Ibovespa engata 3º recorde consecutiva e supera os 164 mil pontos de olho em Selic; dólar cai a R$ 5,31
O Ibovespa (IBOV) testa novo rali e tem terceira sessão consecutiva de ‘duplo’ recorde, com ganho de quase 3 mil pontos durante a sessão em dia de atenções voltadas a política monetária do Brasil e dos Estados Unidos.
Nesta quinta-feira (4), o principal índice da bolsa brasileira terminou as negociações com alta de 1,68%, aos 164.468,14 pontos, em nova máxima histórica. O recorde anterior foi registrado ontem, quando o Ibovespa fechou aos 161.755,18 pontos.
Durante a sessão, o Ibovespa superou nos 164 mil pontos pela primeira vez, renovando a maior cotação intradia nominal da história.
Já o dólar à vista (USBRL) encerrou as negociações a R$ 5,3104, com queda de 0,05%.
No cenário doméstico, o mercado repercutiu o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, divulgado mais cedo pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A economia brasileira cresceu 0,1% entre julho e setembro na comparação com os três meses imediatamente anteriores. Esse foi o resultado mais fraco desde a retração de 0,1% vista nos três últimos meses de 2024. O resultado do terceiro trimestre também ficou aquém da expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 0,2% na comparação trimestral.
Na avaliação do Itaú BBA, o PIB reforçou a expectativa de desaceleração gradual da atividade. Parte do mercado avaliou que o dado mais fraco abriu “a porta” para início do ciclo de cortes na Selic já em janeiro, mas o mês de março segue como o mais provável.
Além disso, o Congresso Nacional aprovou o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026 em votação simbólica. O texto manteve a meta proposta pela equipe econômica de superávit primário de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB) para o governo central e com uma liberação acelerada de emendas parlamentares em ano eleitoral.
O texto, que segue para sanção presidencial, permite ao governo perseguir o piso da margem de tolerância do alvo fiscal e ainda cria uma exceção de R$ 10 bilhões à meta fiscal das empresas estatais, em meio à crise financeira dos Correios.
A jornalistas, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o Tesouro pode fazer um aporte nos Correios, mas somente dentro das regras atuais do arcabouço fiscal e depois de aprovado um plano de reestruturação para a estatal.
“Pode haver, o Tesouro está estudando, vamos considerar todas as variáveis para tomar a decisão”, disse Haddad. “Não tem nada a ver com arcabouço fiscal, se houver um aporte é dentro das regras atuais.”
Segundo ele, a exclusão de R$ 10 bilhões da meta fiscal das estatais na LDO foi uma ação preventiva, para permitir que o governo eventualmente faça o aporte nos Correios caso essa seja a decisão.
Altas e quedas do Ibovespa
Entre as companhias listadas no Ibovespa (IBOV), Totvs (TOTS3) encabeçou a ponta positiva com alta de 7%.
Vale (VALE3) foi um dos destaques positivos, mais uma vez, figurando como a ação mais negociada da B3, com otimismo dos investidores sobre a companhia. VALE3 engatou a quinta alta consecutiva, mantendo a cotação acima de R$ 70.
O mercado segue otimista com as projeções da Vale divulgadas no início desta semana. A mineradora agora estima produção entre 335 milhões a 345 milhões de toneladas de minério de ferro em 2026. Já em 2030, a projeção foi mantida em torno de 360 milhões de toneladas.
Petrobras (PETR4) também figurou entre as maiores altas do Ibovespa com avanço de quase 1%, na esteira do petróleo Brent. O contrato mais líquido do Brent, para fevereiro, fechou com alta de 0,94%, a US$ 63,26 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE), em Londres.
Os papéis da petroleira ainda tiveram apoio do otimismo do BTG Pactual. Para os analistas do banco, a ação mantém assimetria positiva caso o risco-Brasil “comprima as eleições de 2026”. Isso “combinado ao crescimento de produção de Búzios, pode ampliar geração de caixa livre e destravar valorização [da ação]”, disse o banco em relatório.
Braskem (BRKM5) liderou a ponta negativa, com baixa de mais de 2%, em realização de ganhos. Na véspera (3), os papéis da petroquímica subiram 4% com notícias de que a IG4 Capital e a Novonor (ex-Odebrecht) devem assinar um acordo de transferência das ações da Braskem na próxima semana.
Já nesta quinta-feira (4), a petroquímica negou a notícias sobre um suposto processo de venda da petroquímica. A empresa informou que não tem conhecimento das informações veiculadas e não conduz negociações de venda, solicitando esclarecimentos aos acionistas signatários do Acordo de Acionistas.
A Novonor (ex-Odebrecht), por sua vez, declarou que mantém negociações com a IG4 Solutions LLC para um possível acordo de exclusividade, mas que nenhum documento vinculante foi assinado e não há garantia de celebração do acordo. A companhia está negociando a venda da fatia na petroquímica.
Já a Petrobras (PETR4) informou que não participa desse acordo e que ainda estuda alternativas para sua participação na Braskem.
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Exterior
Os índices de Wall Street operaram de lado e fecharam sem direção única à espera da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA) na próxima semana.
Perto do fechamento, a ferramenta FedWatch, do CME Group, mostrava 87% de chance de o BC norte-americano reduzir os juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 3,50% a 3,75% ao ano. Ontem (3), a aposta era de 90%. Já a probabilidade de manutenção dos juros subiu de 10% (ontem) para 13% hoje.
A reunião do Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) acontece entre os dias 9 e 10 de dezembro.
Confira o fechamento dos índices:
- Dow Jones: -0,07%, aos 47.851,34 pontos;
- S&P 500: +0,11%, aos 6.857,12 pontos;
- Nasdaq: +0,22%, aos 23.505,13 pontos.
Na Europa, os índices encerraram em tom positivo, com apoio dos setores industrial e automobilística. O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou com alta de 0,45%, aos 578,84 pontos.
Na Ásia, os índices fecharam em alta. O índice Nikkei, do Japão, teve ganho de 2,33%, aos 51.028,42 pontos. Já o índice Hang Seng, de Hong Kong, subiu 0,68%, aos 25.935,90 pontos.