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Lula vai acabar com rali de final de ano do Ibovespa? Meta fiscal preocupa; veja o que dizem 3 analistas

13 nov 2023, 14:50 - atualizado em 13 nov 2023, 14:50
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Eventual mudança na meta fiscal por Lula deve ‘pesar feio’ no Ibovespa, diz analista (Imagem: REUTERS/Carla Carniel)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode acabar com os ânimos do mercado em relação a um eventual rali de final de ano do Ibovespa (IBOV).

Depois do principal índice da B3 ter rompido a marca simbólica dos 120 mil pontos — que não atingia desde agosto de 2023 –, o mercado ficou mais otimista. Analistas gráficos, inclusive, não veem mais pontos de resistência entre o atual patamar e os 123 mil pontos.

Essa tendência traria um gás adicional para o índice, que já dá indícios de um otimismo na primeira quinzena de novembro, acumulando alta de 6,5%.

No entanto, a decisão de Lula sobre o futuro da meta estabelecida pelo arcabouço fiscal, de zerar o déficit público em 2024, pode estremecer o mercado, avaliam analistas.

A expectativa é de que o assunto seja resolvido até quinta-feira (16), prazo que o ministro da Casa Civil, Rui Costa, pediu para o relator do relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, Danilo Fortes.

Para o analista da Escola de Investimentos, Rodrigo Cohen, a revisão “é bem negativa, é péssima”. “Revisar para colocar qualquer tipo de déficit mostra uma ineficiência do governo e da equipe econômica. Mostra uma desconfiança ou uma não confiabilidade do poder de gestão, de corte de custos e de definição de metas”, diz.

Revisão da meta fiscal vai pesar no Ibovespa?

Para Cohen, da Escola de Investimentos, uma eventual mudança da meta fiscal deve “pesar feio”. Segundo ele, nesse cenário, o mercado ficaria pessimista, fazendo com que o Ibovespa caia e o dólar suba.

“Qualquer discurso sobre revisão de meta e, nesse caso, alguma revisão para uma meta deficitária, na minha opinião, não vai ser bom. O mercado não está precificado. Sem dúvida, bolsa cai”, alerta.

O analista ainda vai além e diz que, em um cenário de não cumprimento de meta, o mercado deve ficar “pior”. “Ainda mais depois de discursos que vieram contraditórios de membros do governo, com Lula falando que não tem como cumprir e Haddad tentando corrigir”, reforça.

O analista da Mirae Asset, Carlos Soares, ressalta que, com uma eventual revisão, o mercado passa a atribuir maiores prêmio e risco ao Brasil. Isso porque a leitura é que o governo não consegue endereçar os gastos públicos e passa a se endividar mais.

Já para Gabriel Maringelli, analista da Arton Advisors, o risco de médio e longo prazo para o Ibovespa é justamente o governo não ajustar as contas públicas. “Embora o Ibovespa esteja descontado, a atratividade fica menor frente aos prêmios de risco de juros no longo prazo”, diz.

Maringelli, por outro lado, não acredita que o espaço para um rali no curto prazo seja comprometido. “É possível que o Ibovespa tenha uma recuperação nessa reta final, à medida que os dados de emprego, salário e PIB continuem suavizando nos Estado Unidos”, explica.

Editora-assistente
Editora-assistente no Money Times e graduanda em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Entrou para a área de finanças e investimentos em 2021.
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Editora-assistente no Money Times e graduanda em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Entrou para a área de finanças e investimentos em 2021.
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