Coluna Robert Lawrence Kuhn

Indústria: O que é o ‘pico da China’?

06 nov 2023, 14:32 - atualizado em 06 nov 2023, 14:32
Economia China Indústria
A China se concentra na qualidade do seu desenvolvimento econômico, visando criar um sistema industrial moderno. (Imagem: REUTERS/Jason Lee)

Depois de falar, de modo geral, sobre os desafios econômicos que a China enfrenta e de tratar, especificamente, da questão da demanda interna e dos problemas no setor imobiliário chinês; agora é a vez da indústria. Mais precisamente da modernização do sistema industrial chinês.

Analistas internacionais afirmam que a China já atingiu o auge do seu poder econômico, especialmente em comparação com os Estados Unidos, o que originou o termo “Pico da China”. Um “Pico da China” agora, ou em breve, significa que a economia chinesa nunca irá ultrapassar a norte-americana (as taxas de câmbio de mercado).

A revista The Economist não mais prevê que a China irá superar os EUA e se manter na liderança, mas projeta uma aproximação na paridade econômica. Já o Financial Times diz que o “Pico da China” sequer foi alcançado ainda, diante dos problemas estruturais profundos na economia do país.

China com uma indústria forte e moderna

Porém, a China se concentra na qualidade do seu desenvolvimento econômico, visando criar um sistema industrial moderno. Assim, tanto o “Pico da China” quanto a modernização da indústria chinesa estão relacionados.

Os ventos contrários enfrentados pela China atualmente incluem:

    • baixa confiança do consumidor e do consumo interno;
    • estrutura industrial desequilibrada;
    • produtividade reduzida;
    • dívida enorme;
    • setor privado limitado;
    • tensões geopolíticas;
    • sanções tecnológicas;
    • mercado de trabalho inchado;
    • e uma população cada vez menor e envelhecida.

Mas a China também possui pontos significativamente fortes. Isso pode ser observado pelo número de engenheiros formados por ano (de 1,4 milhão); o mercado de patentes mais movimentado do mundo; a população altamente empreendedora e empresas líderes mundiais em novas economias, como a de veículos elétricos e de energia fotovoltaica.

Ou seja, a China tem uma visão ampla em relação ao desenvolvimento de alta qualidade, buscando criar um sistema industrial moderno, que otimiza o mercado, desempenhando um papel decisivo em um ambiente dinâmico.

Para o governo chinês, isto é muito mais relevante e sustentável do que o antigo modelo de indústria pesada, que gera crescimento econômico elevado, porém com uso intensivo de energia.

Novas forças produtivas chinesas

Para realçar esta transformação, o presidente chinês Xi Jinping apresentou um termo que explica o “estado da arte” da indústria moderna: novas forças produtivas. Isso significa novas formas de crescimento da economia derivado de contínuos avanços científicos e tecnológicos em um ambiente mais inteligente e informacional.

Xi promove a integração científica e tecnológica através de recursos voltados à inovação para liderar o desenvolvimento estratégico de indústrias emergentes e futuras, o que acelera a formação de novas forças produtivas.

Trata-se de algo especialmente importante nas áreas de Tecnologia da Informação (TI), Inteligência Artificial (IA), robótica, semicondutores, matérias-primas novas e “verdes”, e-commerce, tecnologia espacial, entre outras relacionadas à manufatura avançada. Portanto, a China procura promover essas novas forças produtivas.

As diretrizes políticas exigem que a competitividade das companhias estatais seja fortalecida e que o desenvolvimento do setor privado, seja saudável e orientado, de modo a melhorar a taxa de comercialização e construir uma série de clusters industriais para que o setor produtivo possa se localizar onde acontecem avanços científicos e tecnológicos.

Além disso, um mercado consumidor nacional unificado é essencial, ao mesmo tempo, em que o desenvolvimento regional deve se alinhar com a indústria nacional e as cadeias globais de abastecimento.

Resumindo, novas forças produtivas de alta qualidade são o futuro na China. Na verdade, é uma grande visão para o mundo.

Renomado especialista em China, estrategista corporativo internacional e banqueiro de investimentos que assessora corporações multinacionais sobre estratégias e negócios na China. Foi premiado com a “Medalha da Amizade da Reforma da China” do Presidente Xi Jinping, sendo um dos apenas dez estrangeiros homenageados por suas contribuições ao longo de 40 anos da Chin. Autor do livro “Como os Líderes Chineses Pensam”, publicado no Brasil pela Autonomia Literária.
Renomado especialista em China, estrategista corporativo internacional e banqueiro de investimentos que assessora corporações multinacionais sobre estratégias e negócios na China. Foi premiado com a “Medalha da Amizade da Reforma da China” do Presidente Xi Jinping, sendo um dos apenas dez estrangeiros homenageados por suas contribuições ao longo de 40 anos da Chin. Autor do livro “Como os Líderes Chineses Pensam”, publicado no Brasil pela Autonomia Literária.
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