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Itaú BBA vê que o ‘vento favorável’ para a XP (XP; XPBR31) já passou e rebaixa recomendação da ação

24 jun 2025, 10:27 - atualizado em 24 jun 2025, 10:27
xp investimentos inc ações
macroeconômico menos favorável limitam a alta das ações (Imagem: Divulgação/ Nasdaq)

O Itaú BBA revisou as estimativas e rebaixou a recomendação das ações da XP (XP; XPBR31)  de compra para neutra. 

Para o banco, a recente valorização dos papéis da corretora, de cerca de 65% em Nova York, já incorpora boa parte da melhora do cenário macroeconômico e, por isso, há menos espaço para novas altas apesar de a maioria dos investidores ainda considerar as ações “atraentes”. 

“A confirmação dos lucros será necessária para impulsionar mais valorização”, afirmaram os analistas liderados por Pedro Leduc em relatório. 

Para eles, “o ambiente de negócios tornou-se mais difícil para a XP desde o último ciclo de investimento positivo”. 

O preço-alvo para XP é de US$ 21 — o que representa um potencial de valorização de 9,1% sobre o preço de fechamento da última segunda-feira (23). 

Ontem (23), as ações listadas em Nova York, sob o ticker XP, encerraram a sessão com queda de 1,43%, a US$ 19,25. 

No Brasil, os recibos de ações (BRDs) da companhia negociados na B3 como XPBR31 fecharam em queda de 0,82%, a R$ 106,27. No ano, os papéis acumulam alta de 44,96%. 

Além do rebaixamento da recomendação pelo Itaú BBA, os papéis foram pressionados com a abertura de um inquérito pelo Ministério Público Federal (MPF) do Rio de Janeiro para apurar supostas irregularidades da corretora em operações conhecidas como “Collar UI”. 

Redução das expectativas 

O corte na classificação foi resultado da revisão negativa para o lucro por Ação (EPS, na sigla em inglês) projetado para 2026. O Itaú BBA reduziu a estimativa de EPS em 5% devido à expectativa de menor receita com o segmento de ações. 

“Agora esperamos uma dinâmica de receita mais suave no curto prazo (Net New Money, NNM). Isso pode ser aceitável, pois as taxas de juros no Brasil ainda não começaram a cair. No entanto, trimestre após trimestre, os mercados avaliarão o desempenho do negócio para melhor avaliar seu potencial de valorização”, escreveram os analistas no relatório. 

O banco também considera o acirramento da concorrência, com atuação mais agressiva do BTG Pactual e de grandes bancos — que, segundo os analistas, replicaram o modelo B2B da XP e melhoraram os serviços e produtos, retendo mais investimentos dos clientes e atraindo novos investidores. 

Os analistas ainda afirmam que “o desempenho do portfólio de clientes da XP tem sido abaixo das taxas de referência e recentemente começou a perder participação de mercado”. 

Além disso, a mudança para pagamentos mais baseados em taxas (em vez de comissão por transação) pode reduzir os impactos positivos históricos de receita de uma combinação de portfólio mais arriscada ou maior rotatividade, na visão dos analistas. “Tudo isso pode desafiar o potencial de lucros da XP em um eventual mercado de alta”, diz o relatório.

O Itaú BBA também colocou na conta as mudanças recentes no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O banco avalia o impacto de cerca de 10% nos lucros com o aumento da alíquota de 15% para 25% sobre fundos offshore, caso o novo conjunto de impostos seja aprovado pelo Congresso. 

Já o impacto indireto das medidas é que os títulos isentos de impostos, como CRIs, CRAs e Debêntures de Infraestrutura, passarão a ser sujeitos a um imposto de renda de 5% para os investidores. 

“A XP era particularmente forte na distribuição desses produtos relacionados ao varejo. Uma menor atividade nesta área poderia impactar as taxas relacionadas ao DCM (Mercado de Capitais de Dívida, em português) ou mesmo o novo dinheiro líquido (NNM, na sigla em inglês).” 

O que esperar de XP

O Itaú BBA estima um NNM de aproximadamente R$ 20 bilhões por trimestre nos próximos 12 meses e taxas de captação mais baixas, especialmente do negócio de ações. 

Para 2025, o banco projeta um crescimento de 9,3% na receita bruta, um Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) 6,4% maior na base anual e um salto de 13% no lucro líquido para R$ 5,1 bilhões. 

Para o próximo ano, os analistas do Itaú BBA esperam um crescimento de receita de 11%, abaixo do guidance da XP. O lucro líquido esperado em 2026 é de R$ 5,8 bilhões, em linha com o consenso de mercado. 

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Repórter
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
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