Coluna do Einar Rivero

‘Índice do Medo’ fecha 2023 com forte queda, mas nem tudo são flores; entenda

11 jan 2024, 11:31 - atualizado em 11 jan 2024, 11:33
VIX índice do medo
Índice do Medo: Marcador que mede o humor dos investidores nos principais mercados, reflete o bom desempenho do setor de tecnologia no ano passado. (Imagem: Getty Images Signature/Canva)

Em 2023, o VIX registrou a terceira maior queda desde 2000, chegando a 42,9% negativos. Para quem não sabe, o VIX (Volatility Index), ou Índice de Volatilidade, é um marcador criado em 1993 pela norte-americana Chicago Board Options Exchange (CBOE), que reflete a volatilidade implícita no S&P 500 para o futuro imediato (próximos 30 dias).

Um VIX alto indica que o mercado está tenso e espera por grandes oscilações nos preços das ações; um VIX baixo, portanto, sugere calmaria. Exatamente por ter essa capacidade de sentir o pulso do maior mercado de ações do mundo, o VIX também é chamado de “Índice do Medo” e funciona como uma referência global.

Como ficou o VIX em 2023?

O VIX de 2023 sugere que os investidores se portaram de maneira tranquila ao longo do ano passado. Mas não foi bem assim: o período experimentou notáveis flutuações.

No entanto, os principais índices dos EUA, como o S&P 500 e o Nasdaq, apresentaram retornos excepcionais, superando médias históricas. O setor de tecnologia, liderado pelo Nasdaq, alavancou tal resultado. O grupo Magníficas 7, composto por ativos selecionados, destacou-se com retornos significativos, incluindo aumentos de 49% na Apple e impressionantes 239% na Nvidia.

O setor tecnológico se beneficiou da demanda gerada pela adoção de inteligência artificial por gigantes como Google, Apple, Meta e Microsoft.

Esse bom desempenho setorial conviveu com incertezas durante boa parte do ano. Elas foram provocadas principalmente pelas pressões inflacionárias nos EUA, intensificadas por um pico nos preços do petróleo, e por tensões internacionais, especialmente relacionadas ao conflito entre Israel e o Hamas, e a possibilidade de que se alastrasse pelo Oriente Médio.

A inflação norte-americana persistente e a elevada taxa de juros de 5,5% destinada a combatê-la, geraram preocupações com um possível hard landing, recessão causada por inflação e altas taxas de juros.

Na reta final do ano, porém, com a queda dos preços do petróleo e da inflação, e o Federal Reserve dando sinais de redução dos juros, o mercado reagiu.

Os principais índices aumentaram: Nasdaq, 43,42%; Dow Jones, 13,70%; e S&P 500 24,23%. O índice VIX estabilizou, experimentando uma queda acentuada de mais de 40%.

Os melhores momentos do Índice do Medo

O exercício de olhar “os melhores momentos” do Índice do Medo desde 2000 (como mostra o gráfico) revela a íntima relação entre o humor dos investidores e eventos que chacoalharam a economia e o mercado financeiro.

Índice do Medo - Einar
(Fonte: Einar Rivero)

Confira os melhores momentos do Índice do Medo:

2008 – Crise financeira global

Eis um período de extrema volatilidade e incerteza nos mercados financeiros globais. O abalo provocado pela crise do mercado imobiliário nos Estados Unidos gerou uma escalada sem precedentes no VIX, que naquele ano fechou em 77,8%. Os picos históricos do índice refletiram o pânico generalizado entre os investidores, evidenciando a falta de confiança nos mercados.

2009 – Rumo à Recuperação

Em contraste com a turbulência do período anterior, 2009 testemunhou uma mudança significativa nos mercados. Intervenções dos bancos centrais, políticas de estímulo e sinais de estabilização começaram a dissipar as nuvens de incerteza. O VIX, que havia atingido patamares elevados, começou a registrar uma queda gradual à medida que os investidores expressavam otimismo em relação à recuperação econômica, fechando aquele ano em 45,8% negativos.

2018 – Entre tensão e alívio, a maior valorização desde 2000

Dez anos depois a crise de 2008, o ano 2018 apresentou uma dança complexa de volatilidade. Tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China, juntamente com preocupações geopolíticas, levaram o VIX a níveis notáveis: 130,3% no ano.

Eventos específicos, como a “volmageddon”, quebra de um fundo gerido pelo Credit Suisse, adicionaram uma dose extra de volatilidade. No entanto, a assinatura de acordos comerciais e uma postura mais firme dos bancos centrais, trouxeram alívio. O VIX, que havia atingido as alturas, começou a descer gradualmente, evidenciando a efemeridade das tensões que haviam agitado os mercados.

2019 – Retorno à calmaria

O período foi caracterizado por uma atmosfera mais serena nos mercados financeiros. Com a dissipação das tensões comerciais e políticas monetárias mais amenas, o VIX experimentou uma queda consistente. Indicadores econômicos estáveis, resultados corporativos sólidos e a ausência de eventos críticos, contribuíram para um clima de confiança. O VIX, em uma posição mais tranquila, refletiu a resiliência dos mercados após períodos tumultuados, chegando a 45,8% negativos.

2020 – Pandemia

A emergência sanitária provocada pelo COVID-19 e o isolamento global a fim de evitar o contágio em massa, levaram os mercados a um período de crise, com redução expressiva da produção e mudanças significativas nos hábitos da população mundial. A incerteza sobre a recuperação fez o VIX crescer exponencialmente: 65,1%. Com o surgimento das vacinas, os números começaram a descer ao patamar pré-pandêmico.

*Com dados do Investing.com

Einar Rivero é CEO da Elos Ayta Consultoria e especialista de dados financeiros de mercado. Formado em Engenharia, tornou-se referência para o mercado financeiro por trazer levantamentos e insights inéditos a partir do cruzamento de dados econômicos. Durante 25 anos, atuou como líder e gerente de relacionamento institucional de plataformas de informação financeira, como TradeMap e Economatica.
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Einar Rivero é CEO da Elos Ayta Consultoria e especialista de dados financeiros de mercado. Formado em Engenharia, tornou-se referência para o mercado financeiro por trazer levantamentos e insights inéditos a partir do cruzamento de dados econômicos. Durante 25 anos, atuou como líder e gerente de relacionamento institucional de plataformas de informação financeira, como TradeMap e Economatica.
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