Mercados

Inflação ‘escaldante’ piora vida do Fed (e do investidor); entenda

24 fev 2023, 13:40 - atualizado em 24 fev 2023, 13:40
inflação
Leitura de janeiro é a mais alta desde junho do ano passado (Imagem: REUTERS/Brendan McDermid/File Photo)

O PCE (Despesas com consumo pessoal, na sigla em inglês), índice inflacionário preferido pelo Fed, aumenta a brasa sobre os mercados nessa sexta-feira (24). A alta de 0,6% em janeiro superou o consenso de 0,5%, indicando o maior avanço do indicador desde junho de 2022.

O acumulado em doze meses do índice cheio avançou de 5,3% para 5,4%, enquanto a aceleração estrutural da inflação apresentou dinâmica semelhante, subindo de 4,6% para 4,7%.

Para piorar, o dado de dezembro foi revisado de 0,1% para 0,2% no principal e 0,3% para 0,4% no núcleo, arrastando a inflação anual de 2022 para cima. O PCE acumulado até dezembro, portanto, migrou de 5,0% para 5,3%, e o core de 4,4% para 4,6%.

Quem sai chamuscado dessa divulgação são os índices da Bolsa de Nova York e o apetite por risco dos investidores. Por volta das 12h34, Dow Jones opera em queda de 1,47%, o S&P 500 piora 1,61% e o Nasdaq derrete 2,01%.

O retorno das Treasuries, por sua vez, elevam a curva de prêmio nas pontas curta e longa. O rendimento das T-notes de 10 anos sobem 0,0615 ponto-percentual (pp.), a 3,947%; já as T-bills de 2 anos imprimem uma escalada ainda mais intensa, subindo 0,110 pp., 4,811%.

Por trás desse movimento de aversão, a perspectiva de que o caminho de alta de juros possa ter uma sobrevida, considerando a insistência das pressões inflacionárias na economia americana.

Inflação de janeiro piora cenário de juros nos EUA

Contrariamente ao otimismo que tomou conta dos mercados em janeiro, os indicadores macroeconômicos deste mês mostram que a atividade dos EUA sentiram muito pouco o avanço dos juros e que a inflação está mais viva do que nunca.

O novo cenário forjado pelo PCE piorou o cenário do aperto monetário. De acordo com o Fed Funds, houve um incremento de 27% para 32,9% nas apostas em torno de um aumento maior, de 0,50 pp., na reunião de março do Federal Reserve.

O pessimismo também contaminou as estimativas para as reuniões de maio e junho da autoridade monetária, deixando no ar a possibilidade de que a taxa terminal supere a projeção do ‘teto’ dos 5,50% ao chegar a 5,75% ao fim do primeiro semestre do ano.

De acordo com uma pesquisa feita por um grupo de economistas renomados, são poucas as chances de que o Fed consiga reduzir a inflação sem infligir um dano severo à economia americana, visto por um aumento acentuado de desemprego.

O estudo analisou 16 casos desde 1950, que incluem dez nos Estados Unidos e outros na Alemanha, Canadá e Reino Unido. Os bancos centrais usaram a elevação das taxas de juros para arquitetar uma desinflação, que a pesquisa definiu como um declínio na taxa de inflação de cerca de 2 pontos percentuais ou mais.

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O que veio no PCE?

Segundo comentário da Ativa Investimentos, o dado do mês é “hawkish”, mesmo a despeito da surpresa baixista em “Personal Income” (receitas pessoais). Por outro lado, o “Personal Spending” avançou bem mais que o esperado no período.

A renda pessoal nos EUA aumentou 0,6% em janeiro, totalizando US$ 131,1 bilhões. Já a renda pessoal disponível (DPI, na sigla em inglês) avançou 2,0% para US$ 387,4 bilhões, enquanto as despesas de consumo pessoal (PCE) aumentaram 1,8%, para US$ 312,5 bilhões.

Com relação a janeiro de 2022, os preços dos bens aumentaram 4,7% e os dos serviços cresceram 5,7%. Já os preços dos alimentos estavam 11,1% mais altos e os preços da energia aumentaram 9,6%.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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