Market Makers

Investidores que apostaram no caos estão comprando Brasil de forma envergonhada, diz tesoureiro do Santander

15 jun 2023, 21:49 - atualizado em 16 jun 2023, 0:55

O Brasil vive uma bonança na bolsa, com o Ibovespa disparando mais de 10% no último mês, enquanto o dólar beira a casa dos R$ 4,70. E tudo isso se deu com certo ‘delay’ do investidor brasileiro, explica o economista Sandro Sobral, head de tesouraria do Santander, em mais um episódio do Market Makers.

“Em março havia pico de otimismo de estrangeiros com o Brasil, enquanto entre os brasileiros havia pico de pessimismo. O que está acontecendo agora? Inverteu. Os brasileiros estão no pico do otimismo, e os estrangeiros tirando o pouco o pé porque acham que o nível de preço está um pouco exagerado”, argumenta.

Para ele, há um ‘shy buying’, ou uma compra envergonhada de investidores que enxergavam uma situação mais complicada para o país após a eleição do presidente Lula.

“As pessoas estão comprando o Brasil de forma envergonhada; está todo mundo comprando e não está escrevendo porque muitos deles estavam há 60 dias apregoando o caos. E, agora, como o cara justifica que não comprou a bolsa a 97 mil pontos? Está acontecendo uma alocação envergonhada de Brasil”, diz.

Isso aconteceu, segundo ele, porque havia uma divergência de preços e o investidor gringo identificou. “Quando você tem uma discrepância muito grande de preço quando o fundamento não é tão ruim, o estrangeiro coloca dinheiro”, afirma.

Veja o episódio na íntegra:

Faria Lima provinciana

De acordo com Sobral, há aspectos que o incomodam na Faria Lima, que reúne as principais casas de análises, bancos e corretoras do país, e no mercado brasileiro como um todo.

“A cada 4 anos, o mercado converge para o nome do bem ou o nome do mal. O ‘candidato A’ que vai salvar o mundo e o ‘candidato B’ que vai ‘desalvar’ o mundo”, diz.

Ele lembra que desde 1989, quando houve a primeira eleição para presidente no Brasil pós-ditadura, há uma convergência de agenda, ou seja, independentemente de qual corrente ideológica estiver no poder, não haverá grandes mudanças.

“É o que acontece na Europa, onde você tem um governo socialista que toma decisões mais à esquerda e um governo conservador que toma decisões conservadoras, mas que, na essência, não muda a estrutura”, pontua.

Veja o episódio na íntegra:

Na visão do economista, a Faria Lima continua pensando de forma “dramática”.

“Esse ano, eu vi muita gente mandando mensagem para mim no começo do ano falando: vai dar tudo errado esse governo, e está ignorando o fato de que o ministro Haddad está fazendo um bom trabalho, que o governo está conseguindo entregar as agendas mínimas para a estabilidade do Brasil”, discorre.

Sobral relata que conversa com o gringo toda a hora, com reuniões entre investidores de diversas nacionalidades, e sente que há um certo otimismo com cenário brasileiro comparado com outros países emergentes.

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“Eles olham e veem que a inflação hoje está 400 pontos-base abaixo dos países latino-americanos, com uma taxa de juros com 400 pontos-base acima. Está com a inflação mais baixa, com juros mais alto, será que é tão pior que o México assim? Enquanto isso, o brasileiro fica falando, ah porque o Lula, o Lira, etc”, observa.

Segundo o convidado, não há diversidade de pensamento no Brasil, “é uma elite que se fecha aqui nesse quadrilátero”, sem um pensamento dissonante.

“Eu sou chamado de comunista às vezes porque o Sandro ficou otimista. Nós devemos nos abrir mais, o Brasil faz parte do mercado financeiro”, diz.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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