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Lorenzo Frazzon: bitcoin 2020 – halving e mais 4 tendências para a criptomoeda

04 fev 2020, 11:30 - atualizado em 29 fev 2020, 0:25
bitcoin 2020
Bitcoin 2020: o que esperar para a criptomoeda neste ano que já começou quente? (Imagem: Freepik/gesrey)

Em 2019, apesar dos problemas e obstáculos que surgiram, tivemos muitos avanços e o ano foi majoritariamente bom para o bitcoin e o mercado de criptomoedas como um todo.

No Brasil, por exemplo, tivemos o surgimento dos primeiros fundos de criptos, trazendo mais opções para quem deseja investir em Bitcoin

blockchain também se popularizou não só aqui, mas no mundo inteiro, dando vida a uma série de projetos dentro e fora do universo das criptomoedas.

A volatilidade do bitcoin, contudo, foi alta durante o ano inteiro, contrariando as expectativas de que ela se estabilizasse e deixasse de ser um obstáculo tão grande à adoção do criptoativo como produto de investimento.

Isso, claro, não impediu sua popularização e 2019 foi marcado pela alta no número de investidores e no avanço da criptomoeda como meio de pagamento. 

Isso trouxe benefícios, mas também alimentou pirâmides financeiras envolvendo o bitcoin e outras criptos.

Foram tantos casos que a CVM entrou na jogada, seguida pelo Banco Central, Polícia Federal e Congresso, e surgiram projetos de lei visando regulamentar as criptos

A Receita Federal também começou a emitir regras exigindo a declaração de saldos e transações em bitcoin tanto de pessoas físicas e jurídicas quanto de exchanges.

Mas 2019 já ficou para trás e agora o que importa é 2020. O que esperar para o bitcoin este ano? 

Neste artigo, você confere, em detalhes, as principais tendências que a criptomoeda deverá seguir nos próximos meses e entender um pouco o tão falado halving. 

bitcoin halving
“Halving” é o corte pela metade da recompensa dada aos mineradores a cada 210 mil blocos validados (Imagem: Crypto Times)

Primeiramente, o tão falado Halving

O halving tem tudo para ser o evento do ano para o bitcoin. Muito tem se falado sobre ele por aí, principalmente devido ao potencial de causar uma grande valorização no preço da criptomoeda. Mas afinal, o que é o halving

O bitcoin e outras criptomoedas têm suas transações validadas através da mineração, processo realizado por operadores com a ajuda de alto poder computacional. 

A cada validação, o minerador recebe uma certa quantidade de unidades do criptoativo e uma taxa de transação chamada de “fees” como prêmio.

Acontece que, para controlar o suprimento do bitcoin e manter sua competitividade, seu inventor, Satoshi Nakamoto, criou um sistema deflacionário que limita a emissão do criptoativo em 21 milhões de unidades e corta, pela metade, a recompensa dada aos mineradores a cada 210 mil blocos validados.

Isso é o halving, que costuma ocorrer a cada quatro anos e impõe um vetor de escassez ao bitcoin, pois diminui o número de mineradores, consequentemente diminuindo, também, o número de unidades emitidas.

Ele já ocorreu duas vezes no passado, em 2012 e 2016, e é esperado para acontecer novamente no final de maio, trazendo consequências significativas para o bitcoin em 2020. A maior e mais esperada delas é a alta na cotação da criptomoeda.

Nos últimos dois halvings, o que se viu logo após o evento foi um aumento substancial no preço do bitcoin por conta da diminuição na oferta

Se neste ano a demanda continuar ou aumentar ainda mais, é esperado que o movimento de valorização significativa volte a ocorrer, mesmo com condições de mercado tão diferentes.

bitcoin 2020
A chegada de investidores institucionais também deverá afetar positivamente a cotação do bitcoin (Imagem: Freekpik/gesrey)

Bitcoin 2020: mais 4 tendências e o que esperar

Apesar de ser o evento do ano, o halving não será o único a afetar o mercado de bitcoin em 2020 e temos muito mais a esperar.

O avanço no desenvolvimento da Lightning Network, por exemplo, tende a tornar o bitcoin como forma de pagamento em uma realidade e, com isso, acelerar ainda mais a adoção e demanda do criptoativo.

Isso, com certeza, vai atrair cada vez mais pessoas dispostas a investir, o que terá impacto positivo no preço do criptoativo. A chegada de investidores institucionais também deverá afetar positivamente a cotação.

Mas como nem tudo são flores, a volatilidade no mercado deve continuar e esforços regulatórios contra as criptomoedas seguirão acontecendo no Brasil e no mundo inteiro

lightning network
Em breve, pagar seu cafezinho utilizando o bitcoin será muito mais prático e viável, graças à Lightning Network (Imagem: YouTube/Binance Academy)

Lightning Network

Um dos principais obstáculos à adoção massiva do bitcoin ainda é a dificuldade em utilizá-lo como meio de pagamento. Neste ano, porém, teremos avanços significativos nesse quesito.

Há uma série de projetos em desenvolvimento para a aceitação do bitcoin como forma de pagamento, no que se chama de Lightning Network (LN), tecnologia que funciona como uma nova rede criada por cima da criptomoeda com o objetivo de torná-la mais adequada a micropagamentos do tipo peer-to-peer.

Na prática, a Lightning Network vai permitir que mais transações sejam realizadas em menos tempo, com segurança total e taxas mais baixas. Assim, pagar seu cafezinho utilizando o bitcoin será muito mais prático e viável.

O impacto disso no mercado poderá ser grande, a principal consequência será a popularização do bitcoin para além dos investidores. Com mais facilidade para usar a criptomoeda como forma de pagamento, cada vez mais pessoas “normais” começarão a adotá-la em seu dia a dia.

Os efeitos na cotação do criptoativo, contudo, ainda são duvidosos. Isso porque o bitcoin, atualmente, funciona mais como uma moeda de especulação do que como um meio de pagamento. 

O que torna mais difícil que as mudanças introduzidas pela Lightning Network afetem diretamente seu valor.

Bitcoin Criptomoedas bandeira brasil
A ideia é que o bitcoin e outras criptomoedas sejam bem regulamentadas para que possam a ao sistema financeiro e judiciário dos países (Imagem: Pixabay/cryptostock)

Mais regulamentação no Brasil e no mundo

Para o bitcoin em 2020, é esperado que governos no mundo inteiro avancem ainda mais em sentido à regulamentação.

Muitos projetos de lei já estão em andamento em países como Estados Unidos, China, Japão e Alemanha. No Brasil, a discussão já é grande no Congresso Nacional.

A ideia que se não é possível parar o bitcoin e outras criptomoedas, que pelo menos sejam bem regulamentadas para que possam agregar ao sistema financeiro e judiciário dos países.

Por aqui, as discussões envolvem até mesmo um imposto sobre as transações com criptomoedas. Embora seja difícil pôr uma cobrança assim em prática, a taxação pode acarretar quedas na cotação do bitcoin e de outras criptos e ser um belo balde de água fria para os investidores esperançosos com o halving.

No entanto, mais regulação não necessariamente significa mais problemas. Avanços regulatórios tornarão o ambiente mais seguro e confiável, tornando-o mais atrativo para o público geral e, principalmente, investidores institucionais.

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A expectativa no mercado é de que, apesar dos obstáculos regulatórios enfrentados, ela traga um grande número de investidores, especialmente institucionais, para o universo das criptomoedas (Imagem: Unsplash/@silverhousehd)

Mais investidores institucionais

O avanço dos planos do Facebook de criar sua própria moeda digital terá um grande impacto no mercado de criptomoedas e principalmente no bitcoin em 2020. 

A Libra, como é chamada a cripto, é uma stablecoin planejada para ser lastreada em uma série de moedas fiduciárias, como euro, dólar e yuan. A expectativa no mercado é de que, apesar dos obstáculos regulatórios enfrentados, ela traga um grande número de investidores, especialmente institucionais, para o universo das criptomoedas. 

Outro fator que pode atrair mais investidores institucionais para o criptouniverso este ano é a expectativa no mercado de aprovação de uma ETF do bitcoin. A SEC, espécie de CVM dos Estados Unidos, já tem recebido algumas propostas e segue avaliando.

As dificuldades de regulação, no entanto, podem atrasar o andamento do projeto e há quem espere que ele só seja aprovado mesmo em 2021.

Neste ou no próximo ano, a expectativa é de que quando o ETF chegar, ele eleve o mercado a um outro patamar, com a entrada de investidores institucionais de peso e grandes fluxos de capitais.

Por fim, a criação de moedas digitais nacionais também pode aumentar ainda mais o peso do mercado de criptos, atraindo mais investidores institucionais. A China já largou na frente e deve lançar sua criptomoeda este ano.

O bitcoin seguirá firme e forte no seu propósito, transformando o mercado financeiro global e oferecendo soluções para muitos dos nossos problemas em sociedade (Imagem: Freekpik)

A volatilidade continua

Infelizmente, um dos principais problemas enfrentados pelo bitcoin e criptomoedas em geral deve continuar em 2020: a alta volatilidade do mercado. 

A constante alta e baixa de preços seguirá acontecendo nos próximos meses e será ainda mais intensificada pelas questões regulatórias e especulativas abordadas ao longo do artigo. Assim, é recomendável que se invista com cautela.

Se você pretende começar a investir em Bitcoin em 2020, opte por aplicar a longo prazo, pois assim é possível garantir bons rendimentos sem sofrer tanto com as oscilações diárias do mercado.

No Blog da Investtor você pode encontrar outras matérias sobre o tema, caso queira saber mais.

Bitcoin 2020: os próximos meses serão cheios de oportunidades e desafios para o Bitcoin. A Lightning Network nos trará uma criptomoeda mais refinada e pronta para o dia a dia e, juntamente com a chegada de investidores institucionais, poderá afetar positivamente sua cotação.

Os desafios, claro, também serão muitos: avanços regulatórios por todo o mundo aumentarão as oscilações desse mercado que já tão instável.

O bitcoin, contudo, seguirá firme e forte no seu propósito, transformando o mercado financeiro global e oferecendo soluções para muitos dos nossos problemas em sociedade.

Lorenzo Frazzon atua no mercado financeiro desde 2007, atendendo investidores de alta renda e detém R$ 100 milhões em ativos sob consultoria desses clientes. É economista, possui mestrado em Engenharia e é Analista de Investimentos Regulamentado (CNPI), além de ser estrategista-chefe e Fundador da Investtor.

Fundador da Investtor
Atua no mercado financeiro desde 2007, atendendo investidores de alta renda e detém R$ 100 milhões em ativos sob consultoria desses clientes. É economista, possui mestrado em Engenharia e é Analista de Investimentos Regulamentado (CNPI), além de ser estrategista-chefe e Fundador da Investtor.
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