Ibovespa salta 1,5% e supera os inéditos 161 mil pontos com Vale (VALE3) e eleições de 2026; dólar cai
O Ibovespa (IBOV) retomou o ritmo de fortes ganhos e saltou mais de 2,3 mil pontos durante a sessão, superando os 161 mil pontos pela primeira vez, com atenções concentradas no cenário eleitoral.
Nesta terça-feira (2), o principal índice da bolsa brasileira terminou as negociações com alta de 1,56%, aos 161.092,25 pontos, em nova máxima histórica de fechamento e intradia. O recorde anterior foi registrado na última sexta-feira, quando o Ibovespa fechou aos 159.072,13 pontos.
Já o dólar à vista (USBRL) encerrou as negociações a R$ 5,3303, com queda de 0,54%.
No cenário doméstico, os investidores operaram mais otimistas com o avanço do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), na corrida presidencial. O eventual candidato tem a preferência do mercado financeiro na disputa eleitoral de 2026.
Segundo a pesquisa AtlasIntel/Bloomberg, divulgada na manhã de hoje, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera em todos os cenários de primeiro turno para as eleições presidenciais de 2026. No entanto, no segundo turno, o atual presidente do Brasil teria empates técnicos com Tarcísio de Freitas (Republicanos) e com Michelle Bolsonaro (PL).
O levantamento ainda mostrou que a desaprovação do presidente Lula subiu desde a última pesquisa — de 48,1% para 50,7%. Já a aprovação do petista caiu de 51,2% para 48,6%.
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Ainda no cenário político, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), cancelou a sabatina do advogado-geral da União, Jorge Messias, indicado para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), que estava marcada para o próximo dia 10. Uma nova data não foi informada. A decisão marca uma nova escalada na tensão entre o Congresso e o governo federal.
Além disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu, durante uma conversa telefônica, ao mandatário norte-americano Donald Trump que avance nas negociações sobre os produtos brasileiros que ainda enfrentam a tarifa adicional de 40% nos Estados Unidos. Segundo o presidente, o Brasil deseja avançar rápido nessas tratativas.
Trump confirmou que teve uma “boa conversa” com Lula. “Tivemos uma boa conversa. Falamos mais sobre comércio e sanções econômicas contra o Brasil. Mas, sabem, gosto dele”, disse a repórteres em evento na Casa Branca.
Os investidores também reagiram, em segundo plano, a novos dados macroeconômicos. A produção industrial registrou alta de 0,1% em outubro na comparação com o mês anterior, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A expectativa do mercado era de avanço de 0,4% na base mensal.
Altas e quedas do Ibovespa
Entre as companhias listadas no Ibovespa (IBOV), os pesos-pesados garantiram o tom positivo – e os recordes – ao principal índice da bolsa brasileira.
Em destaque, Vale (VALE3) engatou mais um pregão de ganhos com alta de cerca de 0,50% e figurou entre as ações mais negociadas da B3, com os investidores acompanhando o Vale Investidor Day.
A mineradora atualizou as suas projeções de produção, vendas e investimentos para os próximos anos. Agora, a companhia estima produção entre 335 milhões a 345 milhões de toneladas de minério de ferro em 2026. Já em 2030, a projeção foi mantida em torno de 360 milhões de toneladas.
Na avaliação do Itaú BBA, as projeções são “ligeiramente” positivas. Para o banco, a revisão dos números enfatiza o foco da nova gestão na alocação de capital, com redução das estimativas de despesas de capital (capex).
O minério de ferro também dá fôlego para VALE3. O contrato mais líquido da commodity, com vencimento em janeiro, fechou as negociações com avanço de 0,50%, a 800,50 yuans (US$ 113,19) a tonelada, na Bolsa de Dalian, na China.
Já Petrobras (PETR4) também teve desempenho positivo a despeito da desvalorização do petróleo Brent. Ontem (1º), presidente da petroleira, Magda Chambriard, anunciou a ampliação da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, em parceria com o Porto de Suape. Segundo a executiva, a estatal já é responsável por 81% da movimentação do porto.
A ponta positiva do Ibovespa, por sua vez, foi liderada por CVC (CVCB3) e Vamos (VAMO3) com alta de mais de 6% cada.
Os papéis da companhia de turismo, que corre o risco de ser excluída do Ibovespa a partir de janeiro, foram beneficiadas pelo alívio na curva de juros futuros – com dados mais fracos da indústria e enfraquecimento do dólar ante moedas fortes e emergentes.
A ponta negativa do Ibovespa foi liderada por TIM (TIMS3). Apenas cinco ações fecharam em queda.
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Exterior
Com o período de silêncio do Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA), os mercados dos Estados Unidos operaram na expectativa de um novo corte nos juros na próxima semana – o terceiro consecutivo no atual ciclo de afrouxamento monetário.
Perto do fechamento, a ferramenta FedWatch, do CME Group, mostrava 89% de chance de o Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA) reduzir nos juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 3,50% a 3,75% ao ano. Ontem (1º), a aposta era de 86,4%.
Já a probabilidade de manutenção dos juros caiu de 13,6% (ontem) para 11% hoje.
A reunião do Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) acontece entre os dias 9 e 10 de dezembro.
Confira o fechamento dos índices:
- Dow Jones: +0,39%, aos 47.474,46 pontos;
- S&P 500: +0,25%, aos 6.829,37 pontos;
- Nasdaq: +0,59%, aos 23.413,67 pontos.
Na Europa, os índices encerraram sem direção única. Em destaque, as ações da Bayer saltaram mais de 12%, atingindo o maior nível em quase dois anos, com apoio dos Estados Unidos.
Ontem (1º), o governo Trump pediu à Suprema Corte dos EUA que aceite a oferta da empresa para reduzir milhares de ações judiciais, alegando que seu herbicida Roundup causou câncer.
O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou com leve alta de 0,07%, aos 575,65 pontos.
Na Ásia, os índices fecharam majoritariamente em tom positivo. O índice Nikkei, do Japão, fechou estável, aos 49.303,45 pontos. Já o índice Hang Seng, de Hong Kong, teve avanço de 0,24%, aos 26.095,05 pontos.