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Índia rouba mercado do açúcar brasileiro, porque sabe negociar acordos

18 dez 2019, 8:31 - atualizado em 18 dez 2019, 13:54
Colhedor de cana indiano, geralmente de pequenas plantações, no andamento da safra atual (Imagem: REUTERS/Amit Dave)

A informação de que a Índia está vendendo mais açúcar devido a melhores preços internacionais, atribuída pela Reuters a agentes locais, não está totalmente correta. Exportando mais é verdade, mas não tanto por melhores preços.

A commodity saiu da zona dos 12.50 centavos de dólar por libra-peso há cerca de 40 dias, mas não se sustenta nem em 13.50 c/lp na ICE Futures em Nova York. Diante de duas safras, no mínimo, de cotações deprimidas, a defasagem não é nem coberta pelos subsídios que o governo do país oferece para os exportadores. São mais de US$ 145 por tonelada.

A Índia acentua sua presença de maior vendedor global porque entrou na safra 19/20, iniciada em outubro, reforçando acordos bilaterais. As usinas indianas têm acesso vantajoso à China, que já era sua principal importadora, e com o Irã, conforme Money Times destacou em 21 de agosto – 1,5 mês antes da safra começar – e depois em 16 de outubro.

Aí, sim, é que funciona o subsídio oferecido aos produtores, que inclui na produção também.

O trader Rahil Shaikh, da Meir Commodities India, e um executivo industrial do país, ouvidos pela Reuters ontem (17), acrescentaram que os preços melhores do açúcar farão o país injetar até 5 milhões de toneladas no mercado internacional ao logo da temporada. No que seria um avanço de 1/3 sobre a anterior, segundo eles.

Cerca de 2 milhões/t viriam de “negócios fechados”, conforme a agência.

Mas com a safra ainda iniciando, e de forma lenta, o que seria a sustentação da alta acima dos 13 c/lp, os embarques podem ser ainda maiores ao final. Até 6 milhões/t, sendo que perto de 3 milhões/t iriam só para a China, como então analisou Maurício Muruci, da Safras & Mercado.

A Índia desloca compras que poderiam ser direcionadas ao Brasil, Tailândia e Austrália.

Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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