Mercados

Riscos de desaceleração global e de populismo doméstico crescem e derrubam Ibovespa

28 set 2021, 17:12 - atualizado em 28 set 2021, 17:57
Ibovespa
O giro financeiro da sessão, de 36,25 bilhões de reais (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

O principal índice brasileiro de ações teve forte queda nesta terça-feira, acompanhando um pessimismo generalizado nas bolsas no mundo todo com a multiplicação dos riscos à recuperação da economia global, enquanto no Brasil cresce o temor de que esse quadro seja combatido com medidas populistas.

Com queda de 3,05%, o Ibovespa (IBOV) fechou o dia em 110.123,85 pontos, reaproximando-se das mínimas em 2021, abalado sobretudo por ações de empresas ligadas a consumo, justamente as que chegaram a liderar os ganhos dos índices nos últimos meses.

O giro financeiro da sessão, de 36,25 bilhões de reais, acima da média dos últimos dias, deixou claro que o investidor está mais confiante para vender ações.

Uma disparada do preço do gás natural na Europa, com o consumo subindo num momento de oferta restrita e de estoques em níveis críticos, agravou receio de que os custos crescentes de energia serão um desafio crescente para a economia global que ainda começa a se levantar dos efeitos da Covid-19.

Segundo o presidente da casa de análise de investimento Ohmresearch, Roberto Attuch, esse evento se somou a um quadro já tenso, incluindo restrições impostas pelo governo chinês ao consumo de carvão e à indústria siderúrgica, além de questões ligadas ao Orçamento do governo dos Estados Unidos, que também se aproxima de um ciclo de aperto monetário.

“Esse quadro todo está atrapalhando bastante”, disse Attuch, adicionado que o ambiente de menor apetite por risco dá relevo a problemas no Brasil, que também tem um horizonte de crescimento menor e inflação elevada.

Esse quadro teve nova rodada de piora, com a Petrobras anunciando alta do preço do diesel nas refinarias em quase 9%, elevando o reajuste neste ano a mais de 50%.

“Isso tudo faz crescer no mercado a leitura de que o governo está cada vez mais tentado a buscar iniciativas populistas para pode chegar competitivo à eleição de 2022”, disse ele.

Nesta terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o Brasil é um país rico e pode atender “os mais necessitados por mais tempo”, indicando possível extensão do auxílio emergencial pago desde o surgimento da pandemia de Covid-19.

A declaração vem no momento em que o governo costura uma polêmica proposta de adiar parte do pagamento de precatórios para poder deslanchar seu programa social Auxílio Brasil.

Destaques

Banco Inter (BIDI11) perdeu 11,8%, pior desempenho do índice.

O banco desmentiu matéria veiculada mais cedo pelo Broadcast de que estaria preparando uma provisão maior para perdas no balanço.

Banco Pan (BPAN4) caiu 4,39.

Americanas (AMER3) recuou 6,2%, enquanto Magazine Luiza (MGLU3) teve retração de 5,5% e Méliuz (CASH3) cedeu 8,65%, com gestores desmontando apostas em empresas de consumo.

Csn (CSNA3) teve baixa de 7,84%, seguida por Usiminas (USIM5), com desvalorização de 7,3%, enquanto Vale (VALE3) foi depreciada em 5%, pondo fim a uma recuperação desde a semana passada na esteira da recuperação dos preços do minério.

Braskem (BRKM5) reverteu e caiu 3%, mesmo após a petroquímica ter anunciado acordo de sua subsidiária Braskem Idesa com a mexicana Pemex para quitar prendências contratuais e para ume terminal de importação de etano.

Petrobras (PETR4) também não sustentou ganhos e declinou 0,7%, seguindo a correção para baixo dos preços do barril do petróleo.

Brf (BRFS3) resistiu à avalanche de vendas de ações e subiu 1%, assim como Marfrig (MRFG3) com ganho de 0,25%, ainda na esteira da decisão da semana passada do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que aprovou sem restrições a compra de ações da BRF pela Marfrig.

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