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Intel avisa que pode deixar de fabricar chips e preocupa mercado

26 jul 2020, 15:04 - atualizado em 24 jul 2020, 12:38
Atualmente, a terceirização é a norma no setor que movimenta US$ 400 bilhões (Imagem: Pixabay)

O diretor-presidente da Intel, Bob Swan, passou quase uma hora na quinta-feira discutindo uma ideia que antes seria impensável para a maior empresa de semicondutores do mundo: não fabricar seus próprios chips.

Atualmente, a terceirização é a norma no setor que movimenta US$ 400 bilhões, mas há 50 anos a Intel combina o design de chips com a produção interna. E, até recentemente, a Intel planejava fabricar processadores para outras empresas.

“Na medida em que precisamos usar a tecnologia de processo de outra pessoa e recorremos a planos de contingência, estaremos preparados para fazer isso”, disse Swan a analistas em teleconferência, depois que a empresa alertou sobre outro processo de produção atrasado.

“Isso nos dá muito mais opcionalidade e flexibilidade. Portanto, no caso de um deslize do processo, podemos tentar algo em vez de fazer tudo sozinhos.”

Buscar essa opção representaria uma grande mudança no setor e o fim do maior diferenciador da Intel, disse Matt Ramsay, analista da Cowen & Co.

O design tem peso limitado no desempenho de semicondutores. A etapa de fabricação é crucial para garantir que esses componentes possam armazenar mais dados, processar informações mais rapidamente e usar menos energia.

A combinação dos dois ajudou a Intel a melhorar os dois lados de sua operação por décadas.

No entanto, a Taiwan Semiconductor Manufacturing Co. (TSMC) conseguiu se concentrar apenas na produção e deixar o design para outras empresas. Suas fábricas superaram a Intel em recursos. E isso ajudou rivais da Intel, como a Advanced Micro Devices, a melhorarem o desempenho.

A melhor tecnologia atual da Intel, conhecida como 10 nanômetros na indústria, teve lançamento programado para 2017 e só agora a produção é de alto volume. E, quando a empresa divulgou resultados na quinta-feira, disse que a próxima iteração – 7 nanômetros – seria adiada em um ano.

A notícia pesou sobre as ações da Intel, e Swan teve que se esquivar de uma série de perguntas de analistas frustrados na teleconferência. Todos perguntaram sobre o atraso na fabricação, suas consequências financeiras e o que a Intel planeja fazer.

O plano de backup da Intel poderia recorrer à TSMC para fabricar seus chips. Mas isso não será fácil, de acordo com Ramsay, da Cowen. Outros clientes da TSMC, que competem com a Intel, provavelmente serão contrários que a empresa de Taiwan priorize projetos da gigante americana, disse.

E a TSMC pode relutar em aumentar muito a capacidade de produção para a Intel quando há chance de a empresa americana usar as próprias fábricas posteriormente.

“Eles não podem recorrer à TSMC porque a empresa não tem a capacidade”, disse Rasgon, do Bernstein.

Swan tentou encarar o desafio com otimismo quando encerrou a teleconferência.

A flexibilidade “não é um sinal de fraqueza”, afirmou.

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