Lilly se torna primeira farmacêutica a atingir valor de mercado de US$ 1 trilhão
A Eli Lilly atingiu um valor de mercado de US$ 1 trilhão nesta sexta-feira (21), tornando-se a primeira farmacêutica a entrar no clube exclusivo dominado por gigantes da tecnologia e reforçando sua ascensão como uma potência no setor de emagrecimento.
A valorização de mais de 35% das ações da empresa este ano foi impulsionada principalmente pelo crescimento explosivo do mercado de medicamentos para perda de peso.
Nos últimos dois anos, com o lançamento no mercado de novos tratamentos altamente eficazes para a obesidade, essa categoria emergiu como um dos segmentos mais lucrativos da área da saúde.
As vendas da tirzepatida da Lilly, comercializada como Mounjaro para diabetes tipo 2 e Zepbound para obesidade, também superaram as do Keytruda, da Merck, tornando-se o medicamento mais vendido do mundo.
A Novo Nordisk teve uma vantagem inicial no setor, mas o Mounjaro e o Zepbound ganharam popularidade rapidamente e ajudaram a empresa a superar sua rival em número de prescrições.
A Lilly assumiu a liderança em parte porque o lançamento do Wegovy da Novo em 2021 foi prejudicado pela escassez de suprimentos, dando à Lilly espaço para ganhar terreno.
Os medicamentos da empresa norte-americana também demonstraram maior eficácia clínica, e a Lilly foi mais rápida em ampliar a produção e expandir a distribuição.
Às 14h43 (horário de Brasília), as ações eram transacionadas em alta de 2,05%, a US$ 1.064,65, na máxima histórica dos papéis.
Atualmente, as ações da Lilly são negociadas em um dos patamares mais altos do setor farmacêutico, cerca de 50 vezes o lucro previsto para os próximos 12 meses, segundo dados da LSEG, o que reflete as apostas dos investidores de que a demanda por medicamentos para obesidade permanecerá forte.
Desde o lançamento do Zepbound no final de 2023, a Lilly valorizou-se mais de 75%, em comparação com uma alta de mais de 50% do S&P 500, uma das referências do mercado acionário dos EUA, no mesmo período.
No último balanço trimestral reportado, a Lilly mostrou uma receita combinada de mais de US$10,09 bilhões proveniente de seu portfólio de produtos para obesidade e diabetes, o que representa mais da metade de sua receita total de US$17,6 bilhões.
Em outubro, a Lilly elevou sua previsão de receita anual em mais de US$2 bilhões, considerando o ponto médio, devido ao aumento da demanda global por seus medicamentos para obesidade e diabetes.
Wall Street estima que o mercado de medicamentos para perda de peso atingirá US$150 bilhões até 2030, com a Lilly e a Novo controlando juntas a maior parte das vendas globais projetadas.
Os investidores estão agora focados no medicamento oral para obesidade da Lilly, o orforglipron, cuja aprovação é esperada para o início do próximo ano.
Em uma nota divulgada na semana passada, analistas do Citi afirmaram que a última geração de medicamentos GLP-1 já se tornou um “fenômeno de vendas”, e que o orforglipron está prestes a se beneficiar dos “avanços conquistados por seus predecessores injetáveis”.
Manter o ritmo
A Lilly deverá se beneficiar de um acordo com o governo do presidente Donald Trump e de seus investimentos bilionários planejados para impulsionar a produção nos EUA.
Analistas afirmaram que o acordo de preços com a Casa Branca pode afetar a receita a curto prazo, mas expande significativamente o acesso, adicionando até 40 milhões de potenciais candidatos ao tratamento da obesidade nos EUA.
A Lilly está começando a se parecer novamente com as “Sete Magníficas”, disse o diretor de pesquisa de ações biofarmacêuticas do Deutsche Bank, James Shin, referindo-se às gigantes da tecnologia, incluindo Nvidia e Microsoft, que impulsionaram grande parte dos retornos do mercado este ano.
Em determinado momento, investidores a consideravam parte desse grupo de elite, mas após algumas notícias e resultados decepcionantes, ela ficou de lado.
Agora, porém, pode representar uma alternativa, especialmente considerando as recentes preocupações e a fragilidade de algumas ações de empresas de inteligência artificial, acrescentou Shin.
Ainda assim, analistas e investidores estão de olho para ver se a Lilly conseguirá manter seu crescimento atual, visto que os preços do Mounjaro e do Zepbound estão sob pressão, e se seus planos de expansão, juntamente com seu portfólio diversificado e aquisições, compensarão uma possível redução de margem.
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