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IRB está longe de ser uma pechincha, mesmo derretendo quase 30% na Bolsa

02 jul 2020, 17:10 - atualizado em 02 jul 2020, 17:10
Fim da Era de Ouro: para Safra, IRB vai demorar para exibir a rentabilidade dos bons tempos (Imagem: Reprodução/YouTube IRB Brasil)

Tudo indica que o IRB (IRBR3) encerrará seu terceiro pregão consecutivo com uma estrondosa queda. Às 16h36, as ações recuavam 10,77% e eram cotadas a R$ 9,11. Isso significa que, em apenas três dias, a resseguradora perdeu quase 30% de seu valor de mercado.

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Até a quarta-feira (1), a companhia já havia perdido cerca de R$ 2 bilhões de valor de mercado. Mas, isso não quer dizer que o papel já está barato, a ponto de estimular um movimento de compra.

A avaliação é do Banco Safra, em relatório assinado por Luis Azevedo e Silvio Doria. O banco retomou a cobertura do IRB com recomendação neutra e preço-alvo de R$ 9,5.

“Embora pareça que o pior já passou e a maior parte dos ajustes contábeis já foram registrados, isso não significa que o IRB voltará aos elevados níveis de ROE tão cedo”, dizem.

Maus negócios

A dupla explica que, com base nos números do primeiro trimestre, o IRB parece carregar um portfólio de apólices pouco rentáveis, concentradas em operações no exterior. O impacto dessa carteira demorará a se esvanecer.

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Além disso, a redução da taxa básica de juros (Selic) ao menor nível da histórica e os investimentos mais conservadores impedirão que os resultados financeiros contribuam de modo relevante para a lucratividade da resseguradora.

Ao ajustar seu modelo, conforme as expectativas para o restante do ano, o Safra concluiu que o lucro líquido deve ser de R$ 597 milhões, uma cifra 69% menor que a estimada inicialmente.

O ROAE (retorno sobre patrimônio líquido ajustado, na sigla em inglês) seria de 12,7%, bem abaixo dos 40% do que o Safra chamou de “anos dourados” do IRB.

Múltiplos

A análise dos múltiplos também não melhora a situação.

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Considerando-se o retorno esperado, o Safra calcula que, após o aumento de capital em estruturação e a consequente diluição dos atuais acionista, as ações do IRB serão negociadas por 2,3 vezes P/VP (preço sobre valor patrimonial), ou 18,6 vezes o P/L (preço sobre lucro).

“Isso não é, necessariamente, uma barganha”, avisa o Safra.

A avaliação engrossa o coro de analistas que rebaixaram as projeções para a resseguradora. Para o Credit Suisse, as ações deveriam valer R$ 7,50. O preço-alvo anterior estimado pelo banco suíço era de R$ 43. A recomendação para os papéis passou de neutra para underperform (venda).

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Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
marcio.juliboni@moneytimes.com.br
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.