consenso reunido pela Bloomberg apontava para um prejuízo líquido de R$ 189 milhões no período de janeiro a março deste ano.

Além do balanço trimestral, os investidores também acompanham as movimentações da companhia em relação a trocas no conselho de administração — requerida pelo fundo Saint German, controlado por Nelson Tanure. 

Ontem (5), a assembleia de acionistas da empresa elegeu novos conselheiros nomeados pelo empresário Nelson Tanure e pelo investidor Rafael Ferri. 

Uma ata da assembleia divulgada pelo GPA confirmou a remoção das candidaturas de Pedro de Moraes Borba e Rodrigo Tostes Solon de Pontes pelo fundo de investimento Saint German, enquanto Sebastián Dario Los, também indicado pelo fundo, foi eleito.

À Reuters, Tanure disse que tinha um plano audacioso para o futuro do GPA, mas como a chapa proposta não teve continuidade, decidiu não seguir com este projeto “em que não acreditamos mais”. “Houve uma corrida pelas ações que não combina com o longo prazo”, disse Tanure.

Também em entrevista à Reuters, Ferri, cujo grupo elegeu dois membros no conselho, disse que chegou com uma postura “construtiva”. Ele afirmou que pretende dar mais visibilidade ao que tem sido feito na rede, e que muitos desconhecem, além de estar aberto a discutir ideias que sejam positivas para o grupo.

Ainda na última segunda-feira (5), Ferri reduziu sua participação para menos de 5%. Segundo o GPA, o investidor informou à empresa que suas participações na companhia caíram para 2,73%, incluindo derivativos, e que seu objetivo com a alteração na fatia “é estritamente de investimento”.

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Balanço foi ruim? O que dizem os analistas 

Para os analistas, o balanço do 1T25 foi ‘misto’, com melhorias operacionais ofuscadas pelo nível de endividamento ainda elevado

A alavancagem da companhia é medida pela relação entre dívida líquida sobre Ebitda (ex-IFRS16 e considerando recebíveis não antecipados) encerrou março a 2,8 vezes ante 3,0x no 1T24. “ A alavancagem financeira ainda elevada continua sendo um ponto de atenção”, avaliaram os analistas Bruno Henriques, Luís Mollo e Marcel Zambello do BTG Pactual. 

A XP Investimento afirmou que a rentabilidade foi o principal destaque, com a margem bruta atingindo 27,6%, um avanço de 40 pontos-base na comparação anual. De acordo com os analistas, o número refletiu melhores condições comerciais, ajustes operacionais e receitas de mídia de varejo. 

Na avaliação do Goldman Sachs, os números vieram em linha com o esperado. Para os analistas, o efeito calendário pesou negativamente no trimestre, devido ao efeito do ano bissexto e ao ‘deslocamento’ da Páscoa para abril.

Já o Itaú BBA disse que o GPA “mantém um dos modelos de negócios mais resilientes em meio a turbulentas condições macroeconômicas”. 

“Seu foco em produtos não discricionários de maior renda provavelmente contribuiu para entregar um sólido crescimento de 7,3% nas Vendas Mesmas Lojas (SSS) no 1T25, que está ligeiramente abaixo da taxa de inflação de alimentos de 7,5% e possivelmente o maior SSS entre nossa cobertura de varejo de alimentos”, escreveu o analista Rodrigo Gastim, em relatório. 

O que fazer com as ações PCAR3

Para o BTG Pactual, o GPA ainda é uma “opção mais arriscada” entre os varejistas de alimentos, apesar da melhora operacional nos últimos trimestres e da implementação de iniciativas para fortalecer margens e geração de caixa. 

“O processo de reestruturação para recuperar vendas e rentabilidade segue em andamento, e com o ritmo de desalavancagem ainda no centro das atenções (dado o cenário de juros elevados)”, afirmaram os analistas do banco em relatório. 

O Itaú BBA também avalia que o grupo varejista permanece focado em melhorar a lucratividade enquanto administra as pressões não operacionais — “que continuam a pesar no resultado final”. 

Confira as recomendações para PCAR3 que o Money Times teve acesso: 

Banco Recomendação Preço-alvo
BTG Pactual  Neutra  R$ 4,00
Goldman Sachs Neutra R$ 3,10
Itaú BBA Neutra R$ 3,70
XP Investimentos Neutro R$ 3,00

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Repórter
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.