ITUB4, BBAS3, BBDC4, SANB11: Um banco pode ver lucro derreter 50%, vê Safra

Com a temporada de resultados batendo à porta, os mercados já fazem as contas para entender como serão os números dos grandes bancos.
No primeiro trimestre, as expectativas estavam baixas, o que provocou um forte reajuste para cima das ações após cifras robustas.
Bradesco (BBDC4), Santander (SANB11) e Itaú (ITUB4) dispararam, por exemplo. Só o Banco do Brasil (BBAS3) fez o caminho contrário e despencou diante de números fracos.
Para o segundo trimestre, o Safra espera um ligeiro aumento sequencial, mas sem grandes surpresas, com um tom mais cauteloso em relação às tendências de inadimplência.
“Produtos como veículos, pequenas e médias empresas (PMEs) e cartões de crédito para segmentos de baixa renda começaram a apresentar deterioração da qualidade dos ativos e devem estar em destaque nesta temporada de resultados”, aponta o Safra.
Isso, inclusive, já vinha sendo tema das próprias conferências de resultados dos bancos, com os CEOs alertando para pioras, principalmente devido à disparada da taxa básica de juros, a Selic.
Entre os destaques, o Safra acredita que Bradesco e Itaú deverão entregar bons números, enquanto o BB tende a ser novamente o destaque negativo.
Confira o que esperar de cada banco:
Banco do Brasil
Data da divulgação: 13 de agosto
Lucro esperado: R$ 4,6 bilhões (queda de 51%)
ROE (retorno sobre o patrimônio líquido): 10,3%
O Banco do Brasil foi a grande decepção do setor no primeiro trimestre e continuará a ser no segundo, segundo o Safra.
“Embora a atenção do mercado esteja atualmente voltada para o segmento rural — para o qual ainda não esperamos nenhuma melhora —, acreditamos que a queda no segundo trimestre possa vir da carteira de crédito corporativo, especialmente de PMEs”, destacam os analistas.
De acordo com o Safra, as provisões ligadas a empresas podem se tornar uma fonte ainda mais relevante de pressão sobre os lucros no curto prazo e frustrar as estimativas do mercado.
“O crédito corporativo já era um ponto de atenção, mas destacamos o novo índice de inadimplência acima de 30 dias divulgado pelo BB, que mostrou um forte aumento no 1T e pode estar migrando para inadimplência acima de 90 dias no segundo trimestre.”
Bradesco
Data da divulgação: 30 de julho
Lucro esperado: R$ 6 bilhões (alta de 28%)
ROE (retorno sobre o patrimônio líquido): 14,7%
Após um primeiro trimestre de números expressivos, o Bradesco deverá continuar em bom momento. Segundo o Safra, o lucro deve bater R$ 6 bilhões, elevação de 3% no trimestre e 28% ante o ano passado.
Na visão dos analistas, a carteira reestruturada deve continuar a cair sequencialmente, à medida que as safras mais antigas são baixadas. Isso, junto à melhora da margem com depósitos, deve ser um bom sinal para a NII (margem financeira líquida) dos clientes.
Esses fatores, segundo o Safra, devem ajudar a compensar o desempenho mais fraco da NII de mercado, que deve cair para R$ 55 milhões.
Por outro lado, a economia começará a pesar mais, com crescimento menor da carteira de crédito. Além disso, o Safra vê os NPLs (empréstimos inadimplentes, do inglês Non-Performing Loans) iniciais começando a refletir um leve aumento da inadimplência dentro das linhas de crédito tradicionais.
“Esperamos um aumento sequencial marginal de 6 pontos-base no custo do risco, ainda operando em níveis saudáveis, considerando que o banco aumentou substancialmente os empréstimos com garantia”, aponta o banco.
O Safra ainda projeta bom desempenho no setor de seguros, o que deve sustentar um alto nível de lucratividade, acima do guidance.
Itaú
Data da divulgação: 5 de agosto
Lucro esperado: R$ 11,5 bilhões (alta de 15%)
ROE (retorno sobre o patrimônio líquido): 23,4%
Para o Itaú, o crescimento do lucro será puxado principalmente por uma menor alíquota de imposto, enquanto o EBT (lucro antes dos impostos) deve se manter estável, em R$ 16,8 bilhões.
O Safra projeta crescimento de 1,4% na carteira de crédito no trimestre, ainda impactado negativamente pelas flutuações cambiais.
“A expansão da margem financeira (NII) de clientes deve compensar a menor contribuição da NII de mercado e o aumento de 1,2% nas provisões líquidas no trimestre”, afirmam.
Consequentemente, o banco projeta leve alta de 1,1% no NII ajustado ao risco (NIMs ajustados ao risco +11 pontos-base no trimestre).
Santander
Data da divulgação: 30 de julho
Lucro esperado: R$ 3,5 bilhões (alta de 8%)
ROE (retorno sobre o patrimônio líquido): 16%
Para o Santander, que segue em busca de recuperação, o Safra espera uma interrupção no ritmo de crescimento visto nos trimestres anteriores, impactado negativamente pelas flutuações cambiais.
Por outro lado, a margem com cliente deve seguir se beneficiando das margens de depósitos.
Mesmo assim, a margem líquida ajustada de mercado deve voltar ao campo negativo, em -R$ 505 milhões — principal fator de pressão para o trimestre.
“Projetamos um custo de risco de 4,9% (+22 pontos-base em relação ao trimestre anterior), ligeiramente impactado por NPLs mais altos, conforme sugerido pela recuperação precoce da inadimplência no primeiro trimestre”, completa o relatório.