Mercados

Ibovespa e arcabouço: Mercado gosta do que viu e índice dispara; ‘caminho para não quebrar o país’

30 mar 2023, 13:11 - atualizado em 30 mar 2023, 16:51
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Economistas e agentes dos mercados dão um voto de confiança para o governo após a entrega da nova âncora fiscal (Imagem: Patricia Monteiro/Bloomberg)

O Ibovespa sobe forte na sessão desta quinta-feira (30) em dia de entrega do arcabouço fiscal pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Por volta das 13h04, o índice saltava 1,55%, a 103.331 pontos. Em Wall Street:

Por aqui, economistas e agentes dos mercados dão um voto de confiança para o governo após a entrega da nova âncora fiscal, esperada desde que o presidente Lula confirmou a descontinuação do teto de gastos.

De modo geral, o projeto desenvolvido pela Fazenda prevê que o governo deve gastar menos do que arrecada com o objetivo de controlar a trajetória da dívida pública.

Inicialmente, a dívida bruta do governo geral (DBGG) vai crescer entre 2023 e 2024, mas vai se estabilizar entre 2025 e 2026.

A nova regra fiscal atrela o crescimento das despesas a 70% do avanço da receita do Estado. Deste modo, caso a arrecadação federal for de 10% acima da inflação, os gastos poderão crescer 7%, por exemplo.

Deste modo, há a previsão de zerar o déficit no próximo ano, registrar superávit de 0,5% do PIB em 2025 e de 1%, em 2026.

“O mercado está recebendo bem essa proposta do arcabouço. Tudo indica que está na direção certa e vai buscar superávit e a estabilização das dívidas.”, discorre Bruno Komura, da Ouro Preto Investimentos.

Apesar disso, ele diz que há algumas dúvidas sobre se as despesas vão seguir a trajetória de receitas. A ideia é que as despesas cresçam menos que a receita e isso ajude a ter um superávit no longo prazo.

“Faltam alguns detalhes, têm algumas despesas que ficaram como exceção, com aquelas despesas Fundep (Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa), o piso de enfermagem. Precisamos ver se isso ajuda o arcabouço a ficar de pé”, observa.

Para Luis Novaes, da Terra Investimentos, ainda faltam detalhes sobre a execução do novo arcabouço fiscal e como o Governo vai aumentar a arrecadação para garantir a diminuição da dívida ao longo dos anos.

“Por mais que o mercado possa ter reagido positivamente nesse primeiro momento, possivelmente pela diminuição da incerteza que pode apoiar uma decisão em favor da redução dos juros pelo Banco Central, o impacto positivo sobre o mercado vai depender muito da execução do plano pelo governo”, diz.

Em coletiva também realizada pelo manhã, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que ainda não olhou os “detalhes” do novo arcabouço fiscal.

Porém, disse que quando o BC tomou conhecimento das regras gerais da nova regra fiscal, ainda antes de o governo fixar os seus parâmetros, o arcabouço pareceu “bastante razoável”, mas ele frisou que isso já tem algum tempo.

À Reuters, Luciano Feres, economista e CFO da Somus Capital, ressalta que o arcabouço prevê que se pode gastar 70% da receita, e, caso não seja respeitada, cai para 50%, o que mantém as bases alinhadas.

“É o que os investidores querem ouvir, esse é o caminho para controlar o fiscal e não quebrar o país. Porém, o governo com causas sociais voltadas para esquerda, que é o que temos hoje, acaba tendo em seu DNA gastar com medidas sociais. O desafio é ver como isso deverá ser respeitado e quem irá pagar a conta”, coloca.

Já Entico Conzzolino, sócio e chefe da Levante Investimentos, diz que o arcabouço traz um direcionamento mais claro sobre a trajetória da dívida, mas um ponto que preocupa é a possibilidade de as despesas crescerem mesmo em um ano de queda de arrecadação do governo.

“De alguma forma, era o que se esperava desse novo governo. Ainda precisamos ver como a proposta será aprovada no Congresso”, discorre.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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