Itaú (ITUB4): Após lucro recorde, analistas calculam bolada de dividendos
O Itaú (ITUB4) surpreende pela capacidade de não causar surpresas. Em mais um trimestre redondo, o banco bateu as expectativas de analistas com lucro de quase R$ 12 bilhões, seu recorde histórico.
Na bolsa, investidores aproveitaram o momento para realizar parte do lucro, já que a ação dispara 42% no ano e renova máximas históricas. Por volta das 13h, o papel recuava 1,08%.
Mesmo com a queda, analistas reafirmam o otimismo e a recomendação para o banco.
‘Barra aumenta todo dia’
A Genial destacou a rentabilidade elevada, com ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) de 23,3% — estável no trimestre e com alta de 0,6 ponto percentual no ano.
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Isso coloca o banco em ampla vantagem frente aos pares, consolidando-o como o mais consistente ao longo dos ciclos — o mais rentável e capitalizado entre os incumbentes, segundo os analistas.
Em teleconferência com jornalistas, o CEO Milton Maluhy reafirmou o compromisso do banco de se manter nesse patamar.
“A gente tem que sempre encontrar o ponto ótimo entre crescimento e rentabilidade, alocando bem o capital. Eu não vejo, no curto prazo, nenhuma mudança de tendência nos 20%, apesar de, de novo, não darmos guidance”, afirmou.
Com tanto dinheiro em caixa, analistas já esperam pelo pagamento dos dividendos adicionais, tradicionalmente pagos no começo do ano.
Qual o tamanho da bolada?
Nos cálculos do Bradesco BBI, considerando um crescimento de 4,5% na carteira em 2025 e uma meta de CET1 de 12,3%, o potencial dividendo extraordinário a ser pago deve atingir aproximadamente R$ 31 bilhões.
“Acreditamos que os resultados mostraram mais um conjunto de tendências favoráveis, mas, em sua maioria, em linha com nossas expectativas e as do mercado”, afirmam os analistas Marcelo Mizrahi e Renato Chanes.
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Mesmo assim, eles pontuam que as despesas operacionais e a eficiência ficaram ligeiramente abaixo do esperado, enquanto possíveis impactos de uma deterioração no segmento de grandes empresas acendem o alerta para eventuais despesas adicionais com provisões.
O índice de inadimplência entre 15 e 90 dias, incluindo títulos e valores mobiliários, aumentou 0,3 ponto percentual e fechou o trimestre em 2%.
No segmento de grandes empresas no Brasil, a elevação foi de 0,9 ponto percentual, com o indicador de curto prazo encerrando o trimestre em 1%.
Segundo o banco, os aumentos — tanto no consolidado quanto em grandes empresas — ocorreram por conta de um cliente específico já adequadamente provisionado.
Na conversa com jornalistas, o CEO afirmou se tratar de um cliente antigo, de mais de 10 anos, descartando, portanto, a Ambipar (AMBP3), que entrou em recuperação judicial nas últimas semanas.
Ponto de atenção
Para não dizer que tudo foi perfeito, analistas chamaram atenção para a margem com clientes e as despesas operacionais, que subiram.
A margem ficou 2% abaixo do esperado pelo JPMorgan.
Mesmo assim, o banco destacou que é difícil reclamar, considerando o crescimento de 10% em relação ao ano anterior e a expansão da carteira de empréstimos de 6,4% no mesmo período.
O Safra lembrou que, ainda assim, o Itaú conseguiu manter NIMs (margens financeiras líquidas) sólidos, ajustados ao risco, e um ROE elevado de 23,3%.
“Não surpreendentemente, o índice CET1 atingiu 13,5%, construindo uma base sólida para a tese de carregamento e dividendos extraordinários.”
O que fazer com Itaú?
De forma geral, os analistas mantiveram recomendação positiva para o banco.
Na visão da Genial, o Itaú está bem capitalizado, iniciando a monetização do seu Super App (One Itaú) e com nova jornada de eficiência.
“Diante da consistência dos resultados, da resiliência operacional ao longo dos ciclos e do bom momento do banco, acreditamos que o Itaú deve seguir entregando rentabilidade acima dos pares por um período prolongado.”
A recomendação foi reiterada, com preço-alvo de R$ 46,80, o que representa potencial de valorização de 17,1% frente ao último fechamento.
Para investidores com menor restrição de liquidez, a Genial destaca as ações ordinárias ITUB3, negociadas a 7,4x P/L (preço sobre lucro) de 2025 e 1,7x P/VP (preço sobre valor patrimonial) para o mesmo período.
“Trata-se de um desconto relevante em relação às preferenciais e ao mesmo payout de dividendos, o que implica um dividend yield superior.”
Vencedor de longo prazo merece valuation premium
Já o BTG destacou que os investidores veem Itaú, BTG (BPAC11) e Nubank (ROXO34) como os vencedores de longo prazo no Brasil.
Ou seja, empresas capazes de entregar crescimento consistente de lucros, adaptando-se e encontrando maneiras de crescer sem depender de ventos macroeconômicos favoráveis.
“Estamos em um mundo onde poucos vencem — o que significa que esses vencedores negociarão com um prêmio de valuation muito maior que os demais?”, questionam os analistas.
O BTG lembra que o Itaú vive um momento de virada em sua agenda de eficiência, com metas ousadas para os próximos 3 a 5 anos — incluindo migrar 100% para a nuvem, desativar o “banco antigo” (mainframes etc.) e melhorar em cerca de 10 pontos percentuais a relação custo/receita da operação de varejo.
“Ao fazer isso, acreditamos que o Itaú estará disposto a aceitar redução de receita e cortes de preços em um movimento ofensivo para crescer acima do mercado — o que tornaria ainda mais difícil a vida dos demais incumbentes.”
O Itaú permanece como a única recomendação de compra entre os bancos incumbentes no Brasil para o BTG.