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Ibovespa sobe pelo 3º mês consecutivo com direito a recordes nominais; confira as melhores e as piores ações do índice em maio

30 maio 2025, 18:50 - atualizado em 30 maio 2025, 19:05
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O Ibovespa subiu mais de 1% com balanço do primeiro trimestre de 2025, decisões de política monetária e guerra comercial (Imagem: Money Times)

O Ibovespa (IBOV) manteve o ritmo de fortes ganhos e encerrou maio completando o terceiro saldo mensal positivo, marcado por novos recordes nominais e injeção de cerca de R$ 12 bilhões de capital estrangeiro em ações.

O principal índice da bolsa brasileira fechou maio com avanço de 1,45% no patamar dos 137 mil pontos. Durante o mês, o índice superou os 140 mil pontos pela primeira vez e renovou as máximas históricas em valor nominal. Entre janeiro e maio, o Ibovespa acumula alta de 13,92%.

O dólar (USDBRL) também retomou força e voltou ao nível de R$ 5,70. No mês, a divisa norte-americana teve valorização de 0,76% ante o real. No ano, porém, a moeda acumula queda de 7,45% sobre a divisa brasileira.

No cenário corporativo, as ações da Azul (AZUL4) foram excluídas do Ibovespa e de todos os demais índices da B3 e os American Depositary Receipts (ADRs) tiveram as negociações suspensas na Bolsa de Nova York (NYSE). A medida foi tomada após o pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos (Chapter 11) da empresa na última quarta-feira (28).

Na política, o Ministério da Fazenda aumentou as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para crédito de empresas, previdência privada (VGBL, mais especificamente) e câmbio. A mudança ofuscou o corte de R$ 31, 3 bilhões em gastos púbicos no Orçamento de 2025, anunciado no Relatório Bimestral de Receitas e Despesas Primárias. 

Ainda no cenário doméstico, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a Selic para 14,75% ao ano, no maior nível em quase 20 anos. A ata da decisão destacou que as incertezas em torno da política econômica nos Estados Unidos e a guerra tarifária contra a China têm impacto sobre expectativas de inflação, ainda desancoradas.

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As maiores altas do Ibovespa em maio

Entre as maiores altas de maio, Azzas 2154 (AZZA3) disparou quase 40% com reação do mercado ao balanço do primeiro trimestre de 2025 (1T25). A companhia teve lucro líquido recorrente de R$ 117,7 milhões no primeiro trimestre, alta de 15,6% na comparação anual. O desempenho veio acima do esperado.

Na avaliação da XP Investimentos,  a varejista, fruto da fusão entre Arezzo e Soma, entregou crescimento sólido da receita e melhoria das margens, uma vez que os ajustes operacionais relacionados à fusão que gerou a Azzas 2154 não são mais um obstáculo.

Já no último dia útil de maio, o Itaú BBA elevou o preço-alvo de R$ 47 para R$ 53, o que representa um potencial de valorização de até 24,5% no período até dezembro deste ano.

Na visão da equipe de analistas liderada por Rodrigo Gastim, os resultados do primeiro trimestre de 2025 (1T25) ajudaram os investidores a reconstruir a confiança em um caminho para a lucratividade normalizada.

O Itaú BBA espera uma expansão contínua da margem, ainda que exista uma perspectiva de comparações mais difíceis em termos de lucratividade no segundo trimestre deste ano. “Se a empresa mantiver o ritmo após o segundo trimestre, acreditamos que as ações deverão ter um bom desempenho durante o segundo semestre do ano”, dizem os analistas.

Confira as maiores altas:

CÓDIGO NOME PREÇO  VARIAÇÃO MENSAL
AZZA3 Azzas 2154 S.A. R$ 44,15 38,66%
LREN3 Lojas Renner ON R$ 18,16 24,30%
HAPV3 Hapvida ON R$ 2,86 23,28%
ASAI3 Assaí ON R$ 11,22 22,09%
RECV3 PetroReconcavo ON R$ 14,47 18,70%

As maiores quedas do índice em maio

As ações do GPA (PCAR3) lideraram as perdas do Ibovespa em maio com a reestruturação do alto escalão da companhia e o balanço do primeiro trimestre de 2025 (1T25).

No início do mês foi realizada um Assembleia Geral Extraordinária (AGE) da companhia, que aprovou por 303.412.393 votos a destituição integral do antigo conselho de administração — um dos principais objetivos do empresário Nelson Tanure, que fomentou a convocação da reunião por meio do fundo Saint German.

Dois dos três nomes ligados diretamente a ele, Pedro Borba e Rodrigo Tostes, acabaram retirando suas candidaturas antes da votação, esvaziando a tentativa de consolidar controle sobre a nova composição do conselho. No fim, o nome que o empresário conseguiu emplacar foi o de Sebastián Los.

Quem surpreendeu foi Rafael Ferri, investidor conhecido entre pequenos investidores da bolsa nas redes sociais. Ele conquistou a maior votação individual entre os candidatos ao conselho, com 320,8 milhões de votos, e garantiu uma das nove vagas — em uma eleição feita sob o sistema de voto múltiplo, que acabou sendo adotado por requerimento dos acionistas durante a assembleia.

Além disso, outro nome ligado ao grupo de Ferri também conseguiu um assento no conselho: Edison Ticle. André Coelho Diniz, diretor do grupo varejista mineiro Coelho Diniz, também foi eleito.

Logo após as movimentações, os papéis passaram a sofrer fortes quedas no Ibovespa com desmonte de posições.

Já o balanço mostrou um prejuízo líquido consolidado de R$ 169 milhões no 1T25, 74,4% menor do que o prejuízo reportado no mesmo período em 2024.

A cifra considera os resultados das operações continuadas e descontinuadas em 2021 e 2024. O consenso reunido pela Bloomberg apontava para um prejuízo líquido de R$ 189 milhões no período de janeiro a março deste ano.

Para os analistas, o balanço do 1T25 foi “misto”, com melhorias operacionais ofuscadas pelo nível de endividamento ainda elevado.

Confira as maiores quedas do mês:

CÓDIGO NOME PREÇO  VARIAÇÃO MENSAL
PCAR3 GPA ON R$ 3,01 -28,84%
RADL3 RD Saúde ON R$ 14,85 -25,15%
BBAS3 Banco do Brasil ON R$ 23,42 -19,05%
BEEF3 Minerva ON R$ 5,04 -14,72%
CMIN3 CSN Mineração ON R$ 5,05 -14,41%

Exterior

No exterior, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, injetou mais cautela aos mercados com negociações sobre as tarifas ‘recíprocas’ e aumento do endividamento da maior economia do mundo.

A Câmara dos Representantes aprovou o projeto de lei que prevê corte de impostos e aumento de gastos em algumas áreas consideradas estratégicas pelo governo. A proposta acrescentará cerca de US$ 3,8 trilhões à dívida de US$ 36,2 trilhões do governo federal na próxima década, de acordo com o independente Escritório de Orçamento do Congresso.

A matéria segue agora para apreciação do Senado norte-americano e a expectativa é de que a votação aconteça até junho.

O movimento aconteceu logo após o ‘sinal de alerta’ da agência de risco Moody’s, que rebaixou a nota de crédito dos EUA de ‘AAA’ para ‘AA1″.

Além disso, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) decidiu manter os juros de referência dos Estados Unidos (EUA) inalterados na faixa entre 4,25% a 4,50% ao ano.

Após a decisão, o presidente do FedJerome Powell, afirmou que o plano tarifário imposto pelo presidente Donald Trump elevou as incertezas sobre o desempenho da maior economia do mundo, mas os efeitos ainda não foram sentidos.

Já na reta final do mês, Trump disse que a China violou um acordo entre os dois países para reduzir mutuamente as tarifas e as restrições comerciais sobre minerais essenciais e emitiu uma nova ameaça velada de que pode ser mais agressivo com Pequim. O movimento foi considerado um recuo à trégua na guerra comercial EUA-China, concordada entre os países no início de maio.

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Repórter
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.