Mercados

Ibovespa cai com pressão de bancos e destoa dos recordes de Wall Street; dólar fecha no menor nível desde agosto

02 jul 2025, 17:35 - atualizado em 02 jul 2025, 17:48
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O Ibovespa fechou em queda após romper brevemente a marca dos 140 mil pontos; cautela fiscal, IOF e bancos pressionaram o índice (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

O Ibovespa (IBOV) interrompeu a sequência de ganhos e fechou em queda pressionado pelo setor bancário, um dos pesos-pesados do índice. A cautela fiscal e a judicialização do IOF também pesou sobre o mercado doméstico, ignorando os recordes dos índices de Wall Street.

Nesta quarta (2), o principal índice da bolsa brasileira caiu 0,36%, aos 139.050,93 pontos. Nos primeiros minutos do pregão, o Ibovespa voltou a romper o nível dos 140 mil pontos.

Já o dólar à vista (USBRL) encerrou as negociações a R$ 5,4202, com queda de 0,75% — no menor nível desde agosto.

No cenário doméstico, o cenário fiscal concentrou as atenções dos investidores com novos desdobramentos da tensão entre o Legislativo e o Executivo sobre as mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Hoje, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddaddisse que a ação no STF “não pode ofender ninguém”. O chefe da pasta econômica também afirmou que as discussões do governo sobre o tema não são políticas, mas jurídicas.

Em entrevista à TV Bahia, afiliada da TV Globo, o presidente Lula disse que não havia outra saída e que a decisão de recorrer ao STF é uma medida para deixá-lo governar.

Entre os dados econômicos, a produção industrial recuou 0,5% em maio na comparação com o mês anterior e avançou 3,3% ante o mesmo mês de 2024. Esse foi o segundo mês de contração consecutiva. Contudo, os resultados ficaram em linha com as expectativas do mercado.

O Banco Central também informou que o ataque hacker à provedora de serviços de tecnologia C&M Software, que atende instituições financeiras sem infraestrutura de conectividade, afetou seis instituições financeiras — sendo uma delas a BMP, que afirmou que contas afetadas são mantidas diretamente no BC e utilizadas exclusivamente para liquidação interbancária, sem impacto nas contas dos clientes ou nos saldos internos.

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Altas e quedas no Ibovespa

A ponta positiva do Ibovespa foi liderada por CSN (CSNA3), em dia de forte alta do setor de mineração e siderurgia na esteira da valorização do minério de ferro. A commodity fechou acima dos US$ 100 pela primeira vez desde 22 de maio.

As ações da Vale (VALE3) acompanharam o desempenho do setor e subiram quase 4%.

Ainda entre os pesos-pesados, Petrobras (PETR3;PETR4) também fechou em alta próxima a 2% com apoio do petróleo. Os contratos mais líquidos do Brent, referência internacional de preços, subiram 2,98%, a US$ 69,11 o barril na Intercontinental Exchange (ICE), em Londres.

Já a ponta negativa foi liderada pelas ações cíclicas, que foram pressionadas pela abertura da curva de juros futuros e reposicionamento das carteiras no início do mês. Assaí (ASAI3) figurou como a maior queda com recuo de 7,51%.

Exterior 

Nos Estados Unidos, os índices de Wall Street fecharam sem direção única, mas S&P 500 e Nasdaq renovaram os recordes históricos após acordo com o Vietnã.

Os ganhos em Wall Street, porém, foram limitados por novos dados do mercado de trabalho. O relatório ADP mostrou que o setor privado norte-americano perdeu 33.000 empregos em junho, sendo o primeiro declínio mensal desde março de 2023. Os economistas consultados pela Dow Jones esperavam um crescimento de 100.000 vagas.

Embora o ADP não seja uma “prévia” para o relatório oficial de empregos, o payroll, os investidores voltaram a calibrar as apostas sobre a trajetória dos juros.

Confira como fecharam os índices de Nova York:

  • Dow Jones: -0,02%, aos 44.484,42 pontos;
  • S&P 500: +0,47%, aos 6.227,42 — maior nível histórico; 
  • Nasdaq: +0,94%, aos 20.393,13 pontos — maior nível histórico.

Na Ásia, os índices fecharam sem direção única. O índice Nikkei, do Japão, engatou a segunda baixa consecutiva e terminou o dia com queda de 0,56%. Já o Hang Seng, de Hong Kong, subiu 0,62%.

Na Europa, os índices também encerraram a sessão de forma mista em meio à crise política na Inglaterra. O índice pan-europeu Stoxx 600 subiu 0,18%, aos 541,21 pontos.

Em destaque, o chefe do Departamento Europeu do Fundo Monetário Internacional (FMI), Alfred Kammer, afirmou que Banco Central Europeu (BCE) deve manter a taxa de juros  referencial em 2% ao ano.

Desde junho do ano passado, o BCE cortou a taxa de juros em dois pontos percentuais. A autoridade monetária sinalizou uma pausa no ciclo de afrouxamento monetário neste mês, mesmo que os investidores ainda vejam outro corte de 0,25 ponto percentual, para 1,75%, neste ano.

Ontem (2), a presidente do BC europeu, Christine Lagarde, afirmou que o recuo do índice inflacionário “não é missão cumprida, mas alvo alcançado”, mas que o ambiente ainda é de “muita incerteza”, após a divulgação da desaceleração da inflação para 2% em junho.

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Repórter
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.