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Investidores perdem mais de 80% com metaverso que Renan Bolsonaro promoveu

01 dez 2022, 14:54 - atualizado em 01 dez 2022, 14:54
Alexandre de Moraes Bolsonaro Metaverso
Um dos investidores, que não quis se identificar, disse ao Crypto Times que perdeu mais de 80% de seu investimento no projeto (Imagem: Myla Metaverso/Reprodução)

Renan Bolsonaro era embaixador oficial do Myla Metaverse, um metaverso político onde seu pai, Jair Bolsonaro, era representado por meio de NFTs. O projeto dizia ter o objetivo de lançar um jogo play to earn, mas a realidade acabou sendo outra. Bolsonaro saiu do projeto, e investidores perderam mais de 80% do que investiram no pré-lançamento do token do Myla.

Pouco após a moeda ser lançada no mercado, sendo cotada a US$ 0,079, o token MYLA entrou em queda livre. O token caiu 86% desde o lançamento para o valor de US$ 0,011.

O esquema é bem parecido com um padrão de “pump and dump”, movimento onde o token é inflado com marketing, influenciadores ou até mesmo com sentimento de FOMO (Fear of Missing Out).

Renan Bolsonaro, conforme noticiado pela reportagem do Portal do Bitcoin nesta quinta-feira (1), abandonou o projeto e excluiu seus vídeos em que promove o token nesta terça-feira (29).

Ainda conforme apurado pelo Portal do Bitcoin, “Renan foi capaz de levantar pelo menos R$ 266 mil em apenas 24 horas para o projeto por meio da primeira venda de tokens que aconteceu assim que o Myla foi anunciado, dois dias antes de Bolsonaro perder o segundo turno da eleição presidencial para Lula.”

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Metaverso de mentiras

Um dos investidores, que não quis se identificar, disse ao Crypto Times que perdeu mais de 80% de seu investimento no projeto. Ele também comentou que, quando questionam sobre as perdas nos grupos oficiais do Myla, os usuários são bloqueados e restringidos a falar no chat.

“Eles dizem que estão trabalhando e que não vai ter marketing pago, será tudo orgânico. Mas estão recebendo taxas toda vez que alguém negocia o token”, diz. Além de Renan, o projeto tinha parcerias com a streamer Eduarda Yuni e o cantor Latino.

As taxas ditas pelo investidor são de venda – inclusive, um dos pontos de atenção levantados pelo “Token Sniffer”, site que verifica o contrato de um token e analisa sua procedência. A pontuação do token Myla é 0/100.

“Este token tem uma alta taxa de venda. Taxas excessivas são frequentemente vendidas com fins lucrativos, o que pode afetar negativamente o preço do token. Pergunte à equipe do projeto como as taxas estão sendo alocadas e usadas”, coloca o Sniffer.

No documento inicial do projeto, é dito que uma parte das taxas seria revertida ao marketing, o que não foi o que aconteceu.

Conforme é visto no explorador de blocos da BNB Chain, dentre os 249 BNB da pré- venda, 70% foram para liquidez, um total de 170 BNB, cerca de US$ 50 mil, e o resto (73 BNB) para a carteira do criador do projeto.

O criador do projeto recebe as taxas, conforme dito anteriormente, e mais de R$ 25 mil já passaram pela carteira. A pool de liquidez do token, conforme a Poocoin – aplicativo que informa sobre tokens ruins – conta apenas US$ 18.265.

Repórter do Crypto Times
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
leonardo.cavalcanti@moneytimes.com.br
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.