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IPCA-15: ‘Quarta queda consecutiva dos alimentos pela 1ª vez desde 2020 não é coincidência’

29 set 2023, 11:21 - atualizado em 29 set 2023, 11:21
alimentos ipca
Para especialista, a queda nos últimos meses não é coincidência, já que os alimentos convivem com altas expressivas nos últimos 3 anos (Imagem: Pixabay/Alexas_Fotos)

Os preços dos alimentos recuaram pelo quarto mês consecutivo de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15), que serve como prévia da inflação oficial do governo.

A queda do grupo alimentação e bebidas (-0,77%) foi influenciada pelo recuo nos preços da alimentação no domicílio (-1,25%). A alimentação fora do domicílio (0,46%) acelerou em relação ao mês anterior (0,22%).

Em setembro, o IPCA-15 subiu 0,35%, após acelerar 0,28% no mês passado. No ano, o índice acumula alta de 3,74%. Já no resultado em 12 meses, ficou em 5%.

De acordo com a advogada especializada em agronegócio, Michele Lima, essa queda está ligada às reduções dos preços dos grãos — soja, milho e arroz.

“Esses alimentos são a base da nossa alimentação e interferem diretamente no custo de produção de outros produtos. A queda dos alimentos afetam a produção de carne, já que eles alimentam o gado. Dessa maneira, grandes altas ou baixas nos preços afetam toda a cadeia produtiva”, explica.

Pandemia, guerra na Ucrânia e safra recorde

Lima ressalta que essa queda nos últimos 4 meses não é coincidência.

“Em 2020, última vez que isso aconteceu, tivemos o início da pandemia, o que deu início a essa forte valorização no mercado de grãos, já que havia uma grande preocupação com o abastecimento de fertilizantes, que dependia da China e que resultou em uma forte especulação. O segundo fator que mais contribuiu com esse cenário foi a guerra na Ucrânia, já que a Rússia é um importante produtor de fertilizantes”, diz.

Além dessas questões, a especialista em agronegócio enxerga a safra recorde do ano passado como o terceiro motivo para a queda dos alimentos.

“Desde 2020 até a safra 22/23 de soja, os preços só avançavam, com isso, a partir desse recorde produtivo os preços começaram a recuar, com a saca da oleaginosa caindo de R$ 170 para valores entre R$ 130 e R$ 100”, comenta.

Para Lima, a queda dos preços nos supermercados está ligada a uma regulação da própria economia, com o mercado mais confiante de que não haverá grandes oscilações em preços. “Se os alimentos caem, a inflação recua junto”, pontua.

Os alimentos que mais avançaram em setembro

Apesar de fortes quedas na batata-inglesa (-10,51%), cebola (-9,51%), feijão-carioca (-8,13%), leite longa vida (-3,45%), carnes (-2,73%) e frango em pedaços (-1,99%), alguns alimentos como arroz (2,45%) e o limão (32,20%) avançaram em setembro.

“A queda nos preços do arroz se deve a um cenário de menor disponibilidade interna, já que houve um fluxo de exportação grande para o cereal. Quanto as frutas, essas são mais influenciadas pelo clima, seja falta de chuvas ou excesso de calor, por terem um ciclo mais curto, o que por consequência, afeta mais os preços”, analisa.

Por fim, os aumentos de custos como óleo diesel para transportes e preço dos fertilizantes influenciam diretamente nos preços das frutas.

Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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