Mercados

Ibovespa derrete 4% com eleições em foco e tem maior queda em quase 5 anos; dólar salta a R$ 5,43

05 dez 2025, 18:22 - atualizado em 05 dez 2025, 18:34
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(Imagem: iStock/Lemon_tm)

O Ibovespa (IBOV) foi do “céu ao inferno” em um único pregão: renovou o recorde intradia histórico aos 165 mil pontos e registrou a perda de mais 7 mil pontos, na maior queda intradia desde meados de 2021.

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Nesta sexta-feira (5), o principal índice da bolsa brasileira terminou as negociações com queda de 4,31%, aos 157.369,36 pontos. Uma perda acima de 4% não era vista desde 22 de fevereiro de 2021, quando o índice caiu 4,87%.

Durante a sessão, o Ibovespa superou os 165 mil pontos pela primeira vez, renovando a maior cotação intradia nominal da história.

Com a forte pressão vendedora, o índice zerou os ganhos da semana e acumulou desvalorização de 0,95%. 

Já o dólar à vista (USBRL) encerrou as negociações a R$ 5,4318, com alta de 2,29%. Na semana, o dólar à vista acumulou valorização de 1,82% ante o real. 

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No cenário doméstico, o humor do mercado azedou no início da tarde com a eventual candidatura de Flávio Bolsonaro (PL) à Presidência nas eleições do próximo ano, com apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro – que cumpre condenação por tentativa de golpe de estado em carceragem da Polícia Federal, em Brasília.

“O mercado não esperava esse movimento e reagiu de forma imediata, praticamente descolando o Brasil do restante do mundo, onde as bolsas seguiam em alta moderada”, afirmou Christian Iarussi, economista da The Hill Capital.

Até então, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), era cotado como o mais provável candidato da direita, na avaliação do mercado.

“A leitura dominante é que esse anúncio esvazia a expectativa, antes bastante presente entre investidores, de que Tarcísio de Freitas pudesse se consolidar como uma alternativa competitiva ao atual governo em 2026. Sem o apoio explícito de Bolsonaro, a probabilidade de Tarcísio optar pela reeleição em São Paulo aumenta, e isso reduz o campo para uma disputa presidencial equilibrada”, destacou o economista, em nota.

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“A consequência prática é uma piora na percepção de governabilidade futura e, sobretudo, na capacidade de construção de um programa de ajuste fiscal a partir de 2027”, acrescentou.

Altas e quedas do Ibovespa

Entre as companhias listadas no Ibovespa (IBOV), apenas quatro ações encerraram a sessão em alta: WEG (WEGE3), Suzano (SUZB3), Klabin (KLBN11) com apoio da forte valorização do dólar ante real por serem empresas expostas ao mercado externo; e Braskem (BRKM5) – com a expectativa de venda da fatia da Novonor (ex-Odebrecht).

Na tarde desta sexta-feira (5), a presidente da Petrobras (PETR4), Magda Chambriard, afirmou que a questão societária da petroquímica – em que a estatal é a maior acionista – “está bem encaminhada”.

“Evoluímos no acordo de acionistas da Braskem. As sinergias são muito grandes, mas é possível sim assumir operação. A preocupação é que toda a engenharia seja mais conectada entre a Braskem e a Petrobras”, afirmou a executiva.

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No início da semana, o mercado repercutiu rumores de que a IG4 Capital e a Novonor (ex-Odebrecht) devem assinar um acordo de transferência das ações da Braskem na próxima semana e que, para isso, um acordo de acionistas seria celebrado.

Já a ponta negativa foi liderada pelas ações cíclicas – que são mais sensíveis ao consumo e, consequentemente a fatores macroeconômicos como a Selic –, em meio a disparada de mais de 40 pontos-base das taxas de Depósito Interfinanceiro (DIs), que formam a curva de juros futuros.

Yduqs (YDUQ3), Cyrela (CYRE3) e Azzas 2154 (AZZA3) foram as maiores baixas com queda de mais de 10%. Em destaque, as ações da Azzas foram também pressionadas pela venda total da participação do fundo de pensão canadense CPPIB em operação de block trade. 

Os bancos – considerados pesos-pesados do Ibovespa – perderam juntos mais de R$ 50 bilhões de valor de mercado, com a deterioração da percepção de risco doméstico.

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Exterior 

Os índices de Wall Street fecharam em alta após dados de inflação reforçar as apostas de cortes nos juros na decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA) na próxima semana.

O Departamento do Comércio dos Estados Unidos informou que o índice de preços (PCE, na sigla em inglês) subiu 0,3% em setembro, levemente acima do esperado.

O PCE, que é o índice de referência inflacionário para o Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA), foi a 2,8% em um ano — ainda acima, e se afastando, da meta de 2% perseguida pelo BC norte-americano.

Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, o núcleo da inflação avançou 0,2% no nono mês de 2025. No acumulado de 12 meses, os preços recuaram para 2,8%.

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Perto do fechamento, a ferramenta FedWatch, do CME Group, mostrava 87,2% de chance de o BC norte-americano reduzir os juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 3,50% a 3,75% ao ano. Ontem (4), a aposta era de 88,2%. Já a probabilidade de manutenção dos juros subiu de 11,8% (ontem) para 12,8% hoje.

A reunião do Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) acontece entre os dias 9 e 10 de dezembro.

Confira o fechamento dos índices:

  • Dow Jones: +0,22%, aos 47.954,99 pontos;
  • S&P 500: +0,19%, aos 6.870,40 pontos; 
  • Nasdaq: +0,31%, aos 23.578,12 pontos.

Na Europa, os índices fecharam em tom negativo à espera da decisão do Fed. O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou com queda de 0,01%, aos 578,77 pontos.

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Na Ásia, os índices fecharam sem direção única. O índice Nikkei, do Japão, teve recuo de 1,05%, aos 50.491,87 pontos. Já o índice Hang Seng, de Hong Kong, subiu 0,58%, aos 26.085,08 pontos. 

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Repórter
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.

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