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Lorenzo Frazzon: pagamento com criptomoedas – de uma tendência à realidade

10 dez 2019, 9:30 - atualizado em 27 out 2020, 17:06
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A modalidade de pagamento com criptomoedas deixou de ser especulação e passou a ser a solução preferida de milhares de pessoas (Imagem: Freepik)

Criptomoedas estão deixando de ser apenas uma tendência para o futuro para se tornar um meio de pagamento amplamente utilizado.

Já é possível comprar desde o cafezinho na padaria da esquina até passagens aéreas. Inclusive, houve casos de pessoas que compraram imóveis utilizando criptomoedas.

No Brasil, os exemplos de uso são inúmeros. Em Florianópolis, o Multi Open Shopping é um ótimo exemplo. Todas as lojas nesse estabelecimento aceitam pagamentos em Bitcoin e outras criptomoedas.

Há também o caso da Cielo, que anunciou recentemente que irá aceitar pagamento em bitcoin em suas máquinas de cartão de crédito através de um QR code, um grande passo para a adoção dos pagamentos com criptos.

Pagamentos via celular usando bitcoin se tornarão cada vez mais comuns (Imagem: Unsplash/@davidshares)

A origem dos pagamentos com bitcoin

A origem do uso de bitcoin para pagamento é um pouco obscura. Os primeiros relatos de uso foram no site Silk Road, conhecido por ser o mercado negro da internet. Nesse site, bitcoin já foi utilizado para compra de drogas, armas e qualquer outro tipo de produto ou serviço ilícito. 

Um dos principais motivos para isso acontecer é que o bitcoin não é controlado por governos. É um meio de pagamento feito para as pessoas. É possível enviar bitcoin de uma pessoa para outra sem nenhum banco intermediando e, de certa forma, de maneira anônima.

Mas o lado obscuro do bitcoin ficou no passado. No dia 22 de maio de 2010, ocorreu a primeira transação por um produto cotidiano,. Nesse dia, Laszlo Hanyecz, um entusiasta na época, fez um post no Fórum BitcoinTalkpropôs enviar 10 mil bitcoins a quem o vendesse duas pizzas grandes.

Alguns usuários do fórum o criticaram, dizendo que era muito pouco por duas pizzas grandes, algo próximo a US$ 41. Mas, no fim, um usuário aceitou o pedido, comprou as pizzas no Papa John’s e as enviou a Lazlo.

Esse evento é um dos mais famosos na história do bitcoin, e ficou conhecido mundialmente como “Bitcoin Pizza Day”, o dia em que a pizza mais cara da história foi vendida.

O bitcoin ainda tem um longo caminho a percorrer para ser utilizado como meio de pagamento em massa. Questões como experiência de usuário e usabilidade ainda estão em seus estágios iniciais. Mesmo com essas fraquezas, a adoção é crescente e cada dia mais pessoas optam por utilizar bitcoin e outras criptomoedas como meio de pagamento.

Bitcoin é um ótimo aliado a países cuja inflação da moeda nacional atrapalha as transações da população (Imagem: Unsplash/@silverhousehd)

O bitcoin como alternativa em momentos de crise

O maior incentivo e prova de que o bitcoin veio para ficar é o seu uso em países que estão passando por uma crise política, financeira ou econômica, como é o caso da Venezuela e da Argentina.

Nesses países, a moeda estatal perdeu muito poder de compra devido à inflação. Na Venezuela, por exemplo, o papel de uma cédula já vale mais que o valor da moeda.

Argentinos e venezuelanos encontraram, no bitcoin, a proteção do poder de compra. Nesses países, a criptomoeda já é utilizada em massa. A confiança na moeda estatal se perdeu e as pessoas confiam mais no bitcoin do que nas moedas do governo para trocar por bens e serviços.

O principal motivo disso acontecer se deve à essência do bitcoin: um sistema de pagamentos digital peer-to-peer, ou seja, um sistema de pagamento feito para as pessoas. Mas vai muito além disso. Veja abaixo três dos principais motivos:

1. O fato de uma criptomoeda não estar sob o controle de instituições como bancos centrais, devido à sua natureza descentralizada;

2. Taxas de transações ínfimas se comparadas às bancárias e às de operadoras de cartões de crédito, como a Visa e a MasterCard;

3. A facilidade de realizar pagamentos com criptomoedas. Com um smartphone, é possível pagar e receber com a simples leitura de um QR code em carteiras como a Coinomi e a Exodus, por exemplo.

As tecnologias já existentes vão fazer a integração do pagamento via bitcoin a fim de facilitar ainda mais as nossas transações (Imagem: Unsplash/@davidshares)

O futuro dos meios de pagamentos é digital; o bitcoin também

Um estudo feito pela Global System for Mobile Communications (GSMA) estima que há cerca de 5,13 bilhões de pessoas que possuem um aparelho móvel. Isso representa dois terços da população mundial.

No gráfico abaixo, podemos observar que o uso de smartphones também tende a crescer nos próximos anos, o que demonstra o grande potencial para o uso da modalidade de pagamento com criptomoedas, principalmente pelo uso de aplicativos de carteiras como os citados anteriormente.

Número de usuários de smartphones em bilhões (Fonte: statista.com)

Mesmo o pagamento com criptomoedas já sendo uma realidade, esse ainda está longe de ser um cenário ideal. Por ser uma tecnologia muito nova (o bitcoin foi criado há pouco mais de 10 anos), ainda há certa desconfiança por parte da sociedade, e também faltam incentivos ao uso diário.

Esses incentivos poderiam ocorrer na forma de descontos na conta do cliente que pagar com criptomoedas ou até mesmo cashback. 

Inclusive, esse cenário lembra a situação da primeira operadora de cartão de crédito, a Diners Club. Quando surgiu em 1950, a pioneira no mercado era restrita a apenas bares e restaurantes.

Foram necessários cerca de 15 anos para que o método de pagamento ficasse popular nos EUA e depois avançasse no restante do mundo.

Apesar de a adesão do bitcoin não ser universal, já estamos bem adiantados no caminho da ampla utilização (Imagem: Unsplash/@jannerboy62)

O momento atual é de transição

As criptomoedas, como meio de pagamento, ainda estão em momento de transição e precisam se adaptar às necessidades dos usuários. Hoje, os pagamentos utilizam-se de uma mistura entre meios conhecidos, como, por exemplo, cartões de crédito.

Algumas empresas, com o objetivo de facilitar a adoção, como a Uzzo, por exemplo, permitem a utilização de um cartão de crédito para gasto de seus bitcoins.

Boa parte das plataformas que oferecem o pagamento em criptomoedas ainda realizam a conversão dos valores para a moeda local, ou seja, quem oferta o pagamento acaba recebendo o valor convertido em reais, por exemplo.

Já é um grande passo, mas está distante do cenário ideal, quando as pessoas irão enviar as criptomoedas diretamente uma para outra, sem envolver outra moeda no caminho.

O receio em confiar na tecnologia da internet é o mesmo em relação aos criptoativos (Imagem: Unsplash/@boris3443)

O que esperar para o futuro?

Criptomoedas são um assunto muito novo. Podemos esperar muitas mudanças e melhorias para o futuro. Podemos até comparar o momento atual das criptomoedas com a Internet em 1994.

Poucas pessoas utilizavam e acreditavam na tecnologia. Ninguém sabia o que viria pela frente, mas alguns poucos entusiastas acreditaram e apostaram. Pessoas como Bill Gates, da Microsoft, e Larry Page, da Google, hoje colhem os frutos do seu trabalho.

Podemos até tentar imaginar coisas como o parcelamento de compras utilizando contratos inteligentes na rede da Ethereum, ou ainda a realização de transferência de títulos de posse pela criação de tokens virtuais, representando um dado ativo no mundo real, que podem representar ações, títulos de propriedade e qualquer coisa que possa ser tokenizada.

Mas a realidade é que, provavelmente, não vamos chegar nem perto de “adivinhar” as inovações e soluções de pagamentos com criptomoedas do futuro. Seria como tentar imaginar serviços como Uber em 1994, quando nem a Google existia.

Apesar de ainda ter um longo caminho pela frente, o uso do pagamento com criptomoedas será, em alguns anos, o provável meio de pagamento mais utilizado em nosso dia a dia.

Hoje, ainda estamos nos primeiros passos, mas a comodidade, segurança e economia que as criptomoedas oferecem são um ótimo incentivo para o uso. 

No futuro, não será difícil você comprar, pelo seu celular, títulos de um fundo de investimentos na Europa, enviar parte dos seus lucros obtidos para sua família em outro estado e comprar sua comida sem cartão de crédito, apenas com seu smartphone. Tudo isso graças aos benefícios que os pagamentos com criptomoedas trarão.

Lorenzo Frazzon atua no mercado financeiro desde 2007, atendendo investidores de alta renda e detém R$ 100 milhões em ativos sob consultoria desses clientes. É economista, possui mestrado em Engenharia e é Analista de Investimentos Regulamentado (CNPI), além de ser estrategista-chefe e Fundador da Investtor.

Fundador da Investtor
Atua no mercado financeiro desde 2007, atendendo investidores de alta renda e detém R$ 100 milhões em ativos sob consultoria desses clientes. É economista, possui mestrado em Engenharia e é Analista de Investimentos Regulamentado (CNPI), além de ser estrategista-chefe e Fundador da Investtor.
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