Política

Lula diz que é “terrorismo” deputado “lamber botas” de Trump e pedir sanções contra o Brasil

03 jun 2025, 18:53 - atualizado em 03 jun 2025, 19:14
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(Foto: Reuters/Adriano Machado)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (3) que considera “terrorismo” a atuação de um parlamentar licenciado que está nos Estados Unidos “lambendo as botas” do presidente Donald Trump e pedindo medidas contra o Brasil, e afirmou que o Brasil vai defender o ministro Alexandre de Moraes e o Supremo Tribunal Federal (STF) de medidas ameaçadas pelos EUA.

“O que é lamentável é que um deputado brasileiro, filho do ex-presidente, está lá a convocar os Estados Unidos a se meter na política interna do Brasil… Isso que é uma prática terrorista”, disse Lula em entrevista coletiva no Palácio do Planalto sobre o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, ainda que sem mencioná-lo pelo nome.

“O cidadão que é deputado, renuncia ao seu mandato, pede licença do seu mandato para ir ficar tentando lamber as botas do Trump e de assessor do Trump pedindo intervenção na política brasileira”, acrescentou Lula.

Eduardo Bolsonaro pediu licença do mandato parlamentar e se mudou para os Estados Unidos, onde tem feito lobby junto ao governo Trump por sanções ao Brasil e, em especial, a Moraes e ao STF. Recentemente, o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, declarou que existe uma alta probabilidade de o ministro sofrer sanções dos EUA.

Na semana passada, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu, e Moraes acatou, a abertura de um inquérito contra Eduardo para investigar o deputado licenciado pelos possíveis crimes de coação no curso do processo, obstrução de investigação de organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

De acordo com a PGR, ele reiteradamente tem feito declarações públicas e postagens em redes sociais em que afirma estar atuando para que o governo norte-americano imponha sanções a ministros do STF e a integrantes da PGR e da Polícia Federal, o que teria “caráter intimidatório” e tenta influenciar o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF por tentativa de golpe de Estado.

Moraes é o relator de processos contra Bolsonaro por vários crimes, inclusive a tentativa de golpe de Estado.

Procurado pela Reuters, Eduardo Bolsonaro não respondeu a um pedido de comentário. Questionado em entrevista ao portal UOL sobre as declarações de Lula, ele afirmou: “Não sou lambe-botas do Trump, mas do Brasil não tem como lutar contra o ativismo judicial”. Ele acrescentou que o discurso de Lula é “odioso”.

Defesa do Supremo

Na entrevista coletiva no Planalto, Lula afirmou que o governo brasileiro vai defender não apenas Moraes, mas também a Suprema Corte, e criticou as ameaças do governo Trump.

“É inadmissível que um presidente de qualquer país dê palpite sobre a decisão da Suprema Corte de qualquer outro país. Se você concorda ou não concorda, silencie, porque não é correto dar palpite”, disse.

“Os EUA precisam compreender que respeito à integridade das instituições dos outros países é muito importante. Um país não pode ficar se intrometendo na vida do outro, querendo punir outro país, isso não tem cabimento”.

De acordo com uma fonte ouvida pela Reuters, ainda não foi discutido que tipo de reação o governo pode ter e se há alguma possibilidade prática além de uma resposta política de condenação, caso Moraes de fato seja sancionado pelos EUA.

A revogação do visto norte-americano de Moraes, como os EUA já ameaçaram, é vista como uma medida ruim, mas dentro das prerrogativas do país, disse a fonte. Mas a ameaça de sanções econômicas, como se ventilou, extrapola a boa relação entre os países, acrescentou.

No domingo, Lula já havia criticado o governo dos Estados Unidos pela ameaça de sanções a Moraes e ao STF, depois que o magistrado tomou decisões que atingiram plataformas de mídias sociais norte-americanas.

Ele ordenou, por exemplo, que empresas de mídia social removessem postagens de apoiadores de Bolsonaro que ele considerava ameaças às instituições democráticas, chegando a suspender a plataforma de mídia social X, de Elon Musk, no Brasil até que ela cedesse às suas ordens. Musk e outras plataformas de direita acusaram Moraes de censura.

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A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
reuters@moneytimes.com.br
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