Ibovespa (IBOV) abre em queda com repercussão do Copom, tarifas e agenda de indicadores; 5 coisas para saber ao investir hoje (31)

O Ibovespa (IBOV) abre o pregão desta quinta-feira (31) em queda com agenda cheia tanto no âmbito corporativo quando de indicadores. Ainda no radar, as tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros e repercussão do Copom.
Por volta das 10h10 (horário de Brasília), o principal índice da Bolsa brasileira recuava 0,55%, aos 133.246,97 pontos.
O dólar à vista tinha leve baixa ante o real nas primeiras negociações desta quinta-feira, conforme os investidores reagiam à decisão do Banco Central de manter a taxa de juros em 15% e ao anúncio dos Estados Unidos de exclusões para a tarifa de 50% aplicada sobre produtos brasileiros.
No mesmo horário, a moeda norte-americana subia 0,21%, a R$ 5,6013 na venda.
Hoje a agenda corporativa será movimentada com a divulgação dos resultados da Ambev (ABEV3), e de empresas de peso como Vale (VALE3), Gerdau (GGBR4), Metalúrgica Gerdau (GOAU4), CSN (CSNA3) e CSN Mineração (CMIN3) após o fechamento.
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Confira os 5 assuntos que movimentam o Ibovespa nesta quinta-feira (31):
1- Trump sanciona taxa de 50% para o Brasil
Ontem, o presidente Donald Trump assinou um decreto que eleva para 50% as tarifas sobre produtos brasileiros. Apesar da medida, a Casa Branca divulgou uma lista ampla de exceções, que abrange cerca de 700 itens como suco de laranja, aeronaves civis, combustíveis, veículos e peças, fertilizantes e produtos energéticos.
Segundo o governo norte-americano, a ordem executiva entra em vigor em 6 de agosto e foi adotada em reação a ações do governo brasileiro que, na visão americana, representam uma “ameaça incomum e extraordinária” à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA.
O documento reforça críticas já feitas por Trump e alega que atos do Brasil prejudicariam empresas e cidadãos americanos, incluindo casos de “censura” e “perseguição política” a aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O texto cita nominalmente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acusando-o de intimidar opositores, proteger aliados e impor sanções a empresas de tecnologia americanas que descumpriram ordens judiciais no Brasil.
Como parte da retaliação, a Casa Branca determinou o cancelamento dos vistos de ministros do STF e de seus familiares, com exceção de André Mendonça, Nunes Marques e Luiz Fux. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, também foi incluído nas sanções.
2- Bancos centrais dos EUA e Brasil mantêm juros inalterados
Ontem, como esperado, o Federal Reserve e o Banco Central mantiveram as suas respectivas taxas de juros estáveis.
No caso do Fed, a decisão da próxima reunião, marcada para setembro, ainda está indefinida. O presidente Jerome Powell destacou que os efeitos das tarifas de Trump já começaram a aparecer nos preços de alguns produtos. No entanto, pontuou que os impactos sobre a atividade econômica e sobre a inflação ainda não foram observados.
“O processo (efeito das tarifas na economia) provavelmente será mais lento do que o esperado no início. Temos um longo caminho a percorrer para realmente entender exatamente o que acontecerá”, disse.
Já por aqui, o Comitê de Política Monetária (Copom) comunicou uma pausa longa na Selic, mas sem descartar futuras altas, caso sejam necessárias.
A autoridade monetária reconhece que o ambiente internacional segue adverso e incerto, principalmente em razão da política econômica dos Estados Unidos. No entanto, também não deixou de destacar a preocupação com o cenário fiscal.
O Banco Central afirma que segue atento à forma como os desdobramentos da política fiscal influenciam a política monetária e os ativos financeiros.
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3- Inflação dos EUA sobe 0,3% em junho e vai a 2,6% em 12 meses
O índice de preços (PCE) dos Estados Unidos (EUA) subiu 0,3% em junho, segundo divulgado pelo Bureau of Economic Analysis (BEA). O PCE foi a 2,6% em um ano — acima da meta de 2% perseguida pelo Federal Reserve (Fed).
Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, o núcleo da inflação avançou 0,3% no quinto mês de 2025. No acumulado de 12 meses, os preços foram a 2,8%.
O resultado veio em linha com as expectativas do mercado, que esperava um aumento de justamente 0,3% no mês. A alta anual esperada, no entanto, era de 2,5%, segundo as projeções do Investing.com.
O PCE de junho veio após o índice subir 0,1% no quinto mês do ano e 2,3% em 12 meses. O núcleo, por sua vez, registrou avanços de respectivos 0,2% e 2,7% na leitura de maio.
4- Taxa de desemprego do Brasil cai a 5,8% no 2º tri e vai ao menor nível da série; renda é recorde
A taxa de desemprego brasileira recuou mais do que o esperado e foi a 5,8% no segundo trimestre, marcando o resultado mais baixo na série histórica iniciada em 2012 e mantendo o cenário de um mercado de trabalho aquecido no país, com novo recorde de renda.
A taxa mostrou forte redução em relação aos 7,0% do primeiro trimestre, ficando ainda abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters, de 6,0%. No mesmo período do ano anterior, a taxa de desemprego foi de 6,9%.
Ainda no período de abril a junho, o rendimento médio mensal real de todos os trabalhos chegou a R$3.477, o que também marcou um recorde. Isso representa crescimento de 1,1% ante o trimestre de janeiro a março deste ano e de 3,3% sobre o mesmo período do ano anterior.
O mercado de trabalho vem se mostrando aquecido e dando suporte à atividade econômica, especialmente ao consumo das famílias, favorecendo os gastos. No entanto, esse cenário com renda em alta dificulta o controle da inflação, especialmente na área de serviços.
Nos três meses até junho, o IBGE aponta que o número de desempregados caiu 17,4% em relação ao primeiro trimestre e chegou a 6,253 milhões, um recuo ainda de 15,4% em comparação com o mesmo período do ano passado. Já o total de ocupados aumentou 1,8% no trimestre, a 102,316 milhões, 2,4% a mais na base anual.
Os trabalhadores com carteira assinada no setor privado atingiram um contingente recorde de 39,020 milhões no primeiro trimestre, alta de 0,9% sobre os três meses anteriores. Os que não tinham carteira aumentaram 2,6%, a 13,539 milhões.
A taxa de participação na força de trabalho de 62,4% e o nível da ocupação (percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar) de 58,8% também registraram recordes no período.
5- Bradesco (BBDC4): Lucro salta 29% no 2T25, chega a R$ 6,1 bilhões e bate expectativas
O Bradesco (BBDC4) reportou lucro recorrente de R$ 6,1 bilhões no segundo trimestre de 2025, alta de 29% em relação ao mesmo período do ano passado. O número ficou acima do esperado pelo consenso da Bloomberg, que aguardava lucro de R$ 5,9 bilhões no período.
Após sequência negativa, com rentabilidade bem abaixo dos pares e índices de qualidade, incluindo inadimplência, que mostraram deterioração preocupante, o Bradesco tenta ‘acertar a mão’.
A prioridade até aqui tem sido melhorar a qualidade dos ativos e recuperar a rentabilidade, mesmo que isso implique em um crescimento de crédito mais contido em 2025.
O ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) mostrou evolução e subiu 3,2 pontos percentuais no ano e 0,2 pp no trimestre, para 14,6%. Média de quatro analistas consultados pelo Money Times esperava ROE de 14,35%.
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*Com informações de Reuters