IPCA-15 de dezembro acelera, e economista explica impactos sobre juros e inflação
O IPCA-15 de dezembro veio ligeiramente abaixo do esperado pela maior parte do mercado. Enquanto a expectativa era de uma alta de 0,29%, a prévia da inflação registrou aumento de 0,25%, fechando 2025 com avanço acumulado de 4,41%. Em novembro, o índice havia subido 0,20%.
No Giro do Mercado desta terça-feira (23), a jornalista Juliana Caveiro recebeu Andrea Angelo, economista da Warren Investimentos, para analisar os dados divulgado pelo IBGE.
Segundo a especialista, a aceleração do índice de novembro para dezembro está relacionada a elementos que não se repetiram no último mês, como os descontos da Black Friday, que aliviaram alguns preços.
“Além dos descontos, que são mais intensos em novembro, houve também uma reação de alguns alimentos que vinham com bastante deflação”, avaliou.
Angelo ainda explicou que fatores de oferta, como grandes safras de alimentos, tem colaborado com o arrefecimento dos preços, além do câmbio menor e a entrada de bens importados, principalmente da China, que, por conta de tarifas, não estão entrando nos EUA e acabam sendo direcionados a outros países, como o Brasil.
A vilã
De acordo a especialista, em meio a esse cenário, o que ainda preocupa é a inflação de serviços, um grupo mais rígido e relevante para a condução da política monetária.
“A inflação desse grupo continua muito alta, e isso é um reflexo da economia pujante, de salários maiores e de um mercado de trabalho aquecido”, afirmou, dizendo que, após o IPCA-15 de dezembro, ficou ainda mais evidente que o Banco Central (BC) poderá iniciar o ciclo de cortes na Selic somente em março de 2026.
“Estamos migrando para essa expectativa. Inicialmente, tínhamos maior probabilidade de corte em janeiro, mas agora deve ficar mesmo para março. Também prevíamos que a Selic chegaria a 12,25%, mas talvez seja necessário interromper o corte um pouco antes, em torno de 13%.”
PIB dos EUA
Angelo comentou ainda sobre o PIB dos Estados Unidos, que subiu a uma taxa anual de 4,3% no terceiro trimestre (3T25), acima da expectativa de 3,3%, e influenciará as próximas decisões do Federal Reserve (Fed).
“As apostas do mercado eram de mais uma queda de juros em junho de 2026, mas agora essa probabilidade diminuiu”, disse, ressaltando que o Banco Central norte-americano segue com a porta aberta à espera de mais dados.
O programa ainda abordou outros destaques corporativos, além de como o cenário eleitoral pode mexer com os seus investimentos.
A íntegra do Giro do Mercado pode ser acompanhada no canal do Money Times no YouTube.