Magazine Luiza (MGLU3) opera em alta mesmo após lucro recuar quase 70%; vale comprar ações?
As ações do Magazine Luiza (MGLU3) abriram o pregão desta sexta-feira (7) entre as maiores altas do Ibovespa (IBOV) em reação ao balanço referente ao terceiro trimestre de 2025, divulgado na véspera.
No período, a varejista teve lucro líquido ajustado de R$ 21,2 milhões, uma contração de 69,8% quando comparada aos R$ 70,2 milhões reportados no mesmo período do ano anterior. Apesar do recuo, o resultado da varejista superou projeções reunidas pela Bloomberg, que apontavam um lucro líquido de R$ 4 milhões no período.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado, que mede o desempenho operacional, atingiu R$ 711,4 milhões, um leve recuo de 0,09% ante o terceiro trimestre de 2024. O montante veio acima da estimativa do consenso, de R$ 707 milhões.
Já a margem Ebitda ajustada recuou 0,1 ponto percentual, atingindo 7,9% no terceiro trimestre deste ano, com estabilidade na comparação anual.
Por volta de 11h05 (horário de Brasília), as ações MGLU3 subiam 2%, a R$ 8,15. Mais cedo, o avanço superou os 5%. Acompanhe o tempo real.
O que dizem os analistas
Na visão do BTG Pactual, apesar do foco da companhia em rentabilidade, ainda existem desafios de crescimento devido aos juros altos, competição acirrada no e-commerce e categorias mais cíclicas.
O banco avalia os resultados do terceiro trimestre do ano como fracos, com queda nas vendas online e desaceleração no varejo físico.
Em lojas físicas, as vendas totalizaram R$ 4,7 bilhões no trimestre, um avanço de 5% em comparação com o 3T24. Por outro lado, o e-commerce total registrou R$ 10,4 bilhões em vendas, uma redução de 5,8% em relação ao mesmo período do ano anterior, sendo que as vendas online com estoque próprio (1P) somaram R$ 6,4 bilhões.
O relatório de resultados mostra que, no marketplace (3P), as vendas totalizaram R$ 3,9 bilhões e representaram 38% do e-commerce total.
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O JP Morgan também classifica o trimestre como fraco no geral, reconhecendo o foco da companhia na rentabilidade e no fluxo de caixa. O banco mantém o Magazine Luiza sob avaliação.
“Um forte foco em despesas e uma margem bruta estável sustentaram uma margem Ebitda estável, já que o foco é no fluxo de caixa. De acordo com nossas estimativas, houve uma geração de caixa de aproximadamente R$ 380 milhões no 3T25 em relação ao trimestre, ante uma geração de aproximadamente R$ 200 milhões na base dos últimos doze meses”, pontuam os analistas.
No geral, o JP Morgan esperava uma reação negativa no preço das ações, dadas as fracas tendências de crescimento, mesmo diante da melhoria do fluxo de caixa. O banco mantém a classificação Underweight (equivalente à venda) para MGLU3.
Resultados decepcionaram?
Para a XP Investimentos, o Magazine Luiza reportou resultados mistos, com demanda mais fraca em um cenário macroeconômico desafiador, compensada por melhores tendências de margem bruta, levando o Ebitda a ficar em linha com as estimativas da casa.
A equipe de analistas pondera que o cenário competitivo mais acirrado no e-commerce pode ser um fator adicional de pressão para as vendas online da empresa, enquanto o canal físico manteve um crescimento razoável.
“Embora valorizemos a disciplina do Magalu em custos e capital de giro, acreditamos que a dinâmica desafiadora da receita pode persistir, especialmente com as recentes notícias sobre a fusão Casas Bahia e Mercado Livre trazendo riscos adicionais, mantendo nossa recomendação Neutra“, dizem os analistas da casa.
A Genial Investimentos endossa o coro de um trimestre com números fracos, principalmente para uma tese que, na essência, ainda é de crescimento. A recomendação da casa é de Manter.
“A companhia não está destruindo valor na operação, já que preserva margens e eficiência, mas também não consegue transformar essa disciplina em aceleração de GMV (volume bruto de mercadorias)”, avalia a Genial.
Em um cenário de juros a 15% e competição intensa no online, o resultado é um modelo de negócios que segue rodando com crescimento travado e lucro sensível ao custo de capital, dizem os analistas.
O Safra considera os resultados como neutros, tendo em vista que o lucro ficou em linha com as estimativas do banco e, embora a geração de caixa tenha permanecido positiva, foi interior à do trimestre anterior.
“As difíceis condições macroeconômicas de curto prazo reforçam nossa postura cautelosa em relação ao Magazine Luiza (e ao setor em geral), daí a classificação Neutra”, dizem os analistas do banco.
O que fazer com as ações do Magazine Luiza?
Entre analistas de diferentes bancos e corretoras, há divergência no que fazer com as ações do Magazine Luiza. Confira as indicações e preços-alvo de cinco deles após a divulgação do balanço do terceiro trimestre deste ano.
| Banco/Corretora | Recomendação | Preço-alvo |
|---|---|---|
| BTG Pactual | Compra | R$ 14 |
| JP Morgan | Underweight | — |
| XP Investimentos | Neutra | — |
| Genial Investimentos | Neutra | R$ 8,50 |
| Safra | Neutra | R$ 12 |