Isenção do IR: Sem mudanças na percepção de risco fiscal, mas dividendos em xeque

Câmara aprovou a isenção do IR para quem recebe até R$ 5 mil por mês. (Imagem: Pixabay/Canva)

Siga o MT no Youtube

A manutenção do Imposto de Renda (IR) mínimo para os “super ricos”, como forma de compensar a ampliação da faixa de isenção do tributo, ajuda a limitar o custo fiscal — ainda que não necessariamente cubra integralmente a renúncia —, afirma o economista da Rio Bravo, José Alfaix.

A Câmara dos Deputados aprovou, ontem (1), a isenção do IR para quem recebe até R$ 5 mil por mês, além de um desconto para rendimentos entre R$ 5 mil e R$ 7.350. Para equilibrar, o governo propôs a cobrança adicional sobre rendimentos tributáveis acima de R$ 600 mil anuais.

Segundo Alfaix, a percepção de risco fiscal não sofreu grandes mudanças.

• SAIBA MAIS: O Money Times reuniu as recomendações de mais de 20 bancos e corretoras em um conteúdo gratuito e completo para você investir melhor

Ele observa que muitos especialistas consideram que a Receita Federal superestima a arrecadação prevista com a taxação dos super ricos. Porém, o maior temor dos investidores era uma ampliação da faixa de isenção sem a devida compensação tributária — “o que não ocorreu”.

Na quarta-feira, as taxas futuras de juros fecharam com abertura ao longo da curva, refletindo justamente as dúvidas sobre as compensações fiscais e os impactos nas contas públicas após a aprovação do projeto.

Hoje (2), os juros futuros seguem em alta, mas desta vez sob efeito do impacto da proposta de tributação nos dividendos, explica Danilo Coelho, economista, especialista em investimentos e MBA em Finanças pela Faculdade Brasileira de Negócios e Finanças.

No pregão desta quinta-feira (2), o DI jan/27 subia 0,43%, a 14,11%; enquanto o DI jan/29 e o DI jan/31 avançavam 1,06% e 1,04%, a 13,39% e 13,58%, respectivamente.

Leia também

Mercados

Ibovespa cai mais de 1% com fiscal e destoa de recordes de Wall Street; dólar sobe a R$ 5,33

Mercados

Ambipar (AMBP3) volta a desabar e chega a cair 65%; entenda os últimos acontecimentos

Mercados

Wall Street ignora possíveis impactos do ‘shutdown’ e encerra sessão com triplo recorde

O Projeto de Lei 1087/25 prevê a cobrança de 10% de imposto de renda sobre lucros e dividendos pagos a uma mesma pessoa física por uma mesma empresa, quando ultrapassarem R$ 50 mil mensais, independentemente da quantidade de distribuições no mês.

Segundo Coelho, o mercado já precifica que a maioria das empresas vai antecipar o pagamento de dividendos ainda neste ano, reduzindo as distribuições em 2026. Como consequência, o governo teria menos arrecadação do que prevê agora.

“Isso reduz a perspectiva futura de dividendos das empresas, como também reduz a possível expansão das empresas ao longo dos próximos anos, porque vão demorar mais para voltar a reinvestir, já que estão antecipando uma parte do resultado agora”, afirma.

Além do fiscal

Alfaix, da Rio Bravo, ressalta que a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil deve fortalecer a demanda em 2026.

“São 15,5 milhões de brasileiros beneficiados, e, para faixas mais baixas de renda, a propensão ao consumo é consideravelmente superior ao que observamos entre os mais ricos, onde o acréscimo de renda converte-se em poupança.”

Na avaliação dele, o aumento do consumo pode ajudar a atenuar o arrefecimento da economia doméstica.