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Maior mérito do Pão de Açúcar foi crescer, sem depender do coronavírus

22 abr 2020, 14:41 - atualizado em 22 abr 2020, 14:41
Sem contar com a sorte: Grupo Pão de Açúcar se preparou para crescer, segundo analistas (Imagem: Wikimedia Commons)

O maior mérito do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), no primeiro trimestre, foi fazer sua lição de casa e melhorar o desempenho, independentemente da eclosão da pandemia de coronavírus, que levou os consumidores a demandar mais artigos de primeira necessidade, e menos supérfluos e compras discricionárias.

Esta é a avaliação dos primeiros relatórios divulgados sobre os números da companhia, que publicou sua prévia de resultados na manhã desta quarta-feira (22).

Pedro Fagundes, que assina a análise da XP Investimentos, afirma que a melhora foi mais notada nos números do Extra Hiper, a bandeira de hipermercados do grupo.

Na comparação do primeiro trimestre com o mesmo período do ano passado, as vendas no conceito “mesmas lojas” (aquelas em operação há, pelo menos, 12 meses) praticamente se estabilizaram, com leve queda de 0,02%.

Segundo a XP, o feito é notável, quando se considera que a mesma comparação revelou uma queda de 4,8% no último trimestre de 2019. A gestora manteve sua recomendação de compra para os papéis, com preço-alvo de R$ 100.

Resistência

O BB Investimentos também afirma que os bons resultados do Pão de Açúcar não se devem apenas ao aumento das vendas, causado pelo coronavírus. Georgia Jorge, que assina a análise, recorda que, ao excluir o impacto do coronavírus, as vendas no critério “mesmas lojas” subiram 4,3% na comparação anual.

Preparado: maturação dos investimentos na rede Assaí rende frutos para o GPA (Imagem: Gustavo Kahil/ Money Times)

Segundo a analista, trata-se de um resultado “positivo”, diante da expectativa de que o fechamento de bares e restaurante acarretaria queda de vendas na bandeira Assaí, de atacarejo. Para surpresa do BB Investimentos, o resultado ficou 10,7% acima da estimativa.

“Isso nos mostrou a resiliência que esse modelo de negócios tem, mesmo frente à pandemia”, afirma Georgia. A recomendação da gestora do Banco do Brasil é de outperform, isto é, desempenho esperado acima da média do mercado, com preço-alvo de R$ 73,90.

Refúgio seguro

O BTG Pactual também manteve sua indicação de compra das ações, com preço-alvo de R$ 99. Luiz Guanais e Gabriel Savi, autores do relatório, afirmam que o Pão de Açúcar “é o refúgio mais seguro do setor de varejo no curto prazo”.

Embora os números tenham ficado dentro de suas estimativas, o banco acrescenta que enxerga uma “tendência positiva para o Pão de Açúcar no curto prazo”.

Além de se beneficiar com o maior fluxo de consumidores em busca de produtos básicos, devido ao coronavírus, a companhia deve colher os frutos das medidas adotadas nos últimos meses. Entre elas, a conversão de hipermercados em lojas do tipo atacarejo.

Victor Saragiotto e Pedro Pinto, que assinam o relatório do Credit Suisse, declaram-se “otimistas” com os papeis, devido à maturação dos investimentos na bandeira Assaí, de atacado, e ao impacto do coronavírus na maior demanda por produtos básicos.

O preço-alvo das ações, para o Credit Suisse, é de R$ 112, com recomendação de outperform.

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
marcio.juliboni@moneytimes.com.br
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.