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Magazine Luiza: O que esperar da ação que liderou as quedas do Ibovespa em 2021?

24 dez 2021, 7:32 - atualizado em 24 dez 2021, 10:02
Magazine Luiza
“Benefício da dúvida”: para parte do mercado, tombo das ações da Magalu foi exagerado (Imagem: Money Times/ Gustavo Kahil)

Maior queda do Ibovespa neste ano ao menos até 8 de dezembro, com uma baixa de cerca de 70%, o Magazine Luiza (MGLU3) deve ter um 2022 com resultado longe da disparada de vendas registrada desde a pandemia, avaliam especialistas consultados pelo Money Times.

O BTG Pactual, por exemplo, listou em relatório recente alguns dos obstáculos à frente da varejista, como a concorrência do setor e uma base de comparação “difícil” em relação ao forte crescimento registrado em 2020.

Soma-se ainda o cenário macroeconômico, com taxa básica de juros crescente, inflação elevada e crescimento do PIB quase zero, conforme projeções do mercado para o próximo ano — são fatores que os investidores têm tentando precificar; daí a queda expressiva dos papéis.

“A demanda pode ser mais fraca e a concorrência deve continuar bastante acirrada”, resumiu a XP Investimentos em outro relatório.

A corretora disse que os produtos eletrônicos e de linha branca, que são categorias-chave para o e-commerce, tendem a ser mais cíclicos devido ao tíquete médio mais alto.

A hipótese da XP, e de parte do mercado, é de que a demanda dos consumidores por essas categorias tenha sido de certa forma antecipada durante a pandemia.

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O que diz a ponta compradora

Um gestor que prefere não ser identificado vê a queda dos papéis como exagerada. Ele lembra que o Magazine Luiza cresceu 120% no ano passado e comenta que, por mais que o ritmo tenha desacelerado em 2021, é legítimo “dar o benefício da dúvida” para a companhia.

“Em momentos de estresse, as pessoas esquecem do que foi a execução da empresa, da história da companhia”, sublinha. Ele destaca que a varejista saiu de 6% de participação de mercado no e-commerce em janeiro de 2017, para os atuais 17%.

“Se a gente olhar numa janela de três ou quatro anos, é a companhia que mais cresceu”, afirma.

O gestor acrescenta que tem uma visão “construtiva” inclusive sobre a disputa com outros players, um fator que preocupa o mercado. “A Via (VIIA3) está numa situação muito mais delicada”, diz.

Para ele, o endividamento da dona da Casas Bahia poderia impedir o crescimento da companhia, abrindo espaço para o Magazine Luiza avançar sobre a fatia de mercado detida pela empresa.

Mas e as ações?

O mesmo gestor diz que a casa em que ele atua não aumentou a exposição à ação do Magazine Luiza, mas afirma que começa a ficar “entusiasmado com os atuais níveis de preço”.

“Olhando para frente, tem o auxílio do governo, a inflação deve começar a desacelerar, tem Copa do Mundo — que pode tracionar as vendas — e a base de comparação começa a ficar melhor”, comenta.

Ao Money Times, o gestor de renda variável da ARX, Alexandre Sant’Anna, explica que as eleições também podem ajudar o varejo. Isto acontecerá, se o vencedor em outubro de 2022 tiver um claro discurso responsabilidade fiscal, beneficiando ações de setores ligados à economia real, como varejo e consumo — como é o caso de Magazine Luiza.

Os bancos de investimento avaliam que o cenário macroeconômico melhor e os fundamentos da empresa, considerada uma “vencedora” do setor, podem fazer o valor da ação crescer em até três vezes até o final do próximo ano.

A XP, por exemplo, tem preço-alvo de R$ 18 para o papel da varejista, com recomendação “neutra”, e o BTG Pactual cita potencial de R$ 16, com classificação “compra”.

As avaliações mais recentes representam um reajuste para baixo das estimativas, em um momento em que ação do Magazine Luiza é cotada na faixa dos R$ 6.

Editor
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.
kaype.abreu@moneytimes.com.br
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.