ITUB4, BBAS3, BBDC4, BPAC11, SANB11, ROXO31, INTR31: Os perdedores e os ganhadores do 2T25

O segundo trimestre de 2025 marcou uma virada para os bancos brasileiros.
Depois de um 2024 histórico, com recordes de lucro e valorização em bolsa, a nova safra trouxe resultados mistos, separando claramente vencedores e perdedores.
Segundo a consultoria Elos Ayta, o lucro consolidado dos cinco maiores bancos listados somou R$ 27,98 bilhões, queda de 5,6% em 12 meses e retração de 8,1% frente ao 1T25.
A principal pressão veio do Banco do Brasil (BBAS3), cujo lucro caiu 60%. Já os bancos privados mostraram recuperação e lucros recordes em alguns casos.
Itaú: o relógio suíço não falha
O Itaú Unibanco (ITUB4) segue líder absoluto, com lucro recorde de R$ 11,28 bilhões, o maior da história entre os bancos listados na B3. O crescimento foi de 14% em 12 meses, representando mais de 40% de todo o lucro do setor.
O banco revisou o guidance para cima, apoiado no avanço da margem financeira com clientes (NII) e no controle de inadimplência.
Analistas enxergam espaço para novas altas.
A Genial Investimentos estima preço-alvo de R$ 43,80 (upside de 22%). O Safra projeta lucro anual de R$ 46 bilhões.
O BTG destacou que a qualidade dos números foi alta, mesmo com aumento de despesas ligadas a tecnologia e marketing.
Na bolsa, a ação acumula alta de 31% em 2025, renovando máximas. Para os analistas, a consistência, a resiliência e a digitalização colocam o Itaú como top pick do setor.
Bradesco: recuperação em curso
O Bradesco (BBDC4) apresentou uma guinada importante. Após resultados fracos em trimestres anteriores, o banco reportou lucro de R$ 6,07 bilhões, alta de 28,6%, no melhor segundo trimestre desde 2021.
O mercado já precificava melhora — as ações subiram quase 40% no ano —, mas os números confirmaram a retomada.
A margem com clientes (NII) atingiu recorde, puxada por maior volume de crédito e melhor mix da carteira. As receitas de serviços também avançaram com cartões, gestão de ativos e mercado de capitais.
O Safra reiterou compra com preço-alvo de R$ 21, apontando potencial de 34% de alta.
A Genial destacou a tração da receita como principal motor da retomada, enquanto o Itaú BBA ressaltou a unidade de seguros como pilar de estabilidade.
Apesar de maior provisão para perdas de crédito (+6,5% no trimestre), o CEO Marcelo Noronha atribuiu parte do aumento a efeitos não recorrentes ligados à consolidação do banco John Deere.
O mercado não viu risco estrutural.
BTG Pactual: recorde histórico e liderança
Em um trimestre recheado de recordes, o BTG Pactual (BPAC11) teve o melhor resultado da sua história. O banco viu seu lucro disparar 42%, para R$ 4,2 bilhões, superando em 13% as estimativas da Bloomberg.
A cifra foi superior à do Santander, que registrou lucro de R$ 3,6 bilhões. Não só isso: o ROE (retorno sobre o patrimônio líquido), que já era elevado, avançou quatro pontos percentuais, alcançando 27%, deixando o Itaú, com 23%, bem para trás.
Todas as linhas de receita cresceram entre 15% e 40% em relação ao mesmo período do ano anterior.
O resultado, por outro lado, levou analistas a questionarem se o banco conseguirá repetir o desempenho nos próximos trimestres.
Isso porque a forte alta nas áreas de Investment Banking (banco de investimento) e Sales & Trading (vendas e negociação) é mais volátil e difícil de replicar, destaca o Safra.
Apesar disso, as casas ressaltam que o BTG constrói uma base sólida.
“Embora alguns investidores possam discutir potenciais eventos únicos, consideramos este um trimestre positivo”, escreveu o JPMorgan.
“Acreditamos que isso pode levar a revisões do lucro por ação para cima, em relação ao consenso”, afirma o JPMorgan.
Nubank: fintech em nova fase
O Nubank (NU) surpreendeu de novo, com lucro líquido de US$ 637 milhões, ROE de 28% e avanço da margem financeira líquida. A NIM no Brasil subiu 0,20 p.p., enquanto a inadimplência permaneceu controlada.
O resultado superou estimativas do Itaú BBA (+12%) e do Safra (+6%), levando as ações a dispararem mais de 10% em Nova York. Desde a divulgação, o papel acumula +16%.
O BTG elevou a recomendação para compra pela primeira vez desde o IPO em 2021, destacando valuation mais razoável. O Itaú BBA também revisou para outperform, nove meses após rebaixamento.
Analistas veem o banco pronto para crescer além do cartão de crédito, com diversificação de receitas e monetização acelerada da base de clientes.
Inter: virada confirmada
O Inter (INBR32) reportou lucro recorde de R$ 315 milhões, alta de 50%, com ROE de 13,9%. Os BDRs dispararam até 12% após a divulgação.
O BTG elevou a recomendação de neutra para compra, com preço-alvo de R$ 45, reconhecendo a aceleração dos lucros e a execução alinhada às metas.
A instituição projeta lucro líquido de R$ 1,4 bilhão em 2025, crescimento de 50%.
A melhora veio de todas as frentes: expansão de crédito, eficiência operacional e diversificação de receitas. Para o mercado, o Inter consolidou a transição de promessa para banco lucrativo e escalável.
Banco do Brasil: deterioração acentuada
O Banco do Brasil (BBAS3) foi o grande perdedor. O lucro caiu 60%, para R$ 3,8 bilhões, e o ROE desabou para 8%. A inadimplência no agro subiu 140 pontos-base no trimestre, atingindo também a carteira corporativa.
O guidance de lucro anual foi mantido em R$ 21–25 bilhões, mas analistas duvidam.
O Safra apontou que ainda não é possível dizer se o banco chegou ao fundo do poço, e o BTG avaliou que a deterioração veio “de elevador” e a recuperação virá “de escada”.
A piora na composição entre carteira rural ordinária e renegociada acendeu alerta: a primeira caiu R$ 7 bilhões, enquanto a segunda subiu na mesma magnitude, indicando risco de mais provisões à frente.
Santander: trimestre rotulado como fracasso
O Santander Brasil (SANB11) reportou lucro de R$ 3,6 bilhões, queda de 5% frente ao 1T25, abaixo das expectativas. A margem financeira ajustada ao risco caiu 6%, enquanto provisões subiram 7%.
O Safra afirmou que a qualidade do resultado foi pior que o esperado. O BTG classificou o trimestre como um “fracasso”, citando volumes fracos e deterioração da carteira de PMEs.
Apesar de alguma melhora em margem financeira e eficiência digital, o mercado reagiu mal.