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Renda fixa melhor que variável? Gestora chama isso de mito — e diz que Ibovespa precisa subir 236% para voltar à média histórica

21 nov 2025, 12:54 - atualizado em 21 nov 2025, 12:56
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Na avaliação da SFA, a noção de que "o CDI sempre bate a bolsa" é um mito estatístico (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

A ideia de que a renda fixa é a grande vencedora e a bolsa o patinho feio dos investimentos pode não passar de um mito, na visão da gestora SFA.

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Em sua carta mensal, a casa faz uma análise baseada em dados e chega à conclusão de que, sob qualquer ótica — deflacionada, em dólar ou com índices mais representativos — o Brasil teve equity risk premium.

“Mesmo com os últimos 20 anos ruins, a bolsa brasileira entregou retornos superiores à renda fixa no longo prazo.”

Na avaliação da SFA, a noção de que “o CDI sempre bate a bolsa” é um mito estatístico — fruto de se olhar a janela errada com o índice errado.

“Os últimos 20 anos parecem uma anomalia, não uma nova regra. Se a história serve de guia, o retorno real das ações nos próximos 20 anos tende a ser superior ao observado nas últimas duas décadas.”

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A gestora também faz um alerta: caso o fluxo para ações volte, o mercado não teria estoque suficiente para absorvê-lo sem um repricing significativo.

“O tempo, mais uma vez, é o maior aliado do investidor.”

Aos fatos

A SFA recorda que a frase “o CDI sempre bate a bolsa no Brasil” ganhou força após o Plano Real e, principalmente, nos últimos 20 anos.

De fato, nesse período o CDI superou o Ibovespa. Porém, o contexto importa.

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“O Ibovespa é um índice imperfeito: concentrado em poucos setores e ponderado por liquidez, o que distorce seu resultado.”

Por isso, a gestora prefere usar o IBrX, índice mais representativo (ponderado por valor de mercado). Nesse caso, a história muda: o retorno supera o do CDI.

Desde 1995, deflacionando os dados:

  • IBrX: +6,7% real ao ano
  • CDI: +5,6% real ao ano
  • Ibovespa: +4,6% real ao ano

“Ou seja, o equity risk premium existiu. O investidor em ações foi recompensado, mesmo após descontar a inflação.”

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Apesar disso, a SFA reconhece que o prêmio foi pequeno — e amplamente impactado pelos últimos 20 anos, em que o mercado acionário apresentou retornos medíocres e ainda não superou os níveis de 2007.

Mesmo assim, o fenômeno parece mais uma anomalia do que o novo normal.

Uma outra forma de constatar o fato é observar o índice IQT Ações Ativo, elaborado pela Quantum Axis, que mede o desempenho médio de fundos de ações ativos.

Esse índice, iniciado em 1997, teve retorno muito superior ao do Ibovespa e do IBrX.

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Mas o Ibovespa é mais velho que isso…

A SFA lembra ainda um ponto óbvio, mas frequentemente esquecido: o Ibovespa não começou nos anos 1990, e sim em 1967.

“Se olharmos desde então, com dados deflacionados (usando o IGP-DI) ou em dólar, vemos uma história bastante reveladora. O Ibovespa teve desempenho muito melhor que o CDI.”

Segundo a gestora, dada a quantidade de planos econômicos ao longo das décadas, analisar os dados corrigidos pela inflação é indispensável.

“E como o IGP-DI é mais antigo que o IPCA, é melhor usarmos ele — ou analisarmos o Ibovespa em dólar.”

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Nesse caso, o Ibovespa rendeu 6% real ao ano, contra 4,4% real ao ano do CDI.

“Ainda que a diferença pareça modesta, ela representa um prêmio real de 1,57% ao ano, acumulado por quase seis décadas.”

Vale lembrar que, antes de 1987, o CDI sequer existia. Por isso, a SFA utilizou estimativas de “overnight” na comparação — valores nem sempre acessíveis ao investidor comum.

Em dólar, a força do Ibovespa também impressiona.

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“Em dólar, o retorno do Ibovespa desde 1967 foi excelente. Novamente, é possível afirmar que existiu equity risk premium.”

  • Ibovespa: +10,2% ao ano em dólar
  • S&P 500 (SPX): +10,9% ao ano (inclui dividendos)

Ibovespa está parado

A gestora destaca que o mercado de ações no Brasil está praticamente estagnado há 20 anos.

Houve melhora entre 2016 e 2020, mas, com a alta da Selic em 2021, “entramos em um dos piores momentos da história para a renda variável”.

Apesar de o Ibovespa estar em máxima nominal, deflacionado pelo IGP-DI ainda está muito distante do recorde de 2007, ao redor de 200 mil pontos.

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Já o SMLL — índice mais ligado à economia doméstica — após a máxima de 2019, caiu 48%.

“As condições recentes moldaram o mercado de capitais, especialmente o de renda variável. O sentimento é ruim e a memória recente não ajuda, considerando os últimos 20 anos.”

Desde então, o retorno real do Ibovespa foi de 1,42%, enquanto o SMLL rendeu 0,5%. O IMA-B, por sua vez, entregou 5,23%.

“De fato, muito ruim”, reconhece a SFA.

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Ainda assim, essas duas décadas seriam um ponto fora da curva, não o padrão histórico.

“Quando olhamos o retorno real médio em janelas de 20 anos, desde 1967, o Ibovespa registra 7,6% ao ano, com mediana de 4,4%.”

Nos cálculos da gestora, o índice precisaria subir:

  • 86%, para 285 mil pontos, para voltar à mediana
  • 236%, para 515 mil pontos, para retornar à média histórica

Seria a alta desse ano apenas o começo?

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É também setorista de setor financeiro. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
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