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Javier Milei vence eleição argentina: Dólar cripto dispara 10% em apenas 2 horas

19 nov 2023, 22:43 - atualizado em 20 nov 2023, 11:49
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Castelo de cartas? Em apenas duas horas, dólar cripto disparou 10%, à medida que vitória de Javier Milei no segundo turno da eleição argentina ficava mais clara (Imagem: Pixabay)

A vitória do ultraliberal Javier Milei no segundo turno da eleição na Argentina, neste domingo (19), já começa a ser captada pelo mercado. Em apenas duas horas, o dólar cripto disparou 10%, passando de 944 pesos por unidade, às 18h, quando as urnas foram fechadas, para 1.042 pesos às 20h, quando os primeiros boletins de urna indicavam uma ampla vantagem sobre o peronista Sergio Massa.

A cotação recuou 2,21% nas duas horas seguintes, chegando a 1.019 pesos por unidade, segundo o serviço de notícias em tempo real Infobae.

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(Fonte: Infobae)

O salto da criptomoeda, uma stablecoin atrelada ao dólar e que se tornou uma referência para o câmbio argentino, reflete a preocupação do mercado com uma das propostas mais polêmicas de Milei, que se define como um “anarcocapitalista”. Trata-se da dolarização da economia, com o consequente abandono do peso e a extinção do Banco Central.

Para Milei e Emilio Ocampo, seu principal assessor econômico durante a campanha, a dolarização da Argentina é “inevitável”. Ocampo é cotado para presidir o Banco Central no futuro governo, que toma posse em 10 de dezembro. Sua missão será conduzir a transição para uma economia movida a dólares e, por fim, a extinção da própria autoridade monetária.

Há algumas semanas, Ocampo afirmou que “a dolarização não vai resolver magicamente os problemas da Argentina. Mas é irreversível e vai tirar dos políticos a capacidade de destruir a moeda”. Apesar do ceticismo de economistas locais e do exterior, Ocampo já declarou que seu plano tem “70% de chance” de salvar o país, e que as propostas concorrentes têm apenas “30% de chance” de sucesso.

No livro “Dolarização: Uma Solução para a Argentina”, escrito em parceria com Nicolás Cachanosky, Ocampo sustenta que parte da resistência à ideia é apenas nacionalismo ultrapassado. “Se a moeda é um símbolo de soberania, então não temos soberania”, sublinhou na obra.

Javier Milei vence eleição argentina: “Dolarização já é realidade”, diz principal assessor econômico

Durante a campanha de Milei, Ocampo e sua equipe declararam algumas vezes que a dolarização do país já é uma realidade e só não vê quem não quer. Segundo suas contas, os argentinos guardam US$ 175 bilhões em moeda física, além de US$ 44 bilhões em contas no exterior, e US$ 19,5 bilhões em depósitos em dólar em bancos locais.

Assim, somente trabalhadores assalariados e os mais pobres seriam penalizados na atual situação, já que não têm acesso a dólares, segundo Ocampo.

Desafio de Milei: Argentina vive seca de dólares

Uma grande questão que não está bem respondida por Javier Milei é como o ele pretende executar o seu plano de dolarização. Segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional), a Argentina deve registrar, neste ano, um déficit em conta corrente de US$ 3,8 bilhões. Ou seja: não há moeda americana sequer para pagar os compromissos já assumidos.

Mesmo em seu livro, chamado de O fim da inflação, Milei não dá os termos do quanto precisará desvalorizar o peso para iniciar a dolarização, ou detalhes adicionais de como iria controlar uma grande contração da base monetária do país.

Em um artigo divulgado em setembro, Ahmed Sameer El Khatib, professor e coordenador do Instituto de Finanças da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), elenca algumas das dificuldades que devem se interpor ao plano.

A primeira delas é que o BC argentino não dispõe de nenhum dólar em seus cofres. Além disso, a recorrente dificuldade da Argentina em honrar seus empréstimos tomados juntos ao FMI devem diminuir a chance de um novo pacote de ajuda para apoiar a dolarização.

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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