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Inflação de demanda da pobreza: frango inteiro sobe 2% em SP, pescoço mais de 15%

15 out 2021, 15:03 - atualizado em 15 out 2021, 15:41
Carnes Frigoríficos
Aumento do consumo de partes menos nobres de frangos é puxado pela fome (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

Não há estatísticas nacionais de consumo, mas o noticiário quanto ao flagelo da pobreza não deixa dúvidas do sucesso forçado dos pés, pescoço e dorso de frango, entre outras partes de proteínas animal até mais rejeitadas, como ossos com aparas de carnes.

E pesquisas pontuais e regionalizadas mostram que a inflação de demanda desses pertences, partes ou miúdos de aves – chamem-se lá como – já é sentida entre os brasileiros mais fragilizados pelo desemprego de 14%.

No estado de São Paulo, o quilo do pescoço subiu mais de 15,79% em setembro, segundo a Safras & Mercado. O dorso, mais 60%.

Não há dados sobre pés, uma vez que eram mais vendidos para graxaria e indústria de cosméticos, portanto sem histórico de levantamento no varejo.

Enquanto isso, o frango inteiro, segundo o Cepea, avançou de 2% o quilo sobre agosto.

E se o instituto da USP considera um “recorde real da série histórica” de levantamento, ampliando o acumulado do ano em valorização de 31,3%, o que será então para essas partes pouco afeitas ao gosto médio brasileiro?

Bom, o que era consumido como iguaria para alguns consumidores curiosos ou em âmbito cultural em algumas regiões – fora o sucesso relativo nas exportações para a Ásia -, virou proteína padrão, na tentativa de substituição das outras proteínas, mais caras nominalmente.

Mas também do porco e do boi muita coisa descartada agora é aproveitada nas vendas dos açougues, principalmente. O espinhaço do porco, por exemplo, em mais de 23% de valorização.

Em 2020, ano I da pandemia, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) o consumo per capita de carne de aves foi de 45,27 kg (contra 42 de 2019). Os números de 2021 certamente serão maiores.

E se houvesse um corte estatístico sobre os cortes consumidos, certamente os pertences, parte ou miúdos estariam bem melhor posicionados.

Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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