BusinessTimes

Juliana Irala: o segmento que está se preparando para boom nas vendas

04 set 2021, 6:30 - atualizado em 30 set 2021, 17:06
Associado a um sentimento de liberdade, esse consumo massivo após um momento de privação tem um nome (Imagem: Pixabay/Pexels)

Em abril, na China, apenas no primeiro dia de reabertura do comércio, a butique Hermès vendeu o equivalente a R$ 14 milhões. No mesmo período, na França, lojas de luxo tiveram aglomerações em suas portas e, em outros países, como Reino Unido e Estados Unidos, foram registradas filas e recordes de consumo em diversos estabelecimentos, o que provocou, até mesmo, escassez de alguns produtos. 

Associado a um sentimento de liberdade, esse consumo massivo após um momento de privação tem um nome: revenge buying ou, na tradução para o português, consumo de vingança. A expressão foi popularizada na China, em 1976, quando o país abriu as portas para empresas estrangeiras – o que, até então, era uma demanda reprimida dos consumidores chineses. 

Com o avanço da imunização contra a COVID-19 no Brasil e o “início do fim” das restrições, exemplos do fenômeno já foram vistos em São Paulo e Santa Catarina.

Setor de serviços

No entanto, essa movimentação não é exclusiva ao varejo físico. É esperado um aumento significativo nos próximos meses no setor de prestação de serviços, especialmente daqueles com elementos de contato social, como eventos, viagens e restaurantes – reflexo do sentimento de solidão causado pelo isolamento social.

Exemplo disso é o aumento considerável do termo “viajar” na busca do Google pelos brasileiros em janeiro, que logo foi acompanhado de uma queda mediante os novos picos da pandemia.

Se preparando para surfar nessa onda está a iFriend, startup que conecta viajantes a guias de turismo em 125 países através de uma plataforma online. Por seu foco internacional, durante o período de maiores restrições, a startup suspendeu campanhas de marketing e ações comerciais junto a agências e operadoras de viagens, que agora já foram retomadas em ressonância com a reabertura das fronteiras de diversos países.

“Prevemos um aumento de demanda de viajantes nos próximos meses, considerando não apenas a demanda natural, como também aqueles que tiveram suas viagens remarcadas ou que ficaram muito tempo isolados e que agora querem viajar”, comenta Leonardo Brito, fundador e CEO da iFriend. 

Ainda que fortemente impactado pela pandemia, a expectativa é que o setor de turismo tenha um aumento para além do patamar estabelecido antes do COVID-19. Um estudo recente da Vrbo, marca do Expedia Group, apontou que 92% das famílias brasileiras já possuem algum plano de viagem já em 2021 – e essa tendência deve continuar fortemente em 2022.

Turismo
Ainda que fortemente impactado pela pandemia, a expectativa é que o setor de turismo tenha um aumento para além do patamar estabelecido antes do COVID-19 (Imagem: Tomaz Silva/Agência Brasil)

Na mesma linha está a WeexPass, uma carteira digital de experiências, que oferece um aplicativo próprio de gestão de viagens, consultoria e suporte 24 horas. A startup é uma spin-off da Welcome Trips, referência na América Latina no segmento de viagens e eventos, especialmente casamentos, que surgiu da necessidade de reinvenção da empresa com a pandemia.

Com a restrição de viagens e eventos, Rodrigues fundou a Weex, uma conta digital de viagens, em abril do ano passado, e, em janeiro deste ano, a WeexPass, o primeiro programa de benefícios com experiência gamificada do Brasil. 

Nas primeiras reuniões de apresentação do negócio, Rodrigues conta certa resistência dos setores de RH em implantar o programa para seus colaboradores em um momento de restrição de viagens. “Cerca de 80% das empresas que abordamos traziam argumentos de medo e resistência, mas ainda assim conseguimos fechar negócio com 23 delas”, diz Rodrigues. “Agora, os próprios setores de RH e grupos de viagens passaram a nos procurar”.

A Weex prevê aumento de 100% nos próximos 3 meses.

No nicho de casamentos, se encontra a O Amor é Simples – uma DNVB de vestidos de noiva com foco em casamentos não tradicionais e produção feita sob demanda. A venda acontece virtualmente – e também em estabelecimentos temporários e um showroom em Porto Alegre, que foram descontinuados durante a pandemia.

Com a vacinação em andamento, abertura do comércio não-essencial e a atenuação das restrições para eventos presenciais, a OAES colocará os pés na estrada novamente já esse mês. As primeiras cidades a receberem as lojas temporárias serão São Paulo e Rio de Janeiro, nos dias 14 e 23 respectivamente.

Mudança de cenário

O case da Weex, que remodelou o negócio com a pandemia do COVID-19, é um bom exemplo de como startups, em comparação a grandes empresas, conseguem se adaptar a momentos de crise e instabilidade. Elas já trabalham, normalmente, com caixa menor e, muitas vezes durante sua trajetória, necessitam redefinir abordagem e modelo de negócio e, também, reduzir ou aumentar orçamentos rapidamente.

Durante esses ciclos de inovação, as startups coletam dados dos seus consumidores, extraem insights a partir dessas informações e promovem aprendizado. Embora grandes empresas também contem com programas de inovação e mais recursos, por suas estruturas engessadas, os processos costumam ser mais lentos e burocráticos. Isso faz com que esses players levem mais tempo para se adaptar rapidamente a mudanças de cenário.

A confiança de que as startups estão prontas para aproveitar o boom do consumo também se traduziu nos investimentos: a iFriend levantou R$ 2 milhões de 327 investidores em abril de 2021 e, em agosto, a Weex conquistou a confiança de 302 investidores que aportaram coletivamente R$ 1,5 milhão. A DNVB O Amor é Simples captou R$ 649 mil no final de 2019 e afirmou que o investimento foi essencial para manter o negócio de pé durante a pandemia. As três startups buscaram a CapTable Brasil, maior plataforma de investimento em startups do Brasil, para realizar suas captações.

Juliana Irala é redatora na CapTable, maior hub de investimentos em startups do Brasil, que democratiza o acesso aos investimentos em startups e conecta seus mais de 5000 investidores a empreendedores com negócios inovadores – tendo captado mais de R$ 50 milhões para 36 startups. Formada em Jornalismo pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

Juliana Irala é redatora na CapTable, maior hub de investimentos em startups do Brasil, que democratiza o acesso aos investimentos em startups e conecta seus mais de 5000 investidores a empreendedores com negócios inovadores – tendo captado mais de R$ 50 milhões para 36 startups. Formada em Jornalismo pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).
Juliana Irala é redatora na CapTable, maior hub de investimentos em startups do Brasil, que democratiza o acesso aos investimentos em startups e conecta seus mais de 5000 investidores a empreendedores com negócios inovadores – tendo captado mais de R$ 50 milhões para 36 startups. Formada em Jornalismo pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).
Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.