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Heverton Peixoto: Do dilema à revolução na gestão do mercado segurador

26 out 2021, 12:35 - atualizado em 26 out 2021, 12:35
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Nova aurora: avanço da tecnologia impõe uma verdadeira revolução ao mercado segurador, diz Heverton Peixoto (Imagem: Pixabay/ Joshua Woroniecki)

O mercado segurador brasileiro vive um dilema. Conhecido por processos mais burocráticos e cálculos de danos baseados em modelos conservadores, este setor econômico está cada vez mais confrontado com a demanda por maior agilidade, ousadia e dinamismo próprios do mundo moderno e digital.

Então, qual o caminho a seguir: um pouco mais do mesmo? Não é melhor participar de uma verdadeira revolução, com novas formas de gestão, processos internos e externos, priorizando os anseios principalmente de comodidade do consumidor?

Para uma via de maior progresso, o modelo tradicional de gestão, mais centralizador e focado no comando controle, dá lugar a movimentos de empoderamento do colaborador. Assim, oportunidades, desafios, responsabilidades, ônus e bônus são mais compartilhados. A paixão pela companhia, a pluralidade de ideias e as soluções vêm mais à tona em busca da disrupção.

Essa nova condução dos negócios encontra suporte em lideranças do futuro. Frente ao novo normal, elas estão abertas ao trabalho híbrido e atentas às características da jovem geração profissional, ávida especialmente por mobilizações com caráter social. Isso requer gestores com posicionamento, coerentes, transparentes, liberais, éticos, preocupados de forma genuína com a qualidade de vida do colaborador, a sustentabilidade das sociedades e do planeta.

Novas lideranças

Lideranças que no dia a dia de trabalho transmitem confiança, autonomia, protagonismo e desenvolvem profissionais com maior maturidade e competência para as tomadas de decisões. Em um mundo VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo), a liberdade com responsabilidade reforça engajamento, senso de orgulho, pertencimento e de dono do negócio, contribuindo ainda mais para resultados de alta performance.

Nas companhias atualizadas, as metas e os objetivos específicos, mensuráveis e alcançáveis agora se dão por meio da metodologia ágile. Ela inclui investimentos expressivos em tecnologia e um cotidiano de trabalho com fluxos mais maleáveis e interativos, com inteligência coletiva e equipes multidisciplinares capacitadas à auto-organização e com velocidade na conclusão das tarefas.

Esse redesenho da gestão e dos métodos de labor tem elevado o patamar das organizações do setor. Aquelas com propósito pulsando no peito dos colaboradores, forte cultura de inovação e geração de ganhos escaláveis rapidamente se tornam empresas exponenciais.

O mercado segurador leva garantias e proteções para a vida, a saúde, o patrimônio e o futuro dos brasileiros. Uma missão e tanto para 170 mil empregados diretos e seguradoras com riscos estimados em contratos de R$ 1,2 trilhão no último ano. Este setor já representou 6% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil há alguns anos. Agora, com 3,7% de participação, não faltam sinais de que o mundo mudou e nós precisamos mudar juntos.

Open Insurance

Nesse sentido, a Superintendência de Seguros Privados (Susep) vem liderando a flexibilidade regulatória. Nossa expectativa é que esse sopro de liberdade, os critérios técnicos e a maior proximidade e capacidade de interlocução com o governo federal e o Congresso Nacional, a partir da gestão de Solange Vieira, requisitada recentemente pelo Ministério da Economia para projetos no BNDES, prevaleça nos atos do corpo diretivo da entidade para os próximos anos.

O contexto favorece ao Open Insurance – com início previsto para dezembro. Trata-se do mercado aberto de seguros, que vem na esteira do Open Banking, com o apoio do Banco Central. Ele trará maior competitividade entre os players e dará aos clientes finais mais informações, controle, praticidade, comodidade, agilidade e melhores preços para a decisão de aquisição de produtos customizados, disponíveis em um mesmo ambiente digital.

A inteligência artificial atuará na identificação da jornada dos consumidores na internet e nas sugestões de soluções que realmente façam sentido a eles, dentro dos critérios da Lei geral de Proteção de Dados (LGPD). Há expectativa de aumento do número de consumidores e do consumo, compensando supostas perdas financeiras iniciais.

Dado o histórico do segmento de seguros, há cautela e resistência frente à transformação, seja do ponto de vista de gestão, processos e até mesmo das ações diretas de vendas, tendo em vista o relacionamento consolidado com o cliente quase que exclusivamente em tratativas interpessoais.

Contudo, inércia, bloqueios e subterfúgios levarão players à perda de talentos e clientes. As empresas do segmento que ficarem paradas no tempo, sem abraçar a tecnologia e catapultar as relações, serão ultrapassadas por insurtechs, bancos digitais e até mesmo big techs que ingressam cada vez mais em nosso campo de atuação.

A revolução no setor implica em empresas mais fortes, profissionais melhor preparados e, sobretudo, em consumidores muito mais conscientes e aderentes aos investimentos em produtos de seguridade e financeiros. O que é melhor para a economia e um mundo melhor.

*Heverton Peixoto é CEO da Wiz Soluções (WIZS3), uma das maiores gestoras de canais de distribuição de seguros e produtos financeiros no Brasil – Empresa avaliada em R$ 2,5 bilhões na Bolsa de Valores. Pós-graduado em Corporate Finance pelo Insead França, ele lidera há 4 anos cerca de 2 mil colaboradores na parceria com a Caixa e em contratos fechados durante sua gestão com Itaú, Santander, Banco do Brasil, BMG, Inter e BRB, entre outros. Seus 15 anos dedicados à seguridade incluem passagens pelo Grupo Amil e a Mckinsey & Company, nos quais atuou em projetos estratégicos para a América Latina, além da Caixa Seguros e da Par Corretora de Seguros. 

CEO da Omni
CEO da Omni. Graduado em Engenharia Civil com MBA em Corporate Finance no Insead, França. Possui experiência relevante de mais de 15 anos em diferentes indústrias e segmentos, tendo atuado por quatro anos como Diretor Executivo da Wiz Corporate e um ano como Diretor de Transformação Digital da Wiz. Foi também consultor da Mckinsey & Company de 2008 a 2013, participando ativamente de projetos estratégicos no mercado bancário e de seguros da América Latina. Heverton Peixoto iniciou sua carreira na Rede Esho/Grupo Amil, com relevante experiência na indústria de seguros e saúde suplementar.
CEO da Omni. Graduado em Engenharia Civil com MBA em Corporate Finance no Insead, França. Possui experiência relevante de mais de 15 anos em diferentes indústrias e segmentos, tendo atuado por quatro anos como Diretor Executivo da Wiz Corporate e um ano como Diretor de Transformação Digital da Wiz. Foi também consultor da Mckinsey & Company de 2008 a 2013, participando ativamente de projetos estratégicos no mercado bancário e de seguros da América Latina. Heverton Peixoto iniciou sua carreira na Rede Esho/Grupo Amil, com relevante experiência na indústria de seguros e saúde suplementar.
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