Comprar ou vender?

Magazine Luiza traz “efeito Amazon” para setor de Centauro, Dafiti e Arezzo

30 abr 2019, 16:08 - atualizado em 30 abr 2019, 19:28
A compra pode gerar sinergias de R$ 95 milhões, equivalente a quase 6 pontos percentuais de margem para a Netshoes

O “padrão” Magazine Luiza (MGLU3) pode levar a Netshoes, recém-adquirida por US$ 62 milhões, para um nível elevado de concorrência no segmento de calçados esportivos e roupas.

Mais rápida e eficiente do que os competidores, o efeito de sua entrada ameaça varejistas tradicionais como Centauro (CNTO3), Dafiti, World TennisGrendene (GRND3), Vulcabrás (VULC3) e Arezzo (ARZZ3).

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Segundo cinco analistas consultados pelo Money Times, a aquisição da varejista foi estratégica.

Apesar de ser o segundo maior varejista de itens esportivos no Brasil, o valor do acordo com a Netshoes representa apenas 0,7% do valor de mercado da Magazine Luiza, ou 11% em receitas adicionais para a empresa. Mesmo pequena, a compra pode gerar sinergias de R$ 95 milhões, equivalente a quase 6 pontos percentuais de margem para a Netshoes. Os cálculos são do Bradesco BBI.

“Juntou-se o útil ao eficiente, uma empresa que possuía uma boa plataforma online de vendas, mas com fraca capacidade de gestão de custos (Netshoes), com uma empresa forte em lojas físicas, em distribuição, boa integração entre os diversos omnichannel ( canais de vendas físicos e digitais ), e sem uma presença no setor de moda e vestuário que era Magazine Luiza”, lembra a equipe de análise da Upside Investor.

A expertise em logística do Magazine Luiza pode ajudar na melhora da experiência do usuário da Netshoes

Efeito Amazon e Magalu

A consultoria lembra que, por trás desta transação, o que se observa, é uma nova realidade estratégica para as empresas de varejo brasileiras, após a entrada do site da Amazon e do seu centro de distribuição no Brasil. “As empresas locais se viram obrigadas a reagir mais rápido para não perderem a guerra do ‘novo varejo digital’. Foi o que Magazine Luiza fez, reagiu rapidamente”, observa.

Com isso, as tradicionais fornecedores da cadeia de calçados  ficam sobre pressão também com o aumento do poder de barganha de Netshoes e Magazine Luiza.

O Itaú BBA pontua que, por meio da Netshoes, a Magalu poderá participar do aumento da penetração de vendas on-line por meio de uma marca bem conhecida.

O movimento também abre espaço para a sua entrada estratégica em vestuário, pois ajudaria a empresa a atingir sua meta de aumentar a frequência de compra dos clientes. A Netshoes possui a Zattini, que oferta roupas de várias marcas conhecidas.

Downloads do App (em milhares) | Usuários Ativos por Dia (em milhares) | Tráfego do Website (milhões de visitas)
Fonte: Similar Web / Elaboração Itaú BBA

Atendimento e escala

“Um dos principais desafios para os mercados em geral é atrair marcas e vendedores em suas plataformas, já que esses participantes não querem prejudicar a experiência de branding nem ter que lidar com constantes remarcações”, aponta o BTG Pactual.

Neste sentido, desenvolver a partir do zero sua própria unidade de negócios focada em artigos esportivos seria possível, mas o custo crescente de aquisição de clientes (CAC) limitaria a rentabilidade dessa estratégia.

“Assim, a aquisição da Netshoes, que ainda tem uma forte percepção de marca no Brasil, significa acelerar a penetração em uma vertical diferente, alinhada à estratégia da empresa de ter um amplo sortimento e tráfego em seu site (dois dos pilares para ter sucesso no e-commerce , em nossa visão)”, indica um relatório publicado pelo banco.

Por fim, a expertise em logística do Magazine Luiza pode ajudar na melhora da experiência do usuário da Netshoes, além de reduzir os custos de envio.

De acordo com os dados do ReclameAqui citados pelo Itaú BBA, a Netshoes tem falhado em atender adequadamente seus consumidores ou ignorado as reclamações por meio dessa plataforma (a classificação de consumo da Netshoes foi de 3 nos últimos seis meses versus Magazine Luiza de 7,1).

Fundador do Money Times | Editor
Fundador do Money Times. Antes, foi repórter de O Financista, Editor e colunista de Exame.com, repórter do Brasil Econômico, Invest News e InfoMoney.
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