Coronavírus

Hesitação sobre vacinas ainda é maior desafio para África do Sul

07 jul 2021, 14:13 - atualizado em 07 jul 2021, 14:13
África, vacinas
O programa de vacinas da África do Sul enfrentou vários reveses, dos quais a cautela entre o grupo prioritário com mais de 60 anos é apenas um (Imagem: REUTERS/Philimon Bulawayo)

Com uma das taxas de mortes por Covid-19 mais rápidas do mundo, a África do Sul ainda não conseguiu superar a hesitação generalizada em relação às vacinas.

Até segunda-feira, as mortes causadas pelo coronavírus haviam aumentado 72% na comparação semanal, segundo dados compilados pela Bloomberg, a quinta taxa mais rápida do mundo e atrás apenas do Zimbábue no continente. No entanto, a falta de comunicação e a propaganda antivacinas poderiam explicar por que as doses diárias administradas estão quase 50% abaixo da meta do presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, alertaram especialistas de saúde.

“Definitivamente, há hesitação em relação às vacinas”, disse Vicky Baillie, pesquisadora sênior da unidade Wits Vaccines and Infectious Diseases Analytics, que conduziu ensaios no país para a AstraZeneca e Novavax. “Falei com muitas pessoas que simplesmente não entendem as informações disponíveis, mas, se você explicar, 100% comparecem.”

O programa de vacinas da África do Sul enfrentou vários reveses, dos quais a cautela entre o grupo prioritário com mais de 60 anos é apenas um.

O governo demorou a fazer pedidos quando outros países estavam estocando no ano passado, optou por não usar a candidata da AstraZeneca após resultados de testes adversos, enquanto as entregas da Johnson & Johnson foram atrasadas após uma falha de fabricação.

Centros fechados

Os centros públicos de vacinação também permanecem praticamente fechados nos fins de semana, atraindo críticas generalizadas, e pouco mais de 3,6 milhões de doses foram administradas a uma população de cerca de 60 milhões. O número diário era de quase 165 mil na terça-feira, em comparação com a meta de Ramaphosa de 300 mil.

“Acho que o que me dá medo de tomar a vacina é que, nessa idade, nenhum médico jamais me disse que eu estava doente”, disse por telefone Dullice Peterson, de 93 anos, moradora no distrito de Eldorado Park, no sul de Joanesburgo. “O que é assustador sobre a vacina é que você não sabe o que é e do que é feita.”

Mais informações poderiam ajudá-la a decidir, disse, acrescentando que o boca a boca é atualmente a principal fonte de informação.

Como em muitas outras partes do mundo, uma das causas da hesitação são mensagens nas redes sociais dizendo que as doses não são seguras ou não funcionam, disse Ramaphosa em discurso à nação em 27 de junho.

No entanto, o governo – e o próprio presidente – poderiam se esforçar muito mais para comunicar a eficácia da vacina de dose dupla da Pfizer e das versões de dose única da J&J atualmente em uso, de acordo com Jeffrey Mphahlele, vice-presidente de pesquisa do Conselho de Pesquisa Médica da África do Sul.

“Não sinto que a comunicação do governo seja forte. Gostaria de ouvir mais vozes”, disse. Ramaphosa “deveria aproveitar o momento cada vez que estiver em público para realmente enfatizar a importância da vacinação”.

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