Dólar cai a R$ 5,31 com após PIB fraco ‘abrir espaço’ para corte na Selic em janeiro
O dólar estendeu as perdas ante o real pela terceira sesão consecutiva com desaceleração da economia brasileira e expectativa de corte nos juros dos Estados Unidos.
Nesta quinta-feira (4), o dólar à vista (USDBRL) encerrou a sessão a R$ 5,3104, com queda de 0,05%. Durante a sessão, a moeda chegou a operar abaixo de R$ 5,30 – com mínima intradia a R$ 5,2882 (-0,47%).
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O movimento destoou a tendência externa. Por volta das 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, como euro e libra, operava com alta de 0,14%, aos 99.007 pontos, com o fortalecimento dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, os Treasuries.
O que mexeu com o dólar hoje?
No cenário doméstico, os investidores reagiram ao Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, divulgado pela manhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A economia brasileira cresceu 0,1% entre julho e setembro na comparação com os três meses imediatamente anteriores. Esse foi o resultado mais fraco desde a retração de 0,1% vista nos três últimos meses de 2024. O resultado do terceiro trimestre também ficou aquém da expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 0,2% na comparação trimestral.
O economista Leonardo Costa, do ASA, avalia que o dado confirmou uma desacelereação gradual da atividade com o PIB praticamente estável apesar da forte injeção de renda via pagamento de precatórios. “O fato de esse estímulo ter gerado apenas uma resposta moderada mostra que a economia vem perdendo tração, especialmente no consumo das famlias, onde o efeito defasado de uma política monetária significativamente mais esperada já aparece com mais clareza”.
Após a divulgação do dado do PIB, a curva a termo chegou a precificar 84% de probabilidade de corte de 25 pontos-base da Selic em janeiro, a primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central em 2026. No fechamento de quarta-feira (3), este percentual estava em 78%.
O enfraquecimento do dólar ante o real foi reforçado com a expectativa de continuidade do ciclo de afrouxamento monetário dos Estados Unidos pelo Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA) na próxima semana. Se confirmado, será o terceiro corte nos juros consecutivos.
Perto do fechamento, a ferramenta FedWatch, do CME Group, mostrava 87% de chance de o BC norte-americano reduzir os juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 3,50% a 3,75% ao ano. Ontem (3), a aposta era de 90%.
Já a probabilidade de manutenção dos juros subiu de 10% (ontem) para 13% hoje.
O Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed se reúne pela última vez em 2025 na próxima semana, entre os dias 9 e 10 de dezembro. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil também faz a reunião de política monetária nos mesmos dias.