Internacional

Japão propõe gasto orçamentário recorde enquanto limita nova emissão de dívida

26 dez 2025, 6:23 - atualizado em 26 dez 2025, 6:23
japão brasil juros primeira alta 17 anos política econômica impacto efeitos
(Imagem: REUTERS/Toru Hanai)

O governo do Japão propôs nesta sexta-feira (26) um nível recorde de gastos para o próximo ano fiscal, ao mesmo tempo em que limita a emissão de dívida, destacando o desafio da primeira-ministra Sanae Takaichi de impulsionar a economia enquanto a inflação permanece acima da meta do banco central.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Seu gabinete aprovou um projeto de orçamento de US$ 783 bilhões que busca acalmar os mercados ao impor um teto à emissão de títulos e reduzir a proporção do orçamento financiada por nova dívida ao nível mais baixo em quase três décadas.

Complicando ainda mais o desafio de política de Takaichi, a inflação subjacente em Tóquio permaneceu acima da meta de 2% do Banco do Japão neste mês, enquanto o iene segue fraco, reforçando o argumento do banco central para continuar elevando as taxas de juros.

O orçamento recorde de 122,3 trilhões de ienes para o ano que começa em abril, peça central da política fiscal “proativa” de Takaichi, provavelmente sustentará o consumo, mas também pode acelerar a inflação e pressionar ainda mais as fragilizadas finanças do Japão.

Equílibrio delicado

A apreensão dos investidores com a expansão fiscal em uma economia com a maior carga de dívida do mundo desenvolvido levou os rendimentos dos títulos públicos de prazo ultralongo a níveis recordes e pesou sobre o iene.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“Acreditamos que conseguimos elaborar um orçamento que não apenas aumenta as alocações para medidas-chave de política, mas também leva em conta a disciplina fiscal, alcançando tanto uma economia forte quanto a sustentabilidade fiscal”, disse a ministra das Finanças, Satsuki Katayama.

Ela afirmou em entrevista coletiva que o projeto mantém a nova emissão de títulos abaixo de 30 trilhões de ienes (US$ 190 bilhões) pelo segundo ano consecutivo, com a taxa de dependência da dívida caindo para 24,2%, o nível mais baixo desde 1998.

Os esforços do governo Takaichi para tranquilizar os investidores em títulos do governo japonês vêm mostrando algum sucesso.

O rendimento do JGB de 30 anos caiu na quinta-feira a partir do recorde de 3,45%, após a Reuters noticiar que o governo provavelmente reduzirá a nova emissão de JGBs de prazo ultralongo no próximo ano fiscal ao menor nível em 17 anos. Os rendimentos recuaram ainda mais na sexta-feira diante dos esforços da administração para conter o fiscal.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O orçamento não foi tão grande quanto inicialmente se temia, disse Saisuke Sakai, economista-chefe do Mizuho Research & Technologies. “Mas a fragmentação política aumenta o risco de que Takaichi recorra a um grande orçamento suplementar no próximo ano para garantir apoio da oposição, mantendo vivas as preocupações do mercado de que a expansão fiscal possa derrubar o iene e acelerar a inflação”, afirmou.

“É otimista demais supor que o ambiente atual vai persistir”.

Os gastos propostos são inflados por um aumento nos custos de serviço da dívida, incluindo pagamentos de juros e amortizações. O orçamento também reflete uma alta de 3,8% nos gastos militares, para 9 trilhões de ienes (US$ 60 bilhões), como parte da política de defesa assertiva de Takaichi, uma nacionalista conservadora, e em linha com a pressão dos Estados Unidos para que seus aliados arquem com uma parcela maior de sua própria defesa.

Inflação desacelera, mas ainda aponta para alta de juros

O índice de preços ao consumidor subjacente de Tóquio, que exclui os custos voláteis de alimentos frescos, subiu 2,3% em dezembro na comparação anual, abaixo das previsões de mercado de alta de 2,5% e desacelerando em relação ao avanço de 2,8% em novembro.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Os dados reforçam a visão do banco central de que a inflação subjacente cairá abaixo da meta de 2% nos próximos meses com o alívio das pressões de custos, antes de retomar uma alta mais guiada pela demanda, o que justificaria novas elevações de juros.

No entanto, alguns analistas alertam para o risco de que novas quedas do iene levem as empresas a continuar elevando preços, resultando em uma inflação persistente, impulsionada por custos, que poderia acelerar o ritmo de altas de juros do BOJ.

“Os dados de hoje sugerem que a inflação de alimentos pode estar atingindo o pico. Mas o iene fraco pode dar às empresas uma desculpa para retomar aumentos de preços de alimentos, o que pode manter a inflação elevada”, disse Yoshiki Shinke, economista executivo sênior do Dai-ichi Life Research Institute.

Um índice de inflação da capital que exclui tanto alimentos frescos quanto combustíveis, acompanhado de perto pelo BOJ como medida de preços impulsionados pela demanda, subiu 2,6% em dezembro, após alta de 2,8% em novembro.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Dados divulgados nesta sexta-feira também mostraram que a produção industrial do Japão caiu 2,6% em novembro em relação ao mês anterior, queda mais acentuada do que a previsão de mercado de 2,0%, devido a cortes na produção de automóveis e baterias de íon-lítio.

O BOJ elevou sua taxa básica na semana passada para 0,75%, o maior nível em 30 anos, dando mais um passo histórico para encerrar décadas de forte estímulo monetário, sinalizando sua convicção de que o Japão avança rumo a atingir de forma duradoura a meta de inflação de 2%.

Com a inflação subjacente acima da meta do BOJ há quase quatro anos, o presidente Kazuo Ueda sinalizou a disposição do banco de continuar elevando os juros se a economia seguir melhorando, apoiada por ganhos salariais sólidos.

Os investidores pessimistas com o iene, no entanto, venderam a moeda japonesa ao acreditar que as altas de juros de Ueda são lentas demais, levando Katayama, na semana passada, a ameaçar uma intervenção de compra de ienes, dizendo que o governo estava “alarmado, pois estamos claramente vendo movimentos unilaterais e bruscos” no iene.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Compartilhar

WhatsAppTwitterLinkedinFacebookTelegram
A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar