Ibovespa tem leve alta com tensão entre Brasil e EUA no radar; dólar cai a R$ 5,47

O Ibovespa (IBOV) tentou reverter o ‘tombo’ da véspera com leve recuperação das ações dos bancos, enquanto os investidores avaliaram a decisão sobre a vigência da Lei Magnitsky e um eventual aumento das tensões comerciais entre os Estados Unidos e o Brasil.
Nesta quarta-feira (20), o principal índice da bolsa brasileira terminou o pregão com leve alta de 0,17%, aos 134.666,46 pontos.
Já o dólar à vista (USBRL) encerrou as negociações a R$ 5,4729, com queda de 0,51%.
No cenário doméstico, os investidores seguiram atentos aos possíveis desdobramentos da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, determinar que leis e decisões estrangeiras não podem afetar cidadãos, empresas ou bens no Brasil em relação a atos realizados no país.
Em entrevista à Reuters, Alexandre de Moraes, também ministro do STF, afirmou que tribunais brasileiros podem punir os bancos nacionais que bloquearem ou confiscarem ativos domésticos em resposta a ordens norte-americanas.
Moraes ainda disse que espera uma mudança de postura do presidente dos EUA, Donald Trump, para reverter as sanções impostas contra ele.
Altas e quedas no Ibovespa
As ações dos bancos, que recuaram mais de 3% na véspera, ensaiaram uma breve recuperação e deram um leve alívio ao Ibovespa (IBOV).
Ainda em reação à decisão do ministro do STF, Flávio Dino, a presidente do Banco do Brasil (BBAS3), Tarciana Medeiros, afirmou que a instituição segue a legislação brasileira, mas também obedece as leis dos mais de 20 países onde atua, ressaltando que o banco segue forte e robusto, em seminário do Ministério da Fazenda sobre governança na gestão pública.
Os papéis BBAS3 terminaram a sessão com leve alta e figuraram como os mais negociados na B3.
Ainda entre os pesos-pesados do Ibovespa, Petrobras (PETR3; PETR4) fechou em tom positivo acompanhando a alta de mais de 1% do petróleo no mercado internacional.
A ponta positiva do índice foi liderada por GPA (PCAR3), em recuperação das perdas recentes, ainda com as mudanças no alto escalão da companhia no radar. Na semana passada, a varejista informou as renúncias de André Francez Nassar e Diego Xavier Mendes aos cargos de membro efetivo e membro suplente do Conselho Fiscal, respectivamente.
Já Azzas 2154 (AZZA3) encabeçou a ponta negativa do Ibovespa. Rumo (RAIL3) também foi um dos destaques entre as quedas após o Itaú BBA reduzir as projeções de resultados da companhia para 2025 e para 2026, diante da expectativa de maior pressão sobre as tarifas no frete ferroviário.
O banco também cortou a estimativa de Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) para 2025 em 2% e para 2026 em 4%.
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Exterior
Os índices de Wall Street fecharam sem direção única pelo terceiro dia consecutivo com nova pressão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano).
Trump pediu a renúncia da diretora do Fed, Lisa Cook, após ela ser acusada de fraude hipotecária.
Os investidores ainda repercutiram a ata da mais recente reunião do Fed. Na última reunião, o Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) manteve os juros inalterados na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano em uma decisão não unânime: Christopher Waller e Michelle Bowman discordaram da maioria e votaram em um corte de 25 pontos-base nos juros.
No documento, o Fomc, entre outros destaques, afirmou que é improvável que as tarifas comerciais anunciadas por Trump tenham efeitos persistentes sobre a inflação.
Os investidores também ficaram à espera do Simpósio de Jackson Hole. O presidente do Fed, Jerome Powell, discursará no evento na próxima sexta-feira (22) e a expectativa é de que o chefe do BC dê pistas sobre os próximos passos da condução da política monetária.
Confira o fechamento dos índices de Wall Street:
- Dow Jones: +0,04%, aos 44.938,31 pontos;
- S&P 500: -0,24%, aos 6.395,78 pontos;
- Nasdaq: -0,67%, aos 21.172,85 pontos.
Na Ásia, os índices fecharam em alta, com exceção da bolsa do Japão após as exportações do país registrarem a maior queda mensal em cerca de quatro anos em julho. Entre os principais índices asiáticos, o Nikkei, do Japão, caiu 1,51%. O Hang Seng, de Hong Kong, teve avanço de 0,17%.
Na Europa, os mercados terminaram o pregão sem direção única com as negociações para um cessar-fogo entre a Rússia e Ucrânia no radar. O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou com alta de 0,23%, aos 559,09 pontos.