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Ibovespa deve dar adeus aos 135 mil pontos com intervenção na Petrobras? Ainda não

22 fev 2021, 15:41 - atualizado em 22 fev 2021, 15:41
Petrobras
Artilharia: Bolsonaro critica política de reajustes e anuncia troca de presidente da Petrobras (Imagem: Valter Silveira/Money Times)

Na esteira da implosão das ações da Petrobras (PETR3; PETR4), após o presidente Jair Bolsonaro decidir trocar Roberto Castello Branco pelo general Joaquim de Silva e Luna, o Ibovespa também opera com perdas expressivas nesta segunda-feira (22). Mas isso significa que os investidores já podem dar adeus às previsões de que a Bolsa terminaria 2021 ao redor dos 135 mil pontos?

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Para a XP Investimentos, a resposta é não, ou, pelo menos, ainda não. Em relatório divulgado neste fim de semana, Fernando Ferreira, estrategista-chefe e head da área de análise da XP, refirmou sua estimativa de que o Ibovespa encerrará o ano em 135 mil pontos.

Alguns dias atrás, essa seria uma expectativa razoável. Mas, hoje, parece um milagre. Por volta das 15h30, o principal índice da Bolsa recuava 4% e marcava 113.687 pontos. Assim, para alcançar o número da XP, é necessária uma alta de 19%.

Mas o otimismo é ainda mais significativo, quando se lembra que a XP foi a primeira a rebaixar a recomendação da Petrobras para venda, em reação à intervenção de Bolsonaro na estatal. O relatório da instituição foi publicado no fim de semana e não deixou dúvidas, quanto ao descontentamento com o episódio.

Percalços

É claro que a situação é preocupante, e o próprio Ferreira explica as armadilhas pelo caminho. Ele observa que uma ligeira piora na percepção do risco Brasil pelos investidores já seria suficiente para uma compressão entre 6% e 20% da Bolsa, medida em relação aos múltiplos com que negocia atualmente.

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A XP lembra que a última vez em que o Brasil se descolou dos mercados internacionais e acabou punido por ingerência política nas estatais foi no governo de Dilma Rousseff (2011-2016). Naquela época, segundo a gestora, o risco país médio era de 200 pontos-base, o equivalente a 2% acima das taxas de juros de longo prazo dos títulos americanos.

Reprise: tensão nos mercados lembra o governo de Dilma Rousseff (Imagem: Facebook/Dilma Rousseff)

Hoje, esse risco está em 162 pontos-base, ou 1,62%. “Se aumentássemos as taxas de desconto das empresas em +0,4% (aumento do 1,62% para os 2%) nos nossos modelos, isso teria um impacto negativo no valor justo das empresas em 6%”, calcula o estrategista da XP.

Traduzindo: é preciso que os investidores internacionais passem a acreditar que a dedada de Bolsonaro na Petrobras sinaliza uma mudança consistente de rumo, na direção de uma política econômica mais intervencionista e populista.

Oportunidades

Por ora, a XP enxerga um contrapeso capaz de manter suas projeções como estão – o preço atual da Bolsa brasileira é atraente. “A bolsa brasileira já está barata tanto em relação aos mercados desenvolvidos quanto aos Emergentes, o que pode ajudar a segurar essa correção”, afirma.

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Isso significa que, enquanto alguns estão vendendo suas posições, outros estão chegando agora para comprar bons papéis por uma pechincha e, assim, surfar a próxima alta. “As estatais representam apenas 14,6% do índice Ibovespa, e, caso as empresas privadas também sofram com esse movimento, isso pode abrir oportunidades de investimento à preços mais atrativos”, diz Ferreira.

Conclusão: é hora de manter os olhos bem abertos e agarrar as melhores oportunidades. Pelo menos, por enquanto.

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Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
marcio.juliboni@moneytimes.com.br
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.